Eleições parciais no Iraque

Só vai haver eleições, afinal, em parte do Iraque, no dia 30 de Janeiro. Pelo menos George Bush é consistente. Depois de mais uma eleição nos EUA que deixa tudo a desejar, Washington agora dá o aval para uma eleição parcial no Iraque.

Dois anos depois, a guerra de Washington contra o Iraque tem tido tanto êxito que cidadãos em algumas regiões do país não poderão votar no final do mês porque a situação continua tão precária. Eis a liberdade e democracia, ganhar corações e mentes prometido ao mundo há dois anos, quando o povo do Iraque iria dar as boas-vindas aos norte-americanos com braços abertos.

Alguns o fizeram. Qual foi a reacção? Violar mulheres, chacinar os homens, torturar os presos e enfiar os canos de armas de fogo nas caras de rapazes de seis anos, enfim, um ato de tamanha arrogância numa terra alheira à cultura, ou falta dela, dos EUA, tão alheia de facto que Washington nunca entendeu que Saddam Hussein e o partido Ba’ath era o ponto de equilíbrio, por sua vez criado por Washington.

Remover este seria criar a anarquia, foi essa a mensagem nesta página da PRAVDA.Ru há dois anos e dois anos mais tarde, Washington quer continuar a caminhar como o cego que não vê o rio a frente, dando o aval a uma eleição que não vai ser representativo de todos os cidadãos do Iraque por causa da instabilidade em algumas áreas.

“Insurgentes” 1 – Washington 0. (Ou será “Lutadores pela Liberdade” 1 – Terroristas 0?)

Iyad Allawi, Primeiro-ministro do Iraque, tenta apresentar um cenário positivo, dizendo que as regiões onde não haverá votação “não são grandes”.

Que maravilha! Talvez os cidadãos que vivem nestas zonas regozijarão, enquanto os Shia protegidos vão votar (depois de terem sido deixados a morrer por Bush sénior) e assim criar um casus belli para os Sunni que nunca tiveram o direito à palavra. Uma belíssima maneira de começar a liberdade e democracia no Iraque, deixando uma porção da população votar, enquanto se admite que a campanha militar tinha tanto êxito que outras regiões estão fora de controlo. Dois anos depois?

Estudar a lista das vítimas no Iraque desde o dia 1 de Janeiro de 2005 nos dá uma amostra real daquilo que está a acontecer: em 2005, nada menos que 117 iraquianos e 12 “tropas militares” norte-americanos, como George Bush gosta de dizer, perderam suas vidas em nome de liberdade e democracia, ou terá sido choque e pavor?

O legado de Bush…e votaram nele por mais quatro anos…

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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