Portugal: A (des)organização do Campeonato Mundial de Andebol

Foi com uma onda de optimismo e alegria que os praticantes de Andebol receberam a notícia de que Portugal seria anfitrião do Campeonato Mundial de Andebol. Porém, não só a boa vontade chega para organizar um evento deste tamanho.

Há muitas lacunas e com o Euro 2004 prestes a começar, que é um evento muito maior, não seria má ideia as autoridades competentes prestarem atenção às críticas, em vez de as denunciar e refutar, como é habitual.

Após cinco dias de tentativas, Pravda.Ru ainda não recebeu nem a cortesia duma resposta da Federação Portuguesa de Andebol, relativamente à acreditação dos jornalistas para assistirem aos finais em Lisboa. O correio electrónico à FPA foi devolvida, com a mensagem que o endereço não existe.

As telefonemas para a FPA nada revelaram, pois ou não atendiam os telefones, ou estavam interrompidos, durante, respectivamente, 46, 31, 27 e 22 minutos. Não desistimos. Fomos ao sítio do Campeonato na Internet e tentámos uma abordagem através do Espaço para a Imprensa. Deparámos com uma página em branco.

Colegas nossos que vão participar no Mundialinho de Andebol esta Sexta-feira (depois de amanhã), uma competição para crianças, telefonaram à FPA (estes tiveram mais êxito que nós) e responderam que ainda nada sabem sobre a organização deste evento.

Estes pontos relativamente à organização. Quanto aos jogos, tudo vai bem, mais ou menos, com a excepção dos relógios do jogo que não funcionaram devidamente em pelo menos dois jogos, de acordo com contactos internacionais a Pravda.Ru.

Finalmente, ao nível nacional, se o projecto de receber o Campeonato tinha como objectivo estimular o desporto a um nível nacional, como se pode defender uma política que visa mostrar só os jogos de Portugal nos canais estatais de televisão, e depois os finais? Nem os jornais prestaram muita importância a um evento que deverá prestigiar o país. O resultado é o que se vê. Um Campeonato Mundial que até agora passou ao lado do país e que vai passar lado da vasta maioria da população que não está ligada ao desporto.

A ideia era fomentar o contacto com o Andebol, um desporto em franco crescimento a nível nacional. Se a televisão não mostra os jogos e a Federação ou é incomunicável, ou não sabe responder às perguntas que se lhe colocam, ou a lógica dos organizadores deste evento está fora da nossa compreensão, ou a organização foi feita, como sempre, com uma tamanha falta de visão.

Como sempre, falta um plano, falta planeamento, quer a nível de desporto, quer a nível político. Vai algo mudar? Provavelmente, não. Utilizar-se-á a velha frase-de-escape, que é fácil arrotar sempre que a nação é criticada: “Quem não está bem, muda-se”.

Cristina GARCIA PRAVDA.Ru COIMBRA PORTUGAL

Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter

Author`s name Pravda.Ru Jornal
X