América Latina: Libertando-se das algemas de Washington

O legado de Washington na América Latina é abominável, testemunhado por regimes fascistas e repressivos ao longo de décadas, túmulos colectivos, um registo de direitos humanos paralelo ao de Washington no Iraque e uma ausência total de práticas democráticas.

Depois de Fidel Castro ter-se mantido firme, providenciando um exemplo brilhante daquilo que um governo progressivo pode conseguir, nomeadamente sistemas sociais invejáveis e uma política de educação sem par no continente, a América Latina se encontra hoje perante um destino nas mãos dos seus cidadãos e pode enfrentar Washington em pé de igualdade, não apenas concordando a colocar na prática tudo que é ditado pelas firmas que gravitam a volta da Casa Branca e do Pentágono.

Apesar da existência contínua de regimes fascistas, como o de Álvaro Uribe na Colômbia, há uma crescente onda de independência a varrer o continente. Hoje, Evo Morales da Bolívia e Hugo Chavez da Venezuela se juntam ao Fidel Castro, como líderes (ou no caso do primeiro, presidente-eleito), de sistemas socialmente progressivos que focam na necessidade de criar programas que servem os interesses do povo, e não o clique de elitistas super-ricos e corrompidos que vivem a mando de Washington.

Enquanto não se pode classificar como esquerdistas per se Nestor Kirchner (Argentina), Ricardo Lagos Escobar (Chile), Tabare Vazquez (Uruguai) ou Lula da Silva (Brasil) do mesmo género como Castro, Chavez ou Morales, mesmo assim perseguem políticas que seguem o seu interesse nacional em primeiro lugar e não cegamente o de Washington.

Depois da sua primeira visita a Cuba, o Presidente-eleito da Bolívia vai visitar Presidentes Chavez e Lula numa viagem de dez dias que compreende sete países antes de tomar posse no dia 22 de Janeiro.

Razões pelo crescimento da esquerda

Enquanto Washington continua a adoptar uma política de confrontação e intrusão na América Latina (como apoiar grupos na Venezuela que se opõem ao Presidente Chavez), será apelativo para muitos tomarem o lado das entidades de que Washington desgosta.

A razão é muito clara: a política monetarista-capitalista de economias orientadas pelo mercado, defendida por Washington, simplesmente não funciona, nem na teoria, nem na prática. Basta ver que Washington tem de manter o modelo vivo por impor tarifas sobre importações e atribuir subsídios dos produtores nacionais para controlar preços e mercados artificialmente para constatar que tem falhas básicas e fundamentais.

O resultado da imposição deste regime agressivo sobre as sociedades da América Latina tem sido dramático: numa população total de 550 milhões, 100.000.000 de pessoas vivem em extrema pobreza, com menos que um USD por dia, enquanto 220 milhões são classificados como pobres. PIB por capita não cresce em termos reais há duas décadas (4.000 USD per capita) e o rendimento não tem acompanhado o aumento em preços.

A verdade é que as políticas de esquerda favorecem o povo sobre a oligarquia (cujas almas há muito foram vendidas) e isso significa que a esquerda irá continuar a expandir na América Latina e em outras partes, visto que o modelo capitalista-monetarista defendido por Washington (em que os elitistas corporativos até a política externa ditam) foi exposto e todos conseguem ver a farsa e a mentira que é.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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