Furacões e hipocrisia

Com total cinismo e hipocrisia, a declaração do Departamento do Estado continuou expressando: «O povo cubano pode contar com o apoio dos Estados Unidos neste momento difícil. Estamos trabalhando para ajudar o povo cubano na crise humanitária que hoje enfrenta».

Como mais uma demonstração do desprezo que o império sente por nosso país e por seu povo, o sr. Boucher anunciou que a Repartição de Interesses dos Estados Unidos entregaria a ridícula e humilhante esmola de US$ 50 mil, que provém dos fundos do governo norte-americano, com o objetivo de «atender as necessidades humanitárias do povo cubano».

Finalmente, com impudicícia, o porta-voz «instou o governo de Cuba a permitir a entrega desta ajuda diretamente ao povo cubano».

Com posterioridade, em 16 de agosto passado, o chefe da Repartição de Interesses dos Estados Unidos em Havana, sr. James Cason, disse ao diretor do Departamento da América do Norte do Ministério das Relações Exteriores que ele dispunha de um fundo de US$ 50 mil, similar àquele que dispõem as embaixadas norte-americanas noutras partes do mundo, para apoiar casos de desastres naturais e outras emergências, e que desejava entregá-lo a diferentes organizações não-governamentais «independentes» cubanas para ajudar a enfrentar os danos do furacão.

O funcionário norte-americano recebeu uma firme resposta, de recusa total a esta nova afronta.

Nesse momento, também se expressou ao chefe da legação americana que era um grande cinismo oferecer uma soma irrelevante de dinheiro, quando esse governo tenta afogar economicamente o povo cubano todo, com o bloqueio criminoso encetado contra nosso país.

Por estarmos totalmente desdobrados nas atividades de recuperação dos danos provocados pelo furacão, preferimos manter este tema em nível diplomático. Não obstante, o fato de algumas agências de imprensa internacionais refletirem com maior ou menor acerto a posição cubana com relação a este tema, obriga o Ministério das Relações Exteriores a ratificar publicamente que para o povo e governo cubanos, é totalmente inaceitável este oferecimento, que ignora impudicamente os danos causados durante mais de quatro décadas pela guerra econômica de sucessivas administrações contra nosso país.

É óbvio que o governo norte-americano padece de amnésia total, pois de outra maneira não se poderia entender como pretende assumir o papel de «benfeitor» do povo cubano, quando acaba de reforçar, mais uma vez, seu cruel bloqueio, ao fazer vigorar numerosas restrições que afetam, inclusive, as relações entre os cidadãos cubanos e seus familiares residentes nos Estados Unidos.

O oferecimento de US$ 50 mil, e sobretudo sua evidente manipulação política são um novo insulto e uma ofensa às milhares de famílias cubanas que sofreram os danos deste fenômeno natural.

A intenção do governo norte-americano de pôr estes recursos em mãos de «organizações independentes» do governo cubano, revela, às claras, os verdadeiros propósitos desta manobra, alheios a um verdadeiro interesse pelo bem-estar dos danificados.

Cuba não aceitará uma suposta ajuda procedente do governo do país que nos agride e tenta render-nos por fome e necessidades.

Cuba vencerá os desafios com o esforço e a dedicação de seu povo e sua Revolução.

Nenhum cubano ficou nem ficará jamais desamparado depois da passagem de um desastre natural ou outra emergência, de qualquer índole o envergadura. O humanismo e a solidariedade da obra que defendemos não o permitirá.

Havana, 21 de agosto de 2004

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