Afeganistão e Iraque - os dois calcanhares de Achilles de Washington

Um relatório publicado na semana passada pela ONU afirma que irá ser impossível completar o processo de registo para as eleições legislativas no Afeganistão, dois anos após a Loya Jirga, como foi estipulado na Conferência de Bona, devido à falta de segurança no país.

“É quase impossível conseguir o processo até Junho, com as condições actuais de segurança que não permitem que as equipas de registo percorram o país”, disse Manoel de Almeida e Silva, da Missão de Assistência da ONU no Afeganistão.

Esta opinião foi apoiada por Kofi Annan, que descreveu os 270 000 registos, dum total de 10 milhões, como “demasiado baixo” para satisfazer os objectivos traçados. O Secretário-geral da ONU admitiu que “Acesso directo de até 10 milhões de votantes elegíveis e falta de acesso devido a insegurança resultarão numa situação em que os votantes não possam votar”.

Sendo esse o caso, é claro que a jurisdição da OTAN, tal como aquela das forças armadas soviéticas nos anos 1980, limite-se às cidades e não penetra nas zonas mais montanhosas, onde milhares de Talebã e senhores de droga continuam a circular a vontade.

Son o Acordo de Bona, 2001, declarou-se que haveria uma eleição dentro de dois anos após a Loya Jirga de Junho de 2002. Quando nem 5% dos votantes foram registados a 5 meses da data limite, resta a noção que a invasão de Washington e a gerência da paz da OTAN foram tudo menos um sucesso.

Tendo aberto uma segunda frente no Iraque, que corre desastrosamente mal, Washington encara a hipótese cada vez mais provável dum conflito armado com forças que nem entende, nem quer encontrar para diálogo.

Dum ponto de vista sociológico, a implantação de regimes amigáveis a Washington numa área geográfica alheia faz tanto sentido como abrir um jardim de infância em Marte.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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