RP CHINA: PARCEIRO ESTRATÉGICO DE EXCEPCIONAL IMPORTÂNCIA PARA RÚSSIA

O primeiro aspecto diz respeito a uma etapa absolutamente nova da cooperação militar. A Rússia tem uma tradição de participação em manobras militares com outros países. Realizamos manobras no âmbito da Organização do Tratado de Segurança Colectiva, participamos nalgumas manobras em conjunto com estruturas da NATO, por fim, a actual geração de comandantes militares russos lembra-se das manobras efectuadas sob a égide da Organização do Tratado de Varsóvia. Para nós são mais ou menos evidentes as consequências políticas das manobras. Para os chineses, as manobras conjuntas de larga escala e com a participação do exército de um outro país, semelhantes aos exercícios a que assistimos na península de Shandoung, com a participação das Forças Armadas da Rússia, são um passo absolutamente novo em termos militares e políticos. Tanto mais que durante muitos anos a China tem praticado a política de não-alinhamento. Aconteceu que as acções adiantaram à ideologia. Estas manobras constituem um pressuposto muito sério para o futuro no plano de cooperação nas mais diversas situações.

O segundo novo aspecto das relações russo-chinesas dos últimos tempos é o pleno encerramento da questão da fronteira. A ratificação pela Rússia e China do acordo sobre os troços orientais da fronteira pôs fim, para muitos anos, à questão de delimitação territorial. E agora que algumas pessoas continuam a debater o tema de eventuais apetites territoriais da China para com a Rússia, elas não simplesmente não entendem que se a China de facto tivesse cobiçado os territórios russos, teria sido lógico não solucionar definitivamente esta questão, não formalizá-la juridicamente deixando assim uma margem para as manobras diplomáticas. Actualmente esta questão está encerrada, sendo as nossas relações excepcionalmente estáveis com a China e contam com um potencial de reserva considerável.

O terceiro aspecto é o seguinte. A China hoje em dia não só capta com excepcional êxito investimentos estrangeiros (ao longo de 25 últimos anos), mas também opera como uma investidora muito séria no estrangeiro, inclusive na Rússia. Mais ainda, os créditos chineses são considerados como mais baratos nos mercados financeiros. Os projectos de investimentos de algumas companhias chinesas não foram realizados na Rússia por várias razões. No entanto é muito importante que a China tenha descoberto as suas possibilidades financeiras e técnicas de agir na qualidade de investidora.

Para a realização destas suas potencialidades foi criada uma infra-estrutura de peritagem. No âmbito da comissão russo-chinesa para a preparação de encontros regulares dos chefes de governo foram organizadas duas reuniões do grupo permanente de trabalho para a cooperação no domínio dos investimentos e dois fóruns sobre este tema. É de notar que os fóruns têm importância não só no plano da análise e peritagem. No último fórum que teve lugar em São Petersburgo foram assinados importantes contratos no valor sumario 1,5 biliões de dólares. As trocas comerciais entre os dois países continuam a aumentar, tendo totalizado no ano transacto 20 biliões de dólares.

Nas relações russo-chinesas há também problemas que exigirão uma solução. Assim, a cooperação na economia florestal imlica um controlo mais rigoroso porque até agora continua a ter lugar o contrabando de madeira da Rússia, incluindo as espécies valiosas. No Extremo Oriente pequenos empresários chineses colhem plantas excepcionalmente valiosas violando todas as normas que garantem a sua reprodução normal. Necessitamos de uma rigorosa regulamentação jurídica do aproveitamento das riquezas da natureza se pensamos em estabelecer uma cooperação por muitos e muitos anos. E tanto a Rússia como a China estão igualmente interessadas nisso.

A China é um parceiro estratégico de excepcional importância para a Rússia no domínio económico, de segurança e de interacção a nível de organizações internacionais. No entanto, a parceria estratégica não exclui de modo algum os seus objectivos nacionais de cada parte, os quais não raro são próximos ou mesmo coincidem.

Evgueni Kojokin director do Instituto de Pesquisas Estratégicas da Rússia - RIA "Novosti"

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