VENEZUELA: Oposição reconhece esterilidade da greve

DOIS meses depois do começo das ações para derrubar o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a oposição dessa nação emitiu, na noite de domingo, 2 de fevereiro, um comunicado oficial, onde anunciou o fim da chamada greve, insistindo também noutras ações antigovernamentais, entre as quais, apostar por um novo processo eleitoral em meados de 2003.

A aliança opositora Coordenada Democrática (CD) reconheceu a esterilidade das jornadas, pois estas não provocaram a saída do presidente antes do fim de seu período de governo, previsto para maio deste ano.

Segundo informações das várias agências de notícias do mundo, Caracas, capital nacional e eixo da polêmica, voltava a ver abertos na manhã da segunda-feira, dia 3, uma parte dos comércios, bancos e instituições privadas do ensino primário e de segundo grau.

Froilán Barrios, membro da diretoria da Confederação dos Trabalhadores da Venezuela (CTV) — co-autora da greve junto da CD — disse à AP que «é justificativo que os empresários façam questão de retornar a seus negócios, após dois meses de greve», embora assinalasse que trabalharão com horários diminuídos, considerando que isso faz parte da nova estratégia anti-Chávez.

Contudo, toda a atenção tanto dentro da Venezuela quanto para lá de suas fronteiras, se centrou em avaliar o desempenho da exploração petroleira, em face da última crise gerada a partir das ações de sabotagem da oposição no principal setor produtivo do país, quinto na exportação mundial de petróleo.

MEDIDAS PARA A NORMALIZAÇÃO DO MERCADO INTERNO

O gerente de Assuntos Públicos da corporação Petróleos da Venezuela (Pdvsa), Rafael Gómez, confirmou à Prensa Latina que serão importados 12 milhões de barris de gasolina durante o mês de fevereiro, a fim de restabelecer, gradativamente, o fornecimento ao mercado interno.

Além do mais, informou-se que a Pdvsa anda pelo «caminho certo, avançando na produção das refinarias da empresa, com o qual esta importação satisfará mais de 50 dias de consumo regular, para constituir, como disse Gómez, «um duro golpe aos estelionatários que abrangem tudo atualmente para vendê-lo a preços superiores.

Trinidad e Tobago e outros países do Caribe, bem como a Arábia Saudita e os Estados Unidos aparecem, disse o funcionário, entre os eventuais provedores.

Um relatório recente da Pdvsa reflete a perda de mais de US$ 1,35 bilhão, devido à paralisação de suas atividades desde 2 de dezembro passado.

As agências AFP e Efe difundiram a opinião dos executivos atuais da Pdvsa de que as refinarias sob seu olhar voltarão a produzir com os mesmos indicadores anteriores à crise e para isso contam com o respaldo da maioria de seus trabalhadores.

Por seu lado, Chávez em sua intervenção de domingo, 3 de fevereiro, considerou como uma vitória popular «a reativação da Pdvsa que aumentou sua produção a 1,8 milhão de barris diários de petróleo». «Enfrentamos e vencemos um plano terrorista e golpista de sabotagem, mas a indústria petroleira hoje está nas mãos do povo mais do que nunca antes». Comentou a seguir que «avançamos mais em dois meses do que em quatro anos».

OUTRAS AÇÕES ESTRATÉGICAS GOVERNAMENTAIS

Do Palácio de Miraflores, Chávez dirigiu-se à nação através dos microfones da rádio e televisão de Alô Presidente. Ratificou a decisão de empreender uma ofensiva estratégica em tópicos fundamentais da política interna, econômica, jurídica, internacional e das comunicações.

«Consolidaremos e aceleraremos a evolução do processo nos diversos setores da vida nacional para encarar o terrorismo e o fascismo e defender assim a paz, a democracia e a unidade nacional», enfatizou o presidente.

A nova cotação do bolívar para o dólar, que entrou em vigor na Venezuela em 5 de fevereiro, será, na opinião de Chávez, uma maneira de pôr termo à proibição de comercialização de divisas, medida adotada para frear a fuga ao Exterior.

Na opinião do atual executivo, tal situação foi propiciada por aqueles que «tentam desestabilizar o sistema financeiro nacional». Consoantemente com o panorama financeiro, salientou a Notimex, o governo venezuelano está pronto para fazer cumprir a lei constitucional dos bancos de investirem parte de suas verbas destinadas a créditos no setor agrícola e para reafirmar o papel do Estado na distribuição das divisas às empresas nacionais para importações e pagamentos, preferentemente àquelas que favorecerem o desenvolvimento econômico.

ANO DA OFENSIVA REVOLUCIONÁRIA

Ao discursar no início deste mês, o líder do governo bolivariano venezuelano qualificou de «ótima a declaração do Grupo de Países Amigos da Venezuela que exigem uma saída à crise política no contexto da Constituição», confirmou a ANSA.

Do mesmo jeito, no mencionado programa Alô Presidente, Chávez achou semelhanças entre as posições estrangeiras e as estatais, pois, acrescentou: «Nós exigimos que, como primeiro item para qualquer país que desejar ajudar a Venezuela, é preciso que reconheça que cá há um governo legítimo».

Assinalou mais em diante: «Nenhum desses países aceita que o presidente da República seja desrespeitado, ou pretendam ignorar a autoridade não só do presidente, mas também das instituições». E pediu a seus opositores porem de parte esperanças de que alguém vindo «de fora» possa mudar a vontade popular.

Quanto ao apoio das grandes massas à gestão de Chávez, durante a semana toda se efetuaram passeatas para patentear o apoio ao processo bolivariano.

POR MARÍA VICTORIA VALDES-RODDA

Fonte: www.granma.cu

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