CSKA Campeão da Rússia

Se bem que faltem apenas alguns dias para o encerramento do campeonato nacional de futebol, o nome do vencedor já pode ser anunciado: é a equipa do CSKA (Clube Desportivo Central do Exército) que em 29 desafios ganhou 59 pontos, adiantