Texto do Discurso do Presidente da Cuba, Fidel Castro Ruz

Caros formados e familiares:

Estudantes e professores das escolas de Instrutores de Arte; Membros da Brigada “José Martí” das províncias Pinar del Rio, Havana, Cidade de Havana e Matanzas, todos não podiam estar aqui; Dirigentes da União de Jovens Comunistas; Artistas, intelectuais e outros convidados; Compatriotas de toda Cuba:

Pensamos reunir-nos outra vez exatamente um ano após o 20 de outubro para celebrar o Dia da Cultura Cubana com a formatura de um novo grupo de Instrutores de Arte, formados nas Escolas criadas pelo fragor fundador da Batalha das Idéias, mas os obstáculos do poderoso Wilma fizeram com que este desejado encontro fosse adiado até hoje. Uma parte de vocês, os das províncias do leste do país, já estava na capital quando dois dias antes decidimos adiar este ato perante a proximidade do perigoso Wilma. Sei que por essa razão vocês permaneceram mais de uma semana na capital. Também não podíamos enviá-los de regresso para suas províncias no meio da complexa situação meteorológica. Hoje se formam 3 092 novos instrutores de arte, dos 3 879 estudantes que começaram no ano letivo 2001-2002, o segundo destas instituições, inauguradas no dia 18 de fevereiro de 2001, visando a formação em 10 anos de 30 000 instrutores de arte. 60,4% dos novos formados são mulheres e 39,5% homens. A maioria de procedência social operária. Esta nova força, com conhecimentos e experiência prática foi colocada em 3 048 centros educacionais, incluindo os 26 Institutos Politécnicos de Informática. Esta segunda formatura possibilita ter já 6 318 instrutores de arte, o que garante dispor pelo menos de um instrutor nos 4 898 centros educacionais dos ensinos pré-escolar, primário, especial, secundário e pré-universitário. É fabuloso o caminho que se abre para a formação da sensibilidade e a apreciação das artes entre os mais jovens e para o ambicioso propósito de criar uma cultura geral integral em massa em nosso povo. Uma cultura não apenas artística, mas também histórica, científica, econômica, geográfica, ambiental e nas mais diversas áreas do conhecimento, com profundo sentido humanista. Satisfaz-nos saber que entre as duas formaturas optaram por continuarem os estudos superiores 6 147 instrutores e dentre deles, pela Licenciatura como Instrutor de Arte, 3 555. Um rico e imenso caudal de conhecimentos acumula-se nesta força que será de muita importância nos elevados objetivos de justiça e de igualdade de oportunidade para todos. Uma garantia especial na formação contínua, disciplina, organização e entrega dos jovens instrutores de arte é a criação, faz hoje exatamente um ano, da Brigada “José Martí”, que dirigida pelo Conselho de Estado, através do Grupo de Trabalho da Batalha das Idéias ficou finalmente constituída no passado 19 de maio, por ocasião do 110º aniversário da morte em combate do nosso Herói Nacional, com a eleição de todas suas estruturas. A UJC tem uma elevada responsabilidade política, conferida pela Revolução, no sucsso deste programa de formação de instrutores de arte, que uma vez interrompeu o seu caminho e é fruto de nossos sonhos de uma sociedade melhor e mais plena. A União de Jovens Comunistas é responsável pela coordenação do trabalho da Brigada “José Martí”. Deve velar pela qualidade de seu trabalho, sua constante superação e pelo cumprimento do compromisso de seus brigadistas. O completamento dos dirigentes que nos municípios e nas províncias atendem ao trabalho da Brigada é uma prioridade inadiável para nossa organização juvenil. Após um ano de trabalho os instrutores de arte atendem às 480 526 crianças e adolescentes durante seu horário docente, e a 85 599 em oficinas de criação artística. Além desse empenho na educação do talento artístico e na apreciação das artes, acrescenta-se o esforço do sistema de Casas da Cultura, que atende em suas instituições 227 390 crianças e adolescentes, cifra que se incrementará ainda mais nos próximos anos quando o exército de instrutores de arte que hoje formamos esteja em todas as escolas e em todas as comunidades do país. Numerosas anedotas foram recolhidas ao longo do país sobre as experiências do trabalho durante o passado ano letivo, que demonstram quantas possibilidades para o melhoramento do ser humano se abrem a partir do trabalho e da influência dos instrutores de arte nas escolas, escolas de conduta, cárceres e outros cenários sociais. Assim dizem algumas delas, contadas pelos próprios instrutores ou seus coordenadores: O que diz Yennys García Betancourt? Da especialidade de Teatro. Escola Nacional Urbana “Fernando Cuesta Piloto”. Município Cienfuegos. Bom, eu não a considerei entre vários casos apresentados, mas como já a citei, não vou deixá-la de lado; e foi por apenas uma palavrinha. Ela diz: “Minha escola está situada no Conselho Popular San Lázaro, onde muitos de seus habitantes”, e aqui eu discordava com Yennys García Betancourt. Não queria mencioná-la, mas erraram os que transcreveram meu material, ela já tinha sido riscada por mim e passou. Deve ser uma excelente instrutora, mas disse esta frase: “Muitos de seus habitantes têm um baixo nível cultural e antecedentes penais.” Isso é muito, eu discordo disso, eu sei como é o nosso povo e alguns são mais humildes e outros menos humildes; mas todos partimos antes de um nível cultural muito baixo. Não sabíamos nada de quase nada, 30% de analfabetos, 90% de semi-analfabetos, muito longe estávamos de um espetáculo como este, tão impressionante, tão inesquecível; muito longe estávamos daquilo que aconteceu há várias semanas, quando se formaram os médicos cubanos e de outros países, e quando foi criado o contingente “Henry Reeve”, cujos membros, em uma cifra que ultrapassa 1 000 se encontram nos dois pontos que sofreram as mais duras e dramáticas catástrofes nos últimos tempos: uma, em conseqüência dos furações, lá na Guatemala, e a outra, em conseqüência dos sismos, com mais de 50 000 mortos e mais de 80 000 feridos, 90% deles, geralmente, com traumas que provocam fraturas nos membros superiores e inferiores do corpo. É muito fácil dizê-lo assim, mas é preciso imaginar quanta terrível tristeza e sofrimento significam para aquelas vítimas, aqueles seres humanos que têm que suportar as conseqüências da tragédia. Com certeza, todos lembram aquele dia em que, ao participar da formatura, dei um passo em falso; não olhei, estava olhando-os a vocês, lá em Santa Clara, cai e fracturei a rótula em oito frações e também a parte superior do ombro, com algo mais do que fissuras como então pensava, talvez fosse a mais dura e mais difícil lesão. Lembro os sofrimentos, os lembrei sempre pelos outros, antes de sofrê-los; mas tive a oportunidade de conhecê-los por mim próprio e é por isso que falo com paixão quando lembro tanto sofrimento e tanta tristeza que se experimentam quando acontecem catástrofes (Aplausos). Continuo com a explicação sobre o que disse a companheira Yennys, que é muito interessante. Diz: “No começo senti um pouco de temor por ter que me enfrentar com crianças de tão singular procedência. Comecei com um grupo da quarta série, caracterizada como a mais difícil da escola. Espantada, recebi as mostras de carinho mais insuspeitadas” – imaginem essa menina, é praticamente uma menina, porque lembro muito bem como selecionamos os estudantes, entre aqueles que terminavam o ensino secundário, que iam fazer um bacharelado especial de quatro anos, e viver como internos nas escolas de instrutores de arte criadas em apenas um ano. Lembro quando foi discutido o programa, examinamos uma por uma cada disciplina, até que ficou confeccionado, e como é lógico está em processo de aperfeiçoamento; mais eram muito jovens, vocês são os formados mais jovens que temos. Formava-mos, por exemplo, os trabalhadores sociais, que não sei como será o dia em que os reunamos aqui, porque, sem os familiares, precisamos de mais dois estádios ou, como quer que se chame, Palácio dos Esportes; um local como este, com uma capacidade de 15 000 para reuni-los e são também uma força muito grande que hoje influi extraordinariamente na nossa sociedade, e que força! – ninguém pense, e muito menos os novos ricos e os ladrões, subestimá-la, porque com essa força, na verdade, serão eliminados alguns males que ainda sofre nossa sociedade, na procura de um mundo melhor, mais perto do que nunca de um povo, ao longo da história. Ninguém pense que são bobos ou analfabetos, que são ignorantes, porque são eles os que hoje já trabalham, e nesta altura garantem que o país tenha centenas de milhões de dólares que hoje se perdem ou se esbanjam; e ainda mais longe, incluindo a eletricidade, incluindo todas as energias, incluindo muitas coisas mais, a soma do que o nosso país disporá em um tempo muito breve, é muito mais do que a cifra que citei, e nenhum furacão poderá deter-nos. Já passou um, e está esquecido, ou melhor dito, esmagado pela obra que nosso povo realiza; e passou também mais outro que tornou a Havana em Veneza, e o mundo se intimidava, enquanto milhares de cubanos, com todos os recursos disponíveis em apenas alguns dias restabeleciam a situação, e aviões conduzindo brigadas do contingente “Henry Reeve” marchavam ao sudoeste em direção à Guatemala, ou ao sudeste, a longa distância, em direção ao Paquistão, para chegarem até um território que está a 3 000 ou 4 000 metros de altura nas ladeiras da cordilheira do Himalaya, onde emerge o Everest, como símbolo do cume ao qual, no domínio social e na área da justiça, aspiram chegar os povos, e entre eles o nosso, sem que nunca algum povo atingira a meta ao longo de milhares de anos; mas penso que nestes tempos, mais difíceis que nenhum outro, nenhum país como o nosso aproxima-se tanto dessa meta. Deste modo, a natureza não poderá render, nem o império poderá submeter o espírito de nosso povo, nem poderá impedir nossas metas. Continuo novamente com o que dizia esta moça que mencionei há pouco tempo, é como uma criança. É por isso que não podemos ser críticos, nem menos, se alguma frase escapou, porque ela escreveu isso, e não para ser publicado, não o escreveu para ninguém mais, os que o transcreveram para um eventual discurso, com a pressa, talvez nem repararam nisso. Não tem importância. Ela diz: “Comecei com um grupo da quarta série, caracterizado como o mais difícil da escola. Espantada, recebi as mais insuspeitadas mostras de carinho”, dessas crianças daquele bairro que, com certeza, é muito pobre e deve ter muitos lugares onde as condições de vida são muito difíceis. Hassan deve recordá-lo, porque com os estudantes de medicina visitou as zonas mais pobres da cidade nos anos da batalha das idéias, procurando experiências e ajudando dezenas de milhares de crianças. Percorreu esses lugares, e todos os dias recebíamos notícias a respeito deles. Ela continua: “... e os cativou tanto o teatro que com a maioria deles organizei o grupo de teatro Abracadabra, que hoje representa à escola. A parte mais difícil foi convencer os pais com mil razões para que lhes permitessem ensaiar durante horas extracurriculares.” O que quer dizer isto, sábado, domingos, de tarde, de manhã? A que horas, antes ou depois dos apagões? (Risos). “Contar com o seu apoio para as obras que preparamos foi algo inesperado, apesar de ter-me reunido com eles em várias ocasiões”. “A mãe de um dos meus alunos estava presa.” É triste, né? Mas não por isso o povo ou o bairro é um bairro delituoso. Quem cometeu os crimes foi a sociedade, porque esses bairros não nasceram da nada; foi o mundo civilizado e culto que nos conquistou e nos explorou durante séculos, e trouxe, além disso, a escravidão, e até o triunfo da Revolução em 1959 tinha estabelecido uma sociedade de diferenças muito grandes, que oscilava desde pessoas ricas, ricas, ricas, muito ricas, que não moravam lá em San Lázaro, moravam primeiro na Víbora – ainda ficam alguns deles..., já não, já há povo lá – e depois foram para o que hoje é o município Plaza, e depois foram para o que antes era o bairro de Miramar e hoje faz parte do município Playa, ou lá pelo Country Clube, quando triunfou a Revolução, existiam muitos desses lugares lá, já estavam, lembro; lá, perto daquela escola de cadetes no povoado de Ceiba, mais além do povoado de Caimito. Já estavam repartindo as fazendas por aqueles lugares, o mais longe possível daquele bairro, bairro da periferia. “Minha escola está situada no Conselho Popular San Lázaro, Município de Cienfuegos.” Eu errei, confundi tudo. Pensei que era San Lázaro aqui, em Havana. Onde está a companheirinha?, deve estar por aí (palmas). Não sei o há ali, mas de qualquer maneira devemos ser cuidadosos. É uma história real, de um bairro que pode existir em qualquer parte, por exemplo, como é o caso do bairro Cuabita, na província de Santiago de Cuba. Cadê os santiagueros? (Exclamações). Lembrem aquele bairrozinho ou aquele grande bairro que fica perto de onde estava o pequeno aeroporto e o cemitério de Santa Ifigenia, esses bairros estão em todas as partes. Já que estava falando de Yennys García, cadê Yennys? Yennys, corre! para que me acompanhes aqui e me ajudes (Aplausos). Há males que vêm para bem, diz o provérbio (Aplausos). Conta-nos aqui, você se atreve? Ela me diz que sim, que se atreve a explicá-lo, mas sem mencionar o nome da criança. Yennys García.