Malária mata 3 mil crianças por dia na África, diz a OMS

O documento afirma que a doença continua a se espalhar e chega a travar o desenvolvimento de vários países africanos.

O estudo diz ainda que 90% das mortes são registradas na África subsaariana e que a maioria delas é de crianças com menos de cinco anos.

O relatório também afirma que a cloroquina, droga mais usada na África no combate à malária – e a mais barata também – já não é mais eficiente contra a doença.

Boa nova A boa notícia é que foi registrada uma queda de mais de 20% na mortalidade de crianças da Tanzânia que passaram a dormir sob redes tratadas com insecticidas.

Representantes da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) também criticaram o actual tratamento anti-malária usado na África. Segundo os médicos, a falta de financiamento para tratamentos com coquetéis de drogas denota uma preocupação maior das autoridades com economia de recursos do que com o compromisso de salvar vidas.

Segundo os Médicos Sem Fronteiras, houve um grande aumento no número de casos de malária na última década.

Na década de 90, houve quatro vezes mais contaminações de malária do que na de 70, e duas a três vezes mais mortes em hospitais. Em grande parte, os MSF responsabilizam o aumento na resistência às drogas a base de cloroquina e sulfadoxina-pirimetamina.

Altos custos

Ao todo, calcula-se que a malária mate entre um e dois milhões de pessoas por ano na África. O prejuízo anual com a doença no continente chegaria a US$ 12 bilhões.

Os números de mortes por malária vinham caindo até a década de 90, quando a resistência à cloroquina começou a aparecer. Em 1999, a Tanzânia tinha índices de resistência variando entre 28% e 97%, no Quênia, entre 66% e 87% e em Uganda, entre 10% e 80%. Para ajudar no financiamento dos novos tratamentos anti-malária, os MSF estão pedindo doações para instituições como o Departamento Britânico para o Desenvolvimento Internacional e a Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional.

Os médicos querem iniciar o tratamento com coquetéis à base de artesimina, recomendados pela OMS e muito mais potentes e eficientes, além de serem bem tolerados pelo organismo.

Artesimina

A artesimina é derivada da planta chinesa Artemisia annua e vem sendo usada contra a malária há mais de dez anos. A combinação da droga com a amodiaquina pode eliminar os sintomas da malária em três dias.

Em países como a África do Sul, Burundi, Zâmbia e Tanzânia, algumas regiões já estão usando a terapia.

Consequentemente, em KwaZulu Natal, na África do Sul, as mortes por malária em hospitais caíram 80%.

No entanto, o tratamento à base de artesimina custa US$ 1,50 por dose, em comparação com os US$ 0,50 de custo da cloroquina. Os MSF afirmam que esse custo poderia ser reduzido para US$ 0,50 a US$ 0,80, uma vez que a artesimina comece a conter a proliferação da malária.

O custo da mudança em toda África, ainda assim, giraria em torno de US$ 100 a 200 milhões.

Agostinho Magalhães

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