Início de 2005 melhor do que o final de 2004

A palavra na moda dos anos recentes, Tsunami, despercebida por muitas pessoas enquanto fazia sua entrada esforçada pelas línguas mais faladas do mundo (tsunami de pessoas, tsunami disso, tsunami daquilo) já não deixa dúvidas nenhumas quanto ao seu significado. Depois das suas acções nefastas, começam a surgir as reacções dos quatro cantos da Terra.

Nossa Terra, finalmente podemos dizê-lo. No entanto, devemos apontar as tentativas de alguns a ganhar pontos políticos através da infelicidade das vítimas.

Equipas russas apressaram em chegar às zonas mais afectadas e já no dia 27 de Dezembro, estavam no lugar a ajudar a população local e os turistas. Mais equipas chegaram nos dias 28 e 29 e nos dias seguintes. Enquanto muitos países ainda estavam a debater o quê é que haviam de fazer, a Federação Russa já o fazia…mas onde está esta história na imprensa internacional?

A russofobia é endémica nesta imprensa que se diz profissional e objectiva, que afirma que obedece as regras dos cursos de comunicação social mais badaladas e modernas, mas de facto na realidade pratica uma política de censura, uma ressaca não do Natal e do Ano Novo mas sim da Guerra Fria. Ou os padrões não foram alterados e os jornalistas novos seguem cegamente as normas estipuladas ou então os órgãos da imprensa ocidentais estão repletos de idosos saudosos das histórias dos russos a comerem crianças.

Contudo, não é correcto tentar marcar pontos políticos baseado na infelicidade dos outros. Este maremoto (ou tsunami para aqueles linguistas mais afectados) entre as relações internacionais deixou uma marca bem visível e bem sentida, que nos esforçou a tentar buscar a verdade e achar as respostas às perguntas mais difíceis.

Por exemplo, se Deus poderia permitir que tal evento sucedesse. Por exemplo, se a Terra iria rebentar. A resposta a estas perguntas se acha no estudo das escrituras e dos textos científicos, mas a resposta em ambos os casos é igual.

Mas já agora, em vez de estarmos a massacrar Deus com coisas que ele não faz e nunca fez (Ele existe não para semear desastres e catástrofes mas sim para canalizar as esperanças dos que cultivam o dom da vida), por quê é que não façamos outras perguntas, nomeadamente, por quê é que é relativamente fácil para países como os Estados Unidos da América e seus sicofantas gastarem 200 bilhões de dólares num acto de assassínio colectivo no Iraque enquanto é aparentemente extremamente difícil angariar 2 bilhões de dólares, uma centésima parte do orçamento da guerra, para acções de apoio humanitária?

Na Ásia, há muitas histórias bonitas, e muitas tragédias. Temos de lembrar as histórias boas e as más, para equilibrar. Por exemplo, a mulher inglesa que visitou o vidente no dia anterior ao maremoto e recebeu a mensagem “Grande onda amanhã. Não ir para o mar”. Foi ela que filmou aquele trecho de filme com a piscina a ser inundada em Phuket, Tailândia. Por exemplo, o bebé que sobreviveu na água num colchão. Por exemplo, a mulher que julgava que tinha perdido os três filhos, mas os encontrou no dia seguinte sãos e salvos.

Por exemplo, a comunidade internacional que se juntou como nunca antes, num maremoto de ansiedade e boa vontade humanitária, num desejo colectivo de ajudar, sejam portugueses ou brasileiros ou angolanos ou moçambicanos ou goeses ou timorenses ou são-tomenses ou cabo-verdianos ou guineenses…ou russos.

Mas temos de lembrar também a tentativa de manipulação política deste desastre por aqueles senhores capitalistas que gostam de ficar cada vez mais ricos enquanto controlam as fontes de informação mundiais. PRAVDA.Ru começa o ano 2005 convencida que estamos no bom caminho, sendo independentes, totalmente independentes, não dependendo de qualquer grupo mediático ou financeiro, porque felizmente não andamos obcecados pelo dinheiro, visto que somos voluntários.

Isso dito, como é que se pode justificar a cobertura a pessoas como Bush e Blair (esse nas suas “férias de trabalho” no Médio Oriente) quando pouco ou nada foi dito sobre as declarações dos restantes governantes e dirigentes mundiais? Será que Bush e Blair têm o monopólio da palavra?

Ou será que um tsunami de fascismo que contraria os direitos humanos de milhões de cidadãos na nossa Terra está em pleno fulgor, nutrido pelos regimes de Bush e Blair e seus lacaios nojentos e covardes, que tenta controlar as notícias mundiais, mesmo durante uma catástrofe desta dimensão?

Que vergonha, dizemos nós. Se Bush e Blair declaram que os seus países vão enviar milhões de dólares em apoio, muito bem. Mas onde está a cobertura objectiva da imprensa internacional acerca dos esforços notáveis dos russos? Dos coreanos?

Por exemplo.

A manipulação do medo e a manipulação da verdade criaram no nosso mundo, na nossa Terra, a ideia que há uma comunidade internacional que existe, e sempre existirá, ao lado dos que tentam controlar o que nunca irão conseguir controlar – o espírito humano. Esse espírito humano viverá sempre nos corações e almas de todas as pessoas, sejam brancas, negras, azuis, pardas, castanhas ou amarelas.

Qualquer tentativa de manipulação será descoberta por aquilo que é…neste caso, uma tentativa por Washington e Londres e seus sicofantas de ganharem pontos políticos ao custo da infelicidade dos outros.

Enquanto alguns doam num espírito de humildade e sem bradar aos Céus, outros têm de bater os tambores e proclamar a todos que estão doando muito dinheiro, como aquele na Missa que mostra a toda a congregação na igreja a nota que vai deixar no ofertório.

É muito bom e muito agradável sabermos que temos os Estados Unidos da América e o Reino Unido no nosso lado, a lutar pela humanidade e não contra ela. Mas pelo amor de Deus, vamos encarar o ano 2005 num espírito colectivo duma espécie que evoluiu para além da Arca de Noé, uma espécie unida e firme, que sabe onde vai, juntos e unidos. Se começarmos este ano a gastar 200 bilhões de dólares em acções de apoio humanitário e só 2 bilhões em guerras, estaremos no bom caminho.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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