Sharm al-Sheikh: Paz ou mais ar quente?

Uma nova era, um cessar-fogo, a melhor hipótese durante muitos anos, foram respectivamente as reacções de Mahmoud Abbas, Ariel Sharon e Condoleeza Rice. Mas será que a Cimeira de Sharm al-Sheikh foi significativa?

Mahmoud Abbas e Ariel Sharon declararam um cessar-fogo. O Presidente da Autoridade Palestiniana disse que o acordo toma lugar imediatamente, trazendo “uma nova era de paz e esperança” enquanto o Primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, prometeu cessar a actividade militar contra os palestinianos.

Para começar, o Acordo de Paz do Médio Oriente envolve a ONU, a União Europeia, e a Federação Russa, além dos EUA, a Autoridade Palestiniana e Israel e por isso as declarações da Condoleeza Rice, Ariel Sharon e Mahmoud Abbas reflectem só uma parte da situação.

Em segundo lugar, por significante que seja a reacção de Israel à política de Mahmoud Abbas relativamente à tentativa de controlar os militantes palestinianos, há que admitir que o Hamas e o Jihad Islâmica recusaram aceitar o jugo do acordo de cessar fogo, porque não foram consultados.

Até que todos os jogadores possam se unir e renunciar a violência oficialmente, a possibilidade de um ataque mantém-se. Hoje, se vê que a abordagem cuidadosa de Yasser Arafat pode não ter sido tão irrealista, enquanto a linha seguida por Mahmoud Abbas pode agradecer a Washington e Tel Aviv mas a mais ninguém, e especialmente não aos jogadores no campo.

O Hamas já declarou que Sharm al-sheikh não tem vínculo nenhum sobre o movimento, que insiste que o Israel tem de se retirar dos territórios ocupados antes que se assine qualquer acordo de paz. Jihad Islâmica considere que o acordo não traça nada de novo e por essa razão, não se pode celebrar qualquer progresso relativamente às relações Israel-Palestina.

Por isso, alem dos actos de apertar mãos e além dos sorrisos, o quê é que foi conseguido em Sharm-al-sheikh? Boa vontade dos dois lados. A entrega de alguns prisioneiros políticos palestinianos. O direito de visita de alguns palestinianos a alguns presos em prisões israelitas. A promessa de Israel de retirar de algumas regiões ocupadas.

Movimento, sim. Mas chegará para Hamas e Jihad Islâmica? No longo prazo, talvez não, dado que os dois movimentos já declararam que Israel tem de sair de todos os territórios ocupados, não só alguns. A questão se põe, por quanto tempo é que Mahmoud Abbas consegue manter esses movimentos sob controlo?

Também conta muito a capacidade de Tel Aviv obedecer a lei internacional.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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