- Acontece que, como diz o Comandante, a extraordinária experiência é que comecei a trabalhar com esse grupo ao qual era muito difícil ter acesso. Vocês sabem que todas as crianças são intranqüilas, alegres, mas, bom, aquelas crianças tinham suas características. Então cheguei e me propôs a tarefa de mudar um pouco esse critério e inserir a arte, que é a grande tarefa que temos todos os instrutores de arte, para isso surgiu este projeto; trabalhar com as crianças visando melhor relacionamento e comunicação entre elas, e então, me decidi e comecei a trabalhar com elas. No começo foi muito difícil para todos os instrutores, porque ao chegarmos às escolas deparamos com algo novo, inesperado, mas as crianças me receberam com muitíssima alegria. Para minha surpresa, os pais, depois que começaram a compreender a importância da mudança que o teatro e a arte conseguiram nas suas crianças, começaram a me ajudar com as coisas da obra que apresentávamos, com os ensaios do grupo. Havia uma criança, que também tratava pela comunidade, cuja mãe estava presa e tinha determinados problemas familiares. O importante foi que consegui vincular essa criança com a arte e ajudá-la a que seu entorno a aceitasse ainda melhor. Eis o importante da experiência, acho que todos os instrutores temos experiências semelhantes, porque sempre há pessoas e sempre há crianças, todas as crianças têm essa fantasia escondida em algum lugar, e para tal estamos nós aqui, para isso fomos criados, para afastar a escuridão do mundo, a escuridão dos problemas, de mil transtornos que possam ter e procurar a parte bela das crianças. Acho que isso é o mais importante de cada experiência (Aplausos). Cmdte.- Bom, faltava uma frase e ela explicou muito bem. E felizmente o desvio serviu para ver em ação uma instrutora de arte, explicando sua tarefa. O que faltava dizia: Para nossa satisfação. A mãe recebeu licença para visitar sua casa precisamente no dia da estréia da obra e pôde ver o fruto do árduo trabalho de seu filho, com uma professora tão jovem. Não me equivoquei, vocês viram-na aqui. Por exemplo, o que diz Carlos? Carlos Ruiz Silveiro, município de Placetas, Conselho Popular Guaracabulla Jagueye, especialidade de Música, Escola Primária “Enrique Villegas”? “No início das minhas oficinas, encontrei na escola uma menina admirável que me encheu de alegria. Quem não a conhece e a escuta cantar pode pensar que provem de uma escola de arte, mas não é assim. É uma camponesinha que nem sequer conhecia o que era um instrumento musical; no entanto, a voz chamava a atenção de todos. Decidi que um dos meus alunos que tocava violão a acompanhasse numa música. O resultado desse trabalho foi magnífico; aqueles que o presenciaram ficaram emocionados pelo talento desta menina que floresceu, e com o assessoramento técnico já estava dando formosos frutos.” O que aconteceu com Oslendys Baño Rodríguez, município de Güines, da especialidade de Música, escola “Félix Varela”? Este instrutor tem um repertório que abrange desde o Hino Nacional até os principais cha-cha-chás cubanos. Criou uma banda de música nestas escolas, depois as uniu e o resultado que conseguiu foi uma grande banda que, em 19 de maio, percorreu toda a zona urbana do município, provocando que donas de casa, vizinhos, operários e outras pessoas da comunidade ficaram impactados e admirados de ver como crianças tão pequenas eram capazes de interpretar estas sonoridades. O que se diz sobre Eliécer Fernández Rodríguez, da especialidade de Artes Plásticas, escola primária “Jesús Martinez”, Conselho Popular “Niceto Pérez”, zona rural, município San Cristóbal, nas montanhas? Segundo os vizinhos, desde sua chegada à comunidade a vida é diferente. Criou um grupo que tem aptidões para o artesanato, conseguindo melhorar o entorno deste afastado lugar mediante a confecção de objetos artesanais e murais com elementos naturais. Contam-nos que graças a ele puderam ver e apreciar uma obra plástica e até celebrar eventos na montanha onde ganharam prêmios. Eliécer diz que tive a fortuna de realizar suas práticas nesta zona e, embora confesse que no início resistiu-se, depois de chegar e constatar que tinha a oportunidade de mudar a vida daquelas pessoas, não o pensou, e lá está. Sente que ganhou em sensibilidade e ama profundamente o que faz. Yuderquis Martinez Sardiñas é mais outro exemplo. Da especialidade de Artes Plásticas. Conselho Popular “Juan Delio Chacón”. Escola Especial de Conduta nº 1 “Omar Antonio Bautista Ramírez”. Para mim, disse, foi difícil compreender a necessidade de trabalhar em uma escola de conduta, levando em conta as características particulares destes centros. Vi que o meu trabalho com eles facilitou a comunicação e viraram mais sociáveis. Pelo visto, a arte tem mágica. Yuderquis menciona o nome de um de seus alunos e acrescenta: tem um olhinho de vidro; com ele desenvolvi um amplo trabalho, pois tem aptidões para as artes plásticas. “Estou satisfeita com meus resultados. Acho que essa criança jamais me esquecerá, e talvez até me compare com a sua mãe, sabendo que eu sem sê-lo lhe ofereço todo o carinho para ganhar-me um lugar no seu coração, e penso que o estou conseguindo. O que narra Maria de los Ángeles Hartermar. Especialidade de Teatro. Conselho Popular Gerona Centro. Não vou negar que estava um pouco assustada ao chegar lá. Nunca tinha trabalhado como instrutora de arte numa prisão. Espantou-me a aceitação de nossa presença; a iniciativa foi bem aceite. Correspondeu-lhes começar e fizeram-no com força. Apresentaram-nos um grupo musical com instrumentos não convencionais (paus, latas, baldes). Na verdade escutava-se bem. Um deles aproximou-se de mim, queria conhecer minha opinião a respeito da obra de teatro que escreveu sozinho, que refletia parte de sua vida como recluso e a lição que estava recebendo naquele lugar. Isto me ensinou que não devemos subestimar as pessoas sempre que estejam dispostas a mudar e a arte os ajude.” Após as experiências acumuladas durante um ano de trabalho, como as que acabamos de constatar, 123 dos melhores graduados farão parte dos corpos docentes das Escolas de Instrutores de Arte, já fortalecidos, integrados atualmente por 2.950 professores, deles 799 das cadeiras de formação geral e 2.151 das especialidades. Mais de 370 recém-formados das especialidades de Educação Musical e de Educação Plástica dos Institutos Superiores Pedagógicos também se incorporaram aos corpos docentes das Escolas. Valioso tem sido o aporte de artistas e intelectuais que se incorporaram a este trabalho de formação. Precisamos ainda mais da vanguarda artística, no empenho de formar estes jovens que já são uma força imprescindível na batalha colossal por atingir uma cultura geral integral em nosso povo. Em maio de 2000, quando se decidiu começar este programa, apenas contávamos com 2.000 instrutores no país todo. Hoje, os estudantes que realizam suas práticas no sistema de ensino e os formados incorporados a esses centros, totalizam 22.025 jovens incorporados a este programa. Há dias começou o sexto ano letivo de nossas 15 Escolas de Instrutores de Arte. São estudantes que possuem maior conhecimento sobre as especialidades nas quais se prepararão. Se dos jovens da primeira formatura destas escolas apenas 7% recebeu alguma