A semana revista

Tráfico de órgãos de menores em Moçambique

O caso do tráfico de órgãos de menores em Moçambique tem de ser a história da semana pela sua negatividade. Um sul-africano e vários europeus faziam parte do grupo que foi interceptado e preso pelas autoridades em Maputo. As crianças eram das camadas mais pobres da sociedade, frequentemente crianças da rua que, levados a crer que iriam passear, se encontraram num pesadelo sem saída: vendidas para redes de prostituição, trabalhos esforçados ou então para um bloco operatório clandestino.

Imigrantes clandestinos albaneses afogados

Pelo menos 20 pessoas morreram afogados ontem quando um barco se afundou na costa albanesa, levando os imigrantes a Itália. O drama destas pessoas, que pagaram uma propina de 2,000 USD para a passagem, quando o salário médio mensal na Albânia é dez vezes menos, é espelho da tragédia e do drama que é a realidade para tantos milhões de pessoas que querem melhorar suas vidas, sujeitando-se a condições precárias ou perigosas e o desdém da sociedade já desenvolvida, muitas vezes à custa dos países menos desenvolvidos.

Morte de mineiros na Rússia

Cinco pessoas morrerem neste final de semana na mina Sibirskaya na região de Kemerovo, Sibéria. O desastre aconteceu na manhã de sábado, possivelmente devido a uma fuga de gás metano. Dá lugar a uma série de notícias sobre o estado das minas na Federação Russa, se bem que a Rússia só entra na imprensa mundial quando há um desastre. Num país com tantas minas, as hipóteses para um acidente são estatisticamente mais altas do que num país com menor número de estabelecimentos mineiros.

Iraque: a ferro e fogo

OS ataques pelos lutadores de liberdade contra as forças de ocupação do regime de Bush continua, com cada vez mais mortos entre o invasor, cada vez mais contestado e cada vez mais impopular no país que veio “libertar” e desfazer as Armas de destruição Maciça.

Equipa de ADM dos EUA deixa o Iraque

Antes desta invasão ilegal, que deu lugar ao pior acto de chacina na história recente, com a morte de entre 8,000 e 10,000 civis inocentes, no meio de crimes de guerra e contra a humanidade perpetrados pelo regime cripto-fascista de Washington, muitas foram as vezes em que os líderes norte-americanos disseram que sabiam onde estavam estas armas.

Colin Powell até foi ao Conselho de Segurança no edifício da ONU em Nova Iorque, mentir entre os dentes que tinha “inteligência magnífica” sobre o paradeiro deste armamento, apontando numas fotografias “fábricas de armas químicas”.

Onde estão estas armas? Não as há. Washington e Londres cometeram um monumental erro, violaram todos e quaisquer leis de diplomacia e de resolução de crises, violaram a Carta da ONU e a Convenção de Genebra e agora tentam justificar seu erro, dizendo que caiu um ditador. Afinal a ameaça para a comunidade internacional não é Saddam, mas Bush, o diminuído mental que agarrou as rédeas de poder através dum golpe nos EUA e que foi responsável até agora para dezenas de milhares de mortos e mutilados.

É Bush que “enganou o mundo”, não Saddam.

Terá sido Saddam?

Muito estranho. Em 1998, médicos russos declararam que Saddam Hussein estava doente em fase terminal com cancro. Um vídeo da altura mostra um homem velho, abatido, amarelo, a tremer e incapaz de se levantar. Agora os EUA mostram o seu captivo (violando mais uma vez a Convenção de Genebra), dizendo que é Saddam Hussein, que vivia num buraco rodeado por ratazanas, com um aspecto mais perto dos reis magos do que um homem poderosíssimo com bilhões de USD ao seu dispor, um homem que parece pelo menos 15 anos mais novo que aquela figura doente de 1998.

Muito estranho. Depois quem vê a vegetação na foto tirado de “Saddam” a sair do seu buraco, vê os arbustos cheios de folhagem e as tâmaras prontos para a colheita. Em Dezembro? A apanha da tâmara é em Agosto.

Será esta figura Saddam, ou será mais uma mentira de Washington? Já disseram tantas que o nariz de Bush já deve impedir que ele entre em qualquer porta sem uma serra eléctrica. Lembram-se da Jessica Lynch? Lembram-se da ADM?

1 milhão de pessoas ameaçadas por GEG

Gases de efeito estufa…a ONU declarou esta semana num relatório pelo Programa do Ambiente da ONU, que até um milhão de pessoas estão em risco de morrer se os efeitos das GEG não forem rectificadas rapidamente, visto que a poluição industrial pelos países desenvolvidos tem resultados catastróficos para os Países Menos Desenvolvidos.

Numa nota melhor…

Duas pessoas foram encontradas vivas duas semanas depois do terramoto que devastou a cidade de Bam, no Irão. Nu meio de tanta desolação e desespero, com famílias inteiras varridos da terra em poucos instantes, pelo menos há um sorriso nos lábios destas pessoas e das suas famílias.

A vida humana é um bem preciosa, e a morte uma tragédia, seja entre militares invasores, civis inocentes, norte-americanos, iraquianos, africanos, esquimós, indianos, chineses, russos.

Se a humanidade se lembrar que somos todos irmãos que vivem a volta dum lago comum…se.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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