IRÃ SERÁ O PRÓXIMO ALVO?

O Irã tem tido péssimas relações com os Estados Unidos desde 1979, quando a Revolução Islâmica do aiatolá Khomeini tirou o xá Rehza Pahlevi, aliado de Washington, do poder. O governo teocrático iraniano não é de maneira nenhuma louvável, e provavelmente ajuda e financia terroristas muçulmanos: o que é demonstrado pelo fato de que a grande maioria da população iraniana é a favor de um governo leigo, vota em políticos moderados, como o presidente Khatami e repudia a liderança do aiatolá Khamenei. Porém, Teerã tem todo o direito a se defender de uma invasão dos Estados Unidos, que lançaria seu país no mesmo caos em que o Iraque se encontra agora. A retórica cada vez mais agressiva de Bush em relação ao Irã, mais o fato de que tropas dos EUA se encontram em um país fronteiriço, mostram que o Irã possivelmente será atacado por Bush, caso seja reeleito.

A defesa nacional iraniana tem se concentrado em dois grandes programas: um de mísseis, sendo que o país anunciou recentemente que possui mísseis com alcance de 2000 km; e o nuclear, embora Teerã afirme que seja pacífico, sem dúvida é voltado para que o Irã no mínimo tenha capacidade para construir armas atômicas.

O erro da política de defesa do Irã é achar que estes programas garantirão a segurança do país. Na verdade não servem para nada, do ponto de vista estratégico, e só servirão para dar uma boa justificativa para que Bush invada o Irã.

Armas atômicas só são úteis se houver um equilíbrio entre a capacidade destrutiva de duas ou mais potências. O arsenal russo, que possui entre 13 a 18 mil armas nucleares, pode destruir não apenas os EUA, mas o mundo inteiro, se utilizado. Por isso, os EUA nunca atacarão a Rússia.

Muito antes que o Irã chegue a ter uma capacidade nuclear respeitável e mísseis intercontinentais, os EUA podem lançar um ataque preventivo e invadir o Irã. E se por acaso Teerã resolver usar seu pequeno arsenal contra algum aliado de Washington, como Israel, os EUA retaliarão com um ataque nuclear maciço que aniquilará o Irã.

O Irã devia abandonar seu programa de mísseis e seu programa nuclear, que nem sequer tem utilidade econômica (pois um país com imensas reservas de petróleo não precisa de reatores nucleares para gerar energia), que além de mal vistos pela comunidade internacional, são caríssimos. Deveria, ao invés, concentrar-se em montar uma ótima força aérea, algo que seria muito mais útil para a defesa do país.

A doutrina Powell (formulada em fins da década de 80 pelo atual secretário do exterior), que rege a doutrina militar dos EUA, prega que este país só lançará um ataque terrestre depois de ter conseguido supremacia absoluta do espaço aéreo, e quando sua força aérea tiver destruído ao máximo a infra-estrutura e as forças militares inimigas. Se a força aérea dos EUA não conseguir domínio do espaço aéreo, se pelo contrário sofrer perdas pesadas de aviões, logo recuará e nem chegará a haver invasão terrestre.

A Índia, que ao longo da década de 90 montou uma força aérea notável, comprando aviões russos sofisticadíssimos, pode estar segura de que nunca será atacada pelos EUA: em fevereiro deste ano, durante um exercícios com aviões da USAF (a força aérea norte-americana), os caças Su-30MKI e MiG-29 da Índia (comprados da Rússia) humilharam os orgulhosos F-15 estadunidenses. A Índia, assim como a Rússia e a China, são capazes de conter e revidar possíveis ataques aéreos dos EUA, e assim podem estar seguros.

O Irã deveria seguir o exemplo. Gastando menos do que com o programa nuclear e de mísseis, este país poderia adquirir modernos equipamentos russos de defesa aérea, como caças MiG-29, Su-30 e 35, e as novíssimas baterias de mísseis terra-ar S-400, que superam seus equivalentes norte-americanos e europeus. Então Teerã poderia estar segura de que jamais acontecerá consigo o que aconteceu com seu vizinho ocidental, o Iraque.

Carlo MOIANA Pravda.ru Brasil

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