informação prévia, agora 41% dos novos ingressos se relacionaram com a arte através dos grupos de amadores, foram preparados por um instrutor ou provêm das Escolas Vocacionais de Arte. Dentre os estudantes, predominam as raparigas com 64.5% da matrícula, e quase a metade dos futuros instrutores de arte são de procedência operária. Cumprindo o princípio de justiça e igualdade que inspira nossa obra, desde a criação destas escolas se facilitou a matrícula dos jovens com deficiências físicas, para os quais se fizeram algumas adequações nos programas de estudo que lhes permitem vencer os objetivos sem diminuir a qualidade de sua formação. No ano letivo recém-concluído estudaram 43; deles 18 com deficiências físico-motoras, oito cegos, dois surdos, sete surdos-mudos, quatro deficientes visuais e um com deficiência visual e físico-motora. Oito deles se graduam hoje e se incorporam com todo direito ao nobre e empreendedor exército dos Instrutores de Arte, demonstrando que para o ser humano tudo é possível. Continuou o aperfeiçoamento do programa de estudo; os programas de Música, Teatro e Dança foram modificados para conseguir maior integralidade na atividade que desenvolverá o instrutor. Em todas as especialidades se realizam oficinas de apreciação das restantes especialidades da arte. Aumentaram consideravelmente os meios audiovisuais e de computação, ferramentas extraordinárias para o ensino. Existe um computador por cada 15 estudantes. Utilizam-se oito softwares educativos com os quais conta o resto do ensino meio superior e, aliás, um realizado especificamente para a cadeira de Apreciação e História das Artes, ministrada nas Escolas de Instrutores de Arte. A pesquisa não é alheia à aprendizagem, à apreciação e ao ensino das artes. Os eventos científicos que cada ano letivo reúne os docentes e os membros da Brigada “José Martí” propiciam a criação de meios de ensino para o desenvolvimento das oficinas, contribuem para o aperfeiçoamento do processo docente educativo e se tornando em experiências enriquecedoras dos instrutores formados a respeito de seu trabalho com crianças e adolescentes. Continua o desenvolvimento do processo de remodelação das 15 escolas, a maioria delas funciona em antigas instalações educacionais recuperadas como parte do processo construtivo gerado pelos programas da Batalha de Idéias. Devemos prever cada detalhe para que estas escolas sejam exemplos no ensino, disciplina, criatividade, ética, moral. Aspiramos a que todos os graduados da primeira formatura que permanecem em seus postos continuem fiéis ao compromisso de trabalharem durante não menos de cinco anos como Instrutores de Arte, mesmo como se acordou em princípio, e que os formados daqui por diante permaneçam durante oito anos, como prometeram depois, nesta bela tarefa que oferece riqueza espiritual e conhecimentos por todos os cantos da nação, e principalmente entre as crianças e os adolescentes, garantia de um futuro melhor e de maior sabedoria para o povo cubano. Os organismos da Administração Central do Estado devem respeitar esse compromisso, e não cair novamente no erro da vergonhosa prática da pirataria dos instrutores de arte, como aconteceu no passado, porque não se lhes permitirá de maneira nenhuma. E escutem bem, com isto e com outras muitas coisas, eis instrutores de arte, por exemplo; também estão os que se graduam como professores de educação física e esportes e o relacionado com a pirataria. Quem esteja limpo de culpa, que atire a primeira pedra. Sim, são muito poucos os que não têm praticado a pirataria dos dirigentes. Nossos dirigentes revolucionários, sim, queriam sê-lo e o foram, mas não sabiam nada, não tinham experiência na construção do socialismo e assim estiveram envolvidos em todo tipo de maus costumes e erros burocráticos; mas a pirataria é uma falta de ética revolucionária. “Este é um bom professor, levou-o comigo porque sabe muito”. Mesmo assim roubavam muitos professores, eram os que sabiam nos primeiros anos da Revolução; buscavam alguém que soubesse ler e escrever. Tirava um daqui, outro de lá: “Vou te dar isto”, “você está mais perto”. Todos, entre eles fizeram uma guerra feudal, há que dizê-lo assim. Por exemplo, no caso do Banco Central de Cuba, uma instituição muito importante e cada vez mais importante, preparavam programadores, dirigentes que tinham conhecimentos de computação, e os outros organismos, que não preparavam ninguém, vinham e diziam: “Eu tenho um hotel muito bom, há bom salário, há gorjetas” Ou diziam: “Olha, levo comigo esse professor para que ensine isto e o outro”. Sempre tentando a gente, sempre oferecendo, e esses são vícios do capitalismo, hábitos do capitalismo, ninguém imagina quantas coisas desse tipo faziam. Uma sociedade que quer ser diferente, uma sociedade nova que tenta atingir metas altas, leva consigo todos os vícios daquela sociedade corrupta que quer mudar. Isso pesa. Só com a passagem do tempo e o efeito do trabalho, e fazendo um bom trabalho... E nada tem sido mais comum e universal no mundo que os erros dos revolucionários, daqueles que querem mudar a sociedade ou dos que querem mudar o mundo. Por isso não são muitas as revoluções que avançam e não são poucas dentre as poucas, que fracassam em períodos históricos. Acho que nosso país realiza um grande esforço e que talvez isso tenha a ver com a magnitude do adversário, das dificuldades, que fizeram com que todos, de uma maneira ou de outra, nos superássemos. E é muito possível que continuemos avançando, e praticamente desde posições de vanguarda, visando metas, que hoje chamam de Um mundo melhor, que nos propusemos. Aquilo que acontecia entre nós era uma vergonha, quase explicável no início porque quase ninguém sabia ler nem escrever. Então chegavam a uma escola e se levavam o professor. Isso aconteceu durante muitos anos e ainda acontece. É lógico que agora queiram levar o professor universitário; mas já o professor universitário está lá e não podem oferecer-lhe uma vaga, ou um cargo para fazer alguma coisa, embora seja escrever papéis. Os organismos da Administração Central do Estado devem respeitar este compromisso ”... e não participar da vergonhosa prática da pirataria dos instrutores de arte, como aconteceu no passado, de maneira nenhuma”. Não sei para onde levarão um instrutor de arte que se anime ou esqueça seu compromisso e deseje ser artista. Pode ter qualidades excepcionáis, não duvido que muitos consigam ser artistas, e grandes artistas, pôde constatá-lo no dia que visitei a escola do município de Boyeros. Bem, porém têm uma tarefa, a Revolução os preparou para uma tarefa e não os ata de por vida, embora saibamos que muitos sentirão tanto amor por seu trabalho, com jovens como vocês, sempre serão artistas formadores de patriotas, formadores de revolucionários, formadores de excelências na arte. O serviço social da primeira formatura