Carta aberta das FARC-EP ao Primeiro-ministro da Espanha

Excelentíssimo Senhor José Luís Rodríguez Zapatero Presidente do Governo Espanhol. Madri.

Excelentíssimo Senhor:

Apresentamos-lhe a saudação revolucionária e patriótica das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo –FARC-EP- e lhe expressamos nossas felicitações por sua ascensão à Chefatura Máxima do Estado e do Governo Espanhol. Sem dúvida que o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e o povo de Espanha em geral, nas passadas eleições, deram uma formidável mostra de dignidade e de alta consciência política que está em plena consonância com o sentir majoritário dos povos do mundo, consistente na rejeição contundente às políticas e decisões que em nome do Estado tome mandatário algum, sem ter em conta a opinião e o sentir das maiorias de uma Nação. Grande lição lhe deu o povo espanhol ao Mundo. Felicitações.

Os povos estão levantando as bandeiras da independência, da liberdade, do direito à autodeterminação, do direito a ser respeitados como Nação soberana. Aí está a força motriz das mobilizações que tiveram lugar em todo o mundo rejeitando a invasão a Iraque encabeçada pelo Governo dos Estados Unidos. Aí está a razão da rejeição às “mentiras”, convertidas em recurso infame do qual lançam mão chefes de Estados e de Governos, para justificar o injustificável ante o Mundo e ante a História.

Expressamos-lhe nossa confiança em que o Mandato recebido de mãos do Povo Espanhol será convertido num esforço profundo que sintonize não com os clarines de guerra de uns poucos, senão com as trombetas que pregam a paz que o Mundo deseja e espera de seus Governantes. É hora das grandes definições a favor da Paz com Justiça Social e em contra da guerra. O mundo não precisa de mais guerra terrorista do grande contra o pequeno, senão de ações concretas que beneficiem a bilhões de pessoas que padecem tantas necessidades. É hora de implantar não com armas senão com vontade política a guerra contra a pobreza, contra o analfabetismo, contra a miséria, contra a fome, contra as doenças e não a guerra terrorista dos Estados contra os pobres, contra os miseráveis e contra os que padecem desnudes. Não se constroem povos destruindo sem razão as pessoas que lutam por chegar a viver dignamente. Esse é o sentir majoritário dos povos do Mundo.

Por isso nada tão contrário à busca da Paz com Justiça Social em Colômbia que a política de guerra total do atual Governo, plasmada na chamada Segurança Democrática e no Estatuto Antiterrorista, em desenvolvimento do Plano Colômbia, cujo principal gestor é o Governo dos Estados Unidos de América. Seu objetivo consiste em avalancar a política neoliberal, de por sim destinada ao fracasso e criar as condições para ser anexados através do ALCA, em contra da vontade majoritária dos colombianos. Para tampar esta verdade, seguindo o mau exemplo de outros, mentem, o Presidente, os Altos Comandos do Exército e da Polícia, são manipuladas as cifras econômicas, as pesquisas, se desconhece a vontade política do povo manifesta nas urnas etc.

Isto é conhecido pela Comunidade Internacional. De aí as vozes em contra, os protestos, os reclamos, mais do que justos, feitos a Uribe Vélez na recente visita ao Parlamento Europeu. Se de por se, as políticas de guerra do atual Governo são um desaforo, o é, também, qualquer forma de colaboração destinada a respaldar essas políticas, vinda de onde vier. Dizemos isto baseados no direito à autodeterminação dos povos. De nossa parte nenhuma colaboração será bem-vinda se é para apoiar a política de Terrorismo de Estado, vale dizer, a política do Presidente paramilitar como gosta Álvaro Uribe Vélez ser chamado.

A estrutura política-militar atingida durante 40 anos de luta nos converteu numa alternativa real de poder. Somos de fato Força Beligerante e de nossas bandeiras nunca desaparecerá a vontade de lutar pela Paz com Justiça Social, persistindo sempre no caminho que seja menos doloroso para nosso povo. Por isso mantemos nossa disposição a sentar-nos a dialogar para abrir os caminhos que nos levem à Paz estável e duradoura, que resolva de uma vez por todas as causas da confrontação que leva já mais de médio século. Igualmente estamos abertos a procurar a Troca de prisioneiros e sobretudo a trabalhar com todas nossas energias por fazer realidade nossa Proposta de um Novo Governo Pluralista, Patriótico e Democrático para a paz, visando reconstrução soberana da Nação.

Como o Mundo sabe de nossa existência e de nossa luta pela Paz com Justiça Social, é responsabilidade nossa abrir e consolidar relações com os Governos e Povos que expressem igual interesse, sobre a base do direito à livre autodeterminação dos povos. Nessa tarefa estamos e de aí o motivo desta carta.

Com os maiores desejos de saúde e sucessos.

Atenciosamente,

COMISSÃO INTERNACIONAL DAS FARC-EP- Montanhas de Colômbia, abril 10 de 2004. Para contato: [email protected]

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