Bolívia

O presidente boliviano não quer ser uma mesa sem pés. O roteiro de greves e marchas o levaram ao palácio e estão dominando a cena durante seus 17 meses de governo. Por um lado, o empresariado do departamento mais dinâmico (Santa Cruz) demanda autonomia e, por outro, nos últimos dias, sindicatos, campesinos e “o Alto”, mobilizam-se contra as multinacionais.

O exército está desacreditado e Mesa necessita de partido e maioria parlamentar. A única opção que resta a ele é ameaçar-lhes: ‘ou eu ou o caos’; ‘ou aceitam um acordo sob as minhas condições ou o país se desintegra, pois, a partir de mim, não há nada capaz deviabilizar um governo’.

Mesa sabe que Evo Morales, seu principal opositor, não quer realizar uma revolução pois quer mostrar ao mercado que pode ser um estadista parecido com Lula. Com sua jogada, ele busca que Evo termine com os bloqueios e firme um pacto social.

Renuncia o presidente boliviano?

Carlos Mesa, presidente boliviano, apresentou sua renúncia ao congresso. Esta atitude não significa que ele quer deixar o cargo, mas que busca apoio popular e parlamentar para fazer frente à onda de bloqueios que vêm demandando a nacionalização da água e maiores impostos para as corporações petrolíferas.

Mesa sabe que não tem capacidade de enfrentar o furacão social com a força e que tampouco há alguém capaz de substituir-lhe. As Forças Armadas não se sentem dispostas a uma ditadura e quem pode suceder-lhe, o presidente do Senado, não crê que duraria muito no posto. Sua tática é similar à que usou antes o presidente Siles (1956-60), que decretou uma greve de fome para conter as greves e depois investir contra a Central Trabalhista Boliviana.

Com sua manobra, Mesa quer contra-atacar Evo Morales. Se o parlamento aceitar sua renúncia, o governo pode passar a algum partido (o MIR ou o MNR) com baixa popularidade ou serem convocadas novas eleições, como planeja a COB. Outros pedem ainda uma revolução social.

Em seu discurso de renúncia, Mesa disse que tem 60% de popularidade e que resolveu 820 conflitos. A renúncia que quer não é à faixa presidencial mas a dos sindicatos ao bloqueio que paralisa o país. Ele prefere renunciar a ser um presidente com pouco poder. Quer manter-se no cargo aumentando os seus poderes e obrigando a oposição a retirar-se das ruas.

Prof. Dr. Isaac BIGIO www.bigio.org

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