durará cinco anos, o segundo sete. Agora existem a radio e a televisão, não são norte-americanas, não pertencem ao governo que quer presidir a transição democrática em Cuba. Imaginem uma transição para trás. Isso foi o que programaram, e o curioso é que o primeiro ponto do plano que um tolo — como eu disse ontem à noite —, que o ilustre presidente dos Estados Unidos designou presidente da Comissão, ou não sei que coisa, de transição em Cuba, é andar já pela Europa, entre os parceiros europeus do império e não poucos mercenários, pedindo ajuda para a transição. A Europa que se entenda. Que os ajude essa Europa podre. Nós também dizemos: Que venha a Europa podre para ver que pode fazer. Já nos insultou numa ocasião, nos ofendeu, tentando nos atirar uma ajuda humanitária que jamais nos deu, era mais o que roubava com a troca desigual e mais o que ganhava vendendo-nos produtos elaborados e comprando matérias primas. Há que ver o caro que vendem qualquer coisa para sustentar suas altíssimas receitas e comprando matérias primas a preço baixo, como o níquel, fumo, nem sequer charuto, ou níquel para produzir aço inoxidável, etc, etc. Eu calculava o lucro da Europa com relação a Cuba — e disso falei na província de Santiago de Cuba, em 26 de julho, por ocasião do 50º aniversário — e eram mais de US$ 200 milhões que nós lhes dávamos, e eles a nós apenas três ou quatro que gastavam em hotéis de cinco estrelas pelos generosos doadores. Advertimos-lhe: “Não precisamos dessa porcaria” e quando continuaram com suas ofensas, o povo desfilou perante duas das suas embaixadas, mais de 500 mil cidadãos em cada uma delas, e havia um povo para uma terceira passeata simultânea, que não se equivoquem. E quando vieram dizemo-lhes: “Não, não queremos ajuda humanitária nenhuma”, em todo caso nós podemos ajudar vocês, porque têm menos médicos em cada habitante que nós, e lá há gente cega porque não podem pagar uma operação da visão e vocês não possuem capital humano nem podem enviar uma brigada de médicos a qualquer canto do mundo. Só podem ameaçar com intervenções e bombardeios e lá encontra-se precisamente esse ianque tolo, pedindo ajuda à Europa. Que pode fazer a Europa contra nós? Nada. Felizmente existe um país que pode dizer isso. Não necessita o império ianque, não necessita a Europa. Estamos num mundo que muda e somos uma Revolução fortíssima e um povo formidável que sabe lutar contra os adversários e sabe lutar contra seus próprios erros e contra suas próprias fraquezas. (Aplausos) Que continuem com a tolice e a arte mercenária. Aqui ninguém poderá transformar em mercadoria a arte em nosso país; tentarão, sim, de roubar, e roubam em não poucas oportunidades talentos e artistas. (Aplausos) Vocês serão os professores e todos esses jovens que se formam, artistas semeadores e formadores de consciências, de maneira que não surjam alguns indolentes ou inconscientes que esquecem que às vezes se lhe ensina uma forma de arte desde que tem cinco, seis, sete anos, freqüenta gratuitamente todos os centros de arte, todos os centros de ensino e chegam a serem talentos, tal como, em massa, farão parte da enorme riqueza de talentos de todo um povo. Há que criar consciência desde muito cedo para que jamais ninguém faça ou leve a cabo a ingratidão que, quando estão no cume da arte, num dia chega a notícia: “Fulano não voltou”, ou “fulana não voltou”. Não voltam por falta de consciência, por falta de amor ao povo que os formou e lhe pagou tudo, em meio do bloqueio, em meio do sacrifício, em meio das ameaças. (Aplausos) Aqueles trabalhadores que cortaram cana-de-açúcar, que trabalham nas indústrias horas e horas, na agricultura, em qualquer parte; numa escola de ensino primário, secundário, etc, etc, numa universidade, em todas partes. Certamente uma revolução é o triunfo da virtude sobre o vício, é o triunfo da honra sobre a desonra, é o triunfo da integralidade moral e patriótica sobre o mercenarismo e o vício, de maneira que o mais que podem fazer aqueles que não podem formar valores sobre bases éticas é roubar talentos, porque em muitos destes países os valores se formam de maneira espontânea, partindo de iniciativas dos próprios cidadãos, não existem as escolas de arte para todo o povo como aqui; existem apenas para os ricos e os muito ricos. Em nosso país é para o povo todo, sem excepção nenhuma. (Aplausos). Falávamos precisamente do professor, daqueles que educam, dos que criam para todo o povo, e daqueles que nos roubam e querem nos roubar artistas e atletas, ou inteligências em qualquer ramo da ciência; porém, também tentaram deixar-nos sem médicos, e dos seis mil que haviam, e não muito bem preparados, levaram-se três mil. Não conseguiram impedir com isso que hoje tenhamos 70 mil; mais de 25 mil, segundo o cálculo que devo precisar com exatidão, estudando medicina; 7 mil que matriculam anualmente; mais de 12 mil na Escola Latino-americana de Medicina; 20 mil latino-americanos, principalmente dos países pobres, no primeiro trimestre do ano próximo ano, e já ao país que tentaram deixar sem médicos terão que contemplá-lo com respeito e ver toda uma nação convertida numa universidade em muitos ramos, mas nomeadamente esse ramo tão humano, salvador da saúde e salvador de vidas que é a medicina. O castigo já foi dado pela história, devido aos crimes cometidos contra nós. Verão 100 mil estudantes desse ramo em Cuba, porque estaremos ajudando na formação de médicos para o mundo, quando eles não têm médicos para mandar a nenhuma parte. (Aplausos). Do mercenarismo não sai um médico internacionalista; do mercenarismo não sai um membro valioso e do glorioso contingente, especializado em desastres naturais, epidemias e doenças graves como a Aids, que hoje danam nações inteiras, quase eliminado-as, e continentes inteiros, e já não podem impedir que o façamos, porque por cada um dos médicos que haviam aqui, desses que se levaram, perto de três mil, neste momento existem oito vezes esse número cumprindo missões internacionalistas, ou ajudando os povos em momentos de dor imensa. Primeiro se levaram três mil e depois se levaram mais outros, já formados; porém isso não impede que neste momento tenhamos perto de 25 mil médicos de novo tipo oferecendo seus serviços no Terceiro Mundo. E cá, na nossa própria pátria, quase 50 mil. Quantas vezes? Quinze vezes, dezesseis ou dezessete vezes a mais, e distribuídos por todos os municípios do país, em qualquer canto da pátria, do município de Sandino, próximo do Cabo de San Antonio, até Maisí, em Baracoa, nas montanhas e nas planícies. Sabemos muito bem que nosso sistema ainda não é perfeito, mas nenhum país teve jamais tantos médicos e tão perto da população como o nosso. Nenhum país jamais teve algo que já vamos tendo cada vez mais: uma rede de policlínicas, quer dizer, de centros de atendimento primário, e não para proteger a saúde, mas também centros de reabilitação junto de cada policlínica que possuem equipamentos que jamais tiveram, totalmente novos, que podem ser reparados, algo impossível quando há 40 ou 50 marcas diferentes como havia até há pouco tempo em nosso país, e essas policlínicas converteram-se em modelo, e, aliás, em sedes de formação de médicos. Haverá dezenas, ou melhor, centenas e centenas de sedes universitárias para a formação de médicos. Isto, logicamente, não é divulgado pelas agências de notícias, não, nem pela televisão, nem pela rádio, que enchem com espaços publicitários e mentiras oficiais. Esses governos não têm vergonha. Vocês recordarão que nós perguntamos ao Sr. Bush: “Será que o Sr. sabe por onde entrou Posada Carriles aos Estados Unidos, diga-nos o lugar, em que navio, qual o porto, e quais os responsáveis e cúmplices?” Nesta altura, quando já transcorreram vários meses, e não dizem uma palavra só a respeito disso. Resolvem os problemas com a boca fechada, não respondem nenhuma pergunta, porque são muitos os implicados, do governo dos Estados Unidos, autorizando a chegada de Posada Carriles, esse terrorista, assassino que hoje apóiam, que hoje protegem da justiça. Não dizem nem uma palavra, apesar de nós fazer-lhes inúmeras perguntas públicas. Quando colocamos nossa vontade de enviar médicos ao povo dos Estados Unidos, abandonado quando o desastre de Louisiana, calaram a boca, e fizemo-lo pelo povo dos Estados Unidos com toda a razão: Foi o povo quem decidiu que as tropas dos Estados Unidos saíssem do Vietnã; foi o povo quem decidiu o regresso do menino Elián a nosso país; é o povo que mais cedo do que tarde obrigará o império a retirar as tropas do Iraque, onde já morreram mais de dois mil,jovens norte-americanos numa guerra terrível e injusta. (Aplausos). Desejamos apoiá-lo num momento triste quando ali as pessoas aposentadas morriam sem receber atendimento algum nos asilos, ou morriam nos hospitais enquanto prevalecia a anarquia e o grito egoísta de salve-se quem puder! Quisemos ajudá-los. E esses médicos puderam ter salvado muitas vidas, contudo, nem sequer mencionaram que Cuba foi um dos países que ofereceram ajuda. Enquanto nossos amigos nos Estados Unidos se perguntavam: “É estranho que Cuba não ofereça nada” Silêncio oficial total! Isso nos obrigou a dizer o que tínhamos feito, e que fomos os primeiros. E quando um segundo furacão avançava com uma força terrível, não fomos dos primeiros, fomos os únicos que dias antes da passagem do furacão lhes oferecemos apoio. Também não houve resposta. Silêncio. Ontem expliquei a nota que eles enviaram há pouco, as palavras do responsável da Repartição de Interesses dos Estados Unidos em Cuba, que foram palavras respeitosas, falando da necessidade da cooperação entre o México, os Estados Unidos e Cuba para enfrentar os furacões. Apareceram imediatamente informações anunciando que Cuba aceitara a ajuda, e eu demonstrei ontem com documentos as palavras e os pontos exatos de nossa resposta. Agora tudo isso está em andamento. Porém não esclarecem, como norma não respondem as perguntas difíceis, ainda não puderam dizer, por exemplo, nem se atreveram a dizer, nem podem dizer, sem se acusar a si mesmos, como e por onde entrou aos Estados Unidos o terrorista mais criminoso e mais repugnante do Hemisfério Ocidental. Hoje mantém presos aos cinco heróis cubanos que lutaram contra o terrorismo, aos cinco patriotas inocentes, contra os quais se verteu a sanha da máfia e da corrupção dos tribunais de Miami, e foram punidos com prisões perpétuas.

Não vejo que a Europa desgarre-se as vestes pedindo a liberdade desses compatriotas, os quais seguem na prisão, embora um tribunal absolutamente autorizado declarasse nos próprios Estados Unidos, que aquele julgamento era ilegal, que aquele julgamento era injusto, que aquele julgamento não valia nada; contudo, seguem presos. Essa é a conduta, a falta de ética, a desvergonha desse sistema imperial. Mas, quanto é já forte Cuba que pode olhar de frente aos cúmplices do império na Europa, pode lhes fixar o olhar e lhes acusar, dize-lhes: Vocês são hipócritas, são corruptos, vocês são amorais, são exploradores, vocês criaram a escravidão moderna, nos últimos séculos, depois do que foi chamada a descoberta de América. Vocês criaram o colonialismo o qual é mantido até hoje. Vocês, junto dos Estados Unidos criaram a troca desigual; vocês roubam as divisas de todos os países através do mecanismo de lhes obrigar a depositar quer as reservas quer o dinheiro privado nos bancos dos países ricos, fugindo da inflação e se refugiando ali; assim dispõem de todo o dinheiro do mundo. Por isso lhes digo: Vocês são saqueadores, ladrões e, apesar disso, não podem dispor a sua vontade do dinheiro de Cuba. Contudo, ainda o dólar insolente do império, que já recebeu algumas lições, saqueia-nos duma maneira brutal. Isso nós contávamos a Maradona na primeira entrevista que nos fez, quando lhe demonstramos que num país bloqueado, onde ainda existe o racionamento e onde muitas das coisas estão extraordinariamente subsidiadas, um dólar insolente, que enviam desde ali e hoje é trocado não por 26 senão por 24 pesos, dado que o nosso peso se fortalece, com esse dólar pagam, por exemplo, mais de 150 kilowatts de eletricidade. E, quanto pagam?, Quanto pagam se o gasto elétrico é maior?, Apenas dois dólares por 300 kilowatts. Quando o enviam, esse é o poder de compra desse dólar, e quanto tem que se gastar o Estado Cubano por cada kilowatt de eletricidade?, pois nada menos que, no melhor dos casos, se os cálculos sobre o custo fossem corretos – e possivelmente seja mais – 36 dólares, por esses próprios kilowatts. Quer dizer, enviam um e custa-nós 18 dólares em divisas convertíveis; enviam dois e custam-nos 36 dólares. Assim o fazem com muitas outras coisas e, na realidade, o nosso povo, enquanto nos saqueiam dessa forma, muitas vezes tem estado recebendo, como ate pouco atrás – e começa a mudar – um pedacinho de sabonete, racionado, e sem odor, sem perfume nenhum, ou um tubinho de pasta de dentes com entregas limitadas ou, ate incluso, os tampões higiênicos das mulheres em quantidades insuficientes. O sabemos bem, porque há alguns meses foram dadas instruções à industria ligeira de produzirem o suficiente para acrescentar as quantidades de sabonete e lhes colocar um pouco de perfume; as quantidades de pasta de dente; as quantidades de tampões vaginais, de modo que fosse suficiente, e esse plano já está em andamento. Há inclusive novas instruções de aumentar sensivelmente essas cifras. De maneira que o país esta envidando esforços, mas por enquanto, quanto dinheiro gasta subsidiando o dólar, multiplicando o poder aquisitivo do dólar. Não pretendo explicá-lo todo cá, mas o anuncio, o anuncio e o anuncio com tempo, porque todos temos que trabalhar juntos para desse jeito derrotarmos o saqueio, essa forma de exploração. Não é suficiente o que temos feito, mas sabemos bem o que há que fazer, baseados no princípio do mínimo de oportunidades para os parasitas; o mínimo de oportunidades para os que recebem aquela moeda que nos saqueia, seja lá a moeda que for, porque o nosso país tem acumulado suficiente experiência para fazer bem as coisas e que não aconteçam jamais situações desse tipo. O nosso país é encaminhado para a invulnerabilidade militar e, ouçam bem, para a invulnerabilidade econômica; e o que estão fazendo esses milhares de trabalhadores sociais, embora seja só uma pequena parte a que entrou em ação, é travar a batalha por esse objetivo da invulnerabilidade econômica, e o principio será o mais possível para os que trabalham, o mais possível para os que recebem um salário ou uma aposentadoria como operários nas fábricas, profissionais, como professores, como médicos, como trabalhadores em qualquer lugar. Sim, esses devem ser os que mais recebam. Como Revolução que aspira por um mundo melhor e para uma sociedade muito mais justa e que hoje tem experiência para marchar mais rapidamente para esse destino, devemos de procurar que o ser humano ganhe a vida com o trabalho, ou receba da sociedade o que merece por ter trabalhado muito tempo, nos ajudando para atingir as coisas que hoje temos em só um terço do caminho, do que num tempo não muito longe teremos depois, e sem deixar, por isso, de compartilhar uma parte do que teremos, e especialmente toda a experiência e todo o que conhecemos, com outros povos. Advirto que conhecemos umas quantas coisas das que estamos fazendo hoje (Aplausos), deve se saber. E não seremos mais pobres por ajudar, nem estaremos nos quitando nada. A heróica luta do nosso povo tem já feito os sulcos, arando no tempo, para semearmos as sementes dessa sociedade e esse mundo melhor do qual fazem parte aqueles médicos que lotaram este lugar que vocês lotam hoje, e amanhã lotarão os trabalhadores sociais, que não só são cientes e lutam contra coisas absolutamente incorretas, senão que vão conquistando no povo a aqueles que, sem serem trabalhadores sociais irão cooperando nessa luta; porque quando em cada conselho popular, em cada parte, cada cidadão faça o que eles estão fazendo hoje e os membros dos Comitês de Defesa, das organizações de mulheres, dos combatentes da Revolução, dos trabalhadores, dos estudantes, de todas as organizações de massas e os membros da juventude e do Partido que moram nos bairros lutem contra o mesmo que estão lutando hoje esses trabalhadores sociais que tem uma garagem na mão e, sobretudo, tem a garagem que tem que ser seguida dos novos ricos que não querem pagar e dos subornados que se deixam subornar, será cada vez mais difícil que possam fazer o que estão fazendo hoje. Por isso com uma grande certeza lhes digo o que estou lhes dizendo. Por exemplo, podemos ajudar o governo dos Estados Unidos lhes ensinando como se protege a população quando dos desastres naturais, para que não morra tanta gente pobre. Acho que agora Miami está sem eletricidade depois do furacão, está sem alimentos, está sem nada, e o que sabemos é que aqui os 100 000 cidadãos que foram afetados pelas inundações marinhas, receberam alimentos reiteradamente, não lhes faltou proteção nenhuma e os trabalhadores sociais estão ali fazendo o inventario de todo o dano que lhes ocasionaram, para cooperar com eles e, no menor tempo possível, ajudá-los a recuperar o que perderam. É o que sabemos, e é o que acontecerá sempre que houver um desastre. Sobre a pirataria dos organismos do Estado que dizia: Bom, por acaso a rádio e a televisão vão contratar? Talvez o Instituto de Arte e Industria Cinematográfica? Por acaso os teatros dos Poderes Populares vão piratear alunos ou instrutores de arte para colocá-los a trabalhar ali? Quem é que vai piratear? Nós esperamos que ninguém. Ai estou olhando para Ernesto, Diretor da televisão, com certeza que ele não vai cometer essa indisciplina, com certeza que os presidentes dos Poderes Populares não vão cometer essa indisciplina, com certeza que os organismos do turismo não vão cometer essa indisciplina, com certeza que os organismos do Estado não estejam pirateando jovens já formados, que programam aqueles que conhecem a informática, porque há 40 000 estudantes de programação nos politécnicos de informática, quarenta mil! e há 8 000 na UCI, Universidade da Ciência Informática, que estão estudando os níveis superiores como criadores dos programas de informática. Aquele que roubar tem que ser cortada a mão – isto por dizer, não? – lhe cortar a mão ao ladrão , isso vem da época aquela da Lei do Talião. Eu que estudei Direito e não me lembro de muitas coisas, sim me lembro da Lei do Talião, que ordenava cortar mão por mão; não, não é cortar fisicamente a mão de alguém, significa que não deve aspirar a ficar no seu cargo nem um dia mais o responsável de pirataria de pessoal preparado. Olhem bem, isto o digo em nome da Revolução, em nome do Partido, em nome do Estado, não deve permanecer um dia mais no seu cargo aquele que cometer uma dessas piratarias, ou de qualquer outra índole, e haverá que procurar regras que ordenem falar primeiro com aquele ao qual vão lhe tirar alguém. É tempo já de que não se venham repetir nenhum daqueles erros. Cuba hoje é inspiração e esperança para muitos. A vocação humanista e de justiça da Revolução é referência para aqueles que acreditam na possibilidade dum mundo melhor daquele da barbárie, da violência, do egoísmo e do esbanjamento no qual tem-nos sumido os poderosos. Nessa batalha pelo futuro da humanidade alenta nos o apoio de inúmeros artistas e intelectuais do mundo que defendem com Cuba o seu direito ao pensamento próprio face ao dictak hegemônico; a sua fé no homem face à onipresença do mercado. O vasto movimento gerado entorno do apelo “Detenhamos uma nova manobra contra Cuba” (no 61 período de sessões da Comissão dos Direitos Humanos da ONU), assinada por mais de 5 500 intelectuais do mundo todo; a assinatura maciça duma Carta Aberta ao Procurador Geral dos Estados Unidos reclamando a libertação dos nossos cinco compatriotas, assinada ate agora por mais de 5 000 personalidades entre elas inúmeros prêmios Nobel, e a criação no México do Tribunal Civil Internacional “Benito Juárez” para julgar atos dos Estados Unidos contra Cuba, com a participação de prestigiosos intelectuais, são alvos chaves da solidariedade que provoca a causa do nosso povo entre gente honesta e de idéias de solidariedade e justiça. Quando falei de que os representantes do império calavam, podia dizer que, como é conhecido pelo documento lido na Tribuna Anti-imperialista de Cuba há alguns meses e subscrito por um dos maiores escritores na historia deste hemisfério, que é Gabriel García Márquez, ali ele expunha e informava sobre os passos que Cuba tinha dado, afim de transmitir a resposta das