SHAHRABAN OU HAWIJA? QUE DIFERENÇA FAZ?

Vejo movimento em direção a aldeia de Rumanah, perto de Al Qaim. Como nuvens de gafanhotos, chegam em outra missão de paz no oriente. Já são aos milhares se instalando em bases, como os antigos Krak, que ousaram construir na idade média durante as avançadas dos fanáticos cristãos contra os infiéis de Alá.

Os soldados estão ansiosos. Foram banhados, tosados, vestidos, calçados e armados. Os pais, de longe, pela televisão ou internet, olham os seus filhos com orgulho, pois aos pouco libertam aquela nação árabe e insignificante. Continuam nus por baixo das suas vestes militares, como vermes ianques. Sua presença é manifestada pelas suas obras e pelo cheiro de podre no ar.

Quando os invasores desaparecerão do nosso país? Não se pode dizer que os sérvios ou outros povos deste mundo sintam um grande apego por eles.

Terminou o pesadelo de mais um bombardeio. Agora pode-se dormir algumas horas. Amanhã toda a aldeia será mais um cemitério de ruínas e corpos. A estupidez de alguns terá que ser paga com muito sangue.

Quem puder que diga a estes cruzados, que vão passando pelas terras ao longo das margens do Eufrates, por sobre estas terras tão velhas e cheia de história, que a resistência estará viva até o outro amanhecer, até desaparecer a última sombra do último combatente pela dignidade do ser humano iraquiano.

As pequenas cisternas de cimento dominam horizontes, vencendo os túmulos do vale de Haran. Nas suas casas de barro em forma de colmeias os soldados encontrarão talvez algum tipo de ameaça ao ocidente. Aquelas velhas mulheres e seus bravos homens, também todos velhos, pastores e agricultores do trigo, resistirão ainda mais um pouco ao desaparecimento. Os olhares são humildes. Talvez eles não entendam o significado de toda aquela violência e humilhação.

O Sol parecia estar muito forte naquela tarde de quinta-feira. Aquele Sol abrasador que viu os cruzados, tão práticos como os soldados do tio Sam.

Tudo parece em miniatura quando visto de um jato bombardeiro F-16. O verde da vegetação deve estar apenas um pouco descolorido, pois há muita fumaça no ar. Na verdade, tudo é laranja e branco no que domina a paisagem. O deserto parece sumir de vista, até o próximo alvo, que pode ser Khan Darri, Hur Rajab, Musaib, Ramadi, Faluja, Rawah, Tarimia, Samarra, Al Khalis, Kirkuk, Tikrit, Sharaqat ou Latifia. Por que não Shahraban ou Hawija? Que diferença faz?

Em alguns lugares se desfruta a inigualável felicidade da independência. A grande felicidade de ter uma nação como os outros, tal como a dos viajados europeus ou dos gordos norte-americanos, todos muito gordos e consumistas. Talvez o Papa algum dia possa nos fazer uma visita, e ficará feliz em presenciar um protesto dos estudantes da nossa universidade contra o uso de preservativos.

Em Bagdá, alguns rapazes aguardam o grande momento de ser mais um serviçal a serviço do Império USA. Talvez a única escolha que sobrou, ou talvez uma cômoda escolha para quem o único modelo de comportamento é dado pelos sublimes jumentos. Para o cidadão obediente, disse um sub-tenente ianque, Meca ainda vai estar ao sudoeste por mais alguns anos.

No meio da multidão alguém gritou: - morte aos ianques invasores! Outra bomba nos fez lembrar que a grande nação iraquiana ainda não caiu. Quais outras nações pagarão também com tanto sangue a arrogância e a ganância dos norte-americanos?

Horríveis atrocidades estão sendo realizadas no Iraque, com o extermínio da população civil, estúpros à mulheres e crianças, destruição de aldeias, cidades e sítios arqueológicos da antiga Mesopotâmia, queima de campos de cultivo, envenenamento de cursos d’água e o roubo de toda riqueza, assim como de uma vasta herança humana. Aos olhos de todos nós.

Fábio Rossano Dário Ubatuba – Brasil

Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter

Author`s name Pravda.Ru Jornal
X