Cimeira das Américas: América latina se mantém firme

Os EUA entraram nesta cimeira com uma posição habitual de altivez e arrogância. Para começar, não se convidou Cuba e George Bush não desperdiçou tempo em criticar o governo de Fidel Castro. Esqueceu-se de mencionar Guantanamo, o campo de concentração à Auschwitz gerido por Washington em terras alheias.

Este ataque contra Cuba estabeleceu o tom da cimeira. Vários países Latino-americanos demonstraram que não concordavam com essa posição, dado as suas relações excelentes com Havana. Estas nações, cujos cidadãos estão livres para escolher se querem ou não visitar Cuba (ao contrário dos cidadãos norte-americanos), gozam dum espírito colectivo de cooperação e benefícios mútuos, um vocabulário que não existe no abecedário de Washington, que é reduzido a quatro palavras: arrogância, beligerância, chauvinismo e demagogia.

Washington envenenou ainda o ambiente pela tentativa de insistir na inclusão no documento final nesta cimeira do acordo que conclui as negociações da ALCA até 1 de Janeiro de 2005, uma tentativa de fazer aceitar as suas políticas pela força e não pelo diálogo. A resposta: um rotundo Não! Brasil e Venezuela lideraram o contingente de 34 nações da América latina no levantamento de dúvidas sérias quanto ao modelo escolhido por Washington para a ALCA e sobre a noção que este modelo irá alguma vez eliminar a pobreza e trazer prosperidade à região.

Presidente Hugo Chavez da Venezuela pediu uma “nova arquitectura moral” que “favorece os mais fracos” enquanto Alejandro Toledo do Peru lembrou ao Washington que deve respeitar as políticas de livre comércio que prega (mas não pratica), criticando ainda a recusa por Washington de baixar os subsídios no setor da agricultura.

Presidente Lula, do Brasil, criticou as “políticas rígidas e inflexíveis” favorecidas por Washington, apoiando uma perspectiva de flexibilidade e respeito pelos direitos nacionais. “Não há democracia política sem democracia económica e social”, declarou Lula.

Acrescentou que “Muitos conflitos e tensões atuais decorrem da ordem internacional em que a distribuição de riqueza mundial é injusta e falta oportunidade para os países pobres se desenvolverem”.

Pois, enquanto Washington prega uma política na Organização Mundial do Comércio e depois pratica outra, impondo tarifas, quotas e subsídios, praticando uma política proteccionista e isolacionista, enquanto se proclama como o campeão do comércio livre, que traz a prosperidade para o mundo.

Para o mundo? Ou para Washington?

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter

Author`s name Pravda.Ru Jornal
X