autoridades norte-americanas quando lhes informamos que esse grupo terrorista, e tendo como centro ao Posada Carriles, estava planejando fazer explodir aviões no ar onde viajavam também cidadãos norte-americanos. Depois daquela onda de atentados contra os hotéis em Cuba, que foi descoberta e paralisada, criou-se lhes aos terroristas uma situação embaraçosa e já estavam pensando fazer explodir aviões de linhas regulares que viajavam a Cuba com o mesmo procedimento: montar mercenários no avião, colocar uma bomba que poderia estourar 50, 60 ou até 90 horas depois quando já tinham se marchado do país. Foi lhe comunicado ao governo dos Estados Unidos, lhes oferecendo informação, precisamente compartilhando o que aqueles companheiros que hoje estão presos obtinham quando procuravam informação sobre os terroristas para defender o nosso povo. Logicamente, eles não eram os únicos, mas faziam parte dos mecanismos mediante os quais o país se informava e podia prever esses fatos. Vocês lembrarão o que aconteceu. Até o FBI o enviaram a ver, para verificar, foram lhes dados todos os elementos de juízo, e aos poucos dias o que fizeram foi procurar pista, talvez já tinham algumas, prender esses companheiros e lhes submeter ao procedimento atroz ao qual lhes submeteram. Estão sozinhos, não podem nem conversar entre eles, em lugares distintos. Há parentes íntimos que não tem podido visitá-los. Os descarados que se rasgam as vestes contra da Revolução que com toda justiça combate aos mercenários que apóiam o terrorismo, que apóiam o bloqueio, que apóiam as covardes ações contra o nosso país não dizem nada sobre aqueles que estão ali presos. Não lhes restará a mínima moral, que hoje esta à altura das solas dos sapatos deles, como tem estado sempre ao longo da historia, desde as suas existências como nações industrializadas, explorando povos, explorando continentes e explorando ao mundo. Mas quando relatamos aquele episódio sobre o que informava García Márquez, ficamos à espera do que diriam os chefes do império, se era verdade ou mentira que o tínhamos informado ao Presidente dos Estados Unidos, se era verdade ou mentira. Não tem dito uma palavra. Não tem dito uma palavra: eu recebi esse relatório, ou eu não o recebi, o FBI o conheceu ou não o conheceu; o FBI viajou para Cuba ou não viajou para Cuba; o FBI recebeu tais e quais relatórios, muitos dos quais provinham desses companheiros que estão ali presos. Esses companheiros não só defenderam o povo de Cuba; defenderam o povo dos Estados Unidos, aos cidadãos norte-americanos das ações da máfia terrorista de Miami e dos assassinos do bando de Posada Carriles. Ninguém tem ouvido uma palavra, não dizem, não falam, e informam sobre a liberdade de imprensa, e jornalistas sem fronteiras. Não é mesma coisa jornalistas sem fronteiras que jornalistas sem vergonha, carentes de honra, que são os que se dedicam a divulgar as mentiras e vivem também do império. Há muitos parasitas que vão ficando por ai vivendo graças ao suor dos trabalhadores e dos camponeses do mundo, e nomeadamente dos trabalhadores e dos camponeses do Terceiro Mundo, que hoje constituem as três quartas partes da Humanidade. A extraordinária resposta de inúmeros intelectuais do mundo, junto de personalidades políticas e sociais, para a convocação realizada em apenas dias pelas organizações do nosso país para o Encontro Internacional Contra o Terrorismo, pela Verdade e a Justiça, tem nos ratificado o valor das idéias no combate contra as mentiras e os crimes do império e o poder de convocação de Cuba à unidade e à participação na luta estratégica contra da hipocrisia, a dupla moral e o uso da força por parte do poderoso vizinho do Norte. Todo isso é prova da admiração e do respeito que inspira a obra extraordinária do nosso povo face às maiores ameaças, e fruto do papel de vanguarda que a intelectualidade cubana tem assumido nestes anos criadores e fecundos da Batalha das Idéias. “...a mãe do decoro, a essência da liberdade, a manutenção da Republica e o remédio dos seus vícios, é, por cima de todo o resto, a propagação da cultura “, disse com profundeza e beleza Jose Martí. Os instrutores de arte que hoje graduamos levarão para as suas lições a riqueza cultural da nossa nação ao longo da sua historia e formarão às nossas crianças e adolescentes para os caminhos da cultura e sabedoria que a Revolução tem lhes aberto. A sua importante obra ira se somar aos esforços dum país que está vivendo um impressionante momento de criação em todas as manifestações artísticas. Tornar-se-ia longo enumerar os fatos que neste domínio estão acontecendo. Baste mencionar que temos um sistema de ensino artístico único no mundo. Foi realizada neste ano a graduação de 1 091 artistas do nível médio e superior das escolas de arte do país. Um exemplo são os work-shops vocacionais de arte da Escola Nacional de Balé, com a participação de 4 000 crianças e adolescentes, começarão o seu quarto curso e continua-se trabalhando no aperfeiçoamento dos programas docentes de balé, dança, música e artes plásticas que ali são ministrados. Como parte dos programas da Batalha das Idéias 1 806 jovens, procedentes dos Cursos de Superação Integral para jovens sem ligação de trabalho, graduaram-se em data recente dos Cursos de Promotores Culturais os quais são ministrados nos Centros de Superação para a Cultura das Direções Provinciais da Cultura. O país e a sede de importantes eventos e festivais que com um melhor desenho, participação popular e intelectual, tem contribuído à divulgação do melhor da cultura cubana e tornaram-se em espaços de encontros, debates e representações artísticas como: o Festival do Novo Cinema Latino-americano, o Festival Internacional de Balé, o Salão de Arte Contemporâneo, A Jornada Cucalambeana em Las Tunas; o Festival de Cinema Pobre em Gibara, o Festival Benny More de Cienfuegos, o Festival do Caribe em Santiago de Cuba, dedicado a Venezuela, as Romerias de Maio e a Festa da Cultura Latino-americana de Holguín. Os artistas e intelectuais cubanos reunidos sob a convocação Em defesa da Humanidade, tem sido estandartes da batalha das idéias em escala internacional concertando ações, convocando aos reconhecidos intelectuais do mundo, difundindo o pensamento de avançada e também tem sido esclarecidos combatentes da nossa luta pela cultura, pela liberdade e pela dignidade plenas do nosso povo. Ao concluir as minhas palavras, caríssimos instrutores de arte, me compraz repetir hoje o que lhes disse há um ano aos graduados do primeiro curso na cidade de Santa Clara: !Avante, valentes porta-bandeiras da cultura e do humanismo! (Aplausos prolongados e exclamações) Toda uma vida de gloria vós espera!

Viva a cultura e a arte! (Exclamações de: Viva!) Viva a Humanidade! (Exclamações de: Viva!) Pátria ou Morte! Venceremos! (Ovação)

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