AOCA – boa ideia, e depois?

A terceira versão do AOCA, apresentado ao Congresso norte-americano na semana passada, visa o prolongamento da versão anterior para além de 2008, até 2015. Este acto providencia uma política de comércio livre de tarifas e quotas para certos países africanos seleccionados por Washington.

Para os países que estão excluídos, porque por uma razão ou outra não satisfazem os critérios estabelecidos por Washington, a realidade duma extensão ou não, não fará qualquer diferença. Porém, mesmo para os países favorecidos, a grande incerteza que paira sobre a administração de Bush, sobre se haverá um prolongamento, está a colocar os nervos em franja.

No centro das discussões está a “Clausula Apparel”, que dita que os países visados no AOCA não mais poderão importar algodão para a produção de tecido para o mercado dos EUA a partir de 31 de Dezembro de 2004.

Agora se revela nos bastidores em Washington que dentro da administração de Bush há fraco apoio para o prolongamento do Acto para além de 2008, o que faz com que os potenciais investidores no sector de comércio se retraiam, dado o clima de incerteza que Washington deixou criar sobre este assunto.

Tradicionalmente, a política externa de Washington se faz através de agências e não há registo no Congresso de actividades inter-agências nem da participação da Casa Branca, embora o presidente Bush tenha falado recentemente em pedir ao Congresso um prolongamento do AOCA.

Será que George W. Bush está pensando em castigar o bloco de nações africanos que votaram com o Brasil em Cancun contra novas regras de comércio que Washington estava tentando esforçar o OMC a adotar?

Ou será que o governo de George W. Bush prossegue uma política comercial dupla, pregando liberdade de mercado e pressionando os governos de nações soberanas a seguirem o que Washington dita - mas na prática vai dividindo, interferindo e negando o acesso ao mercado verdadeiramente livre nas suas pregações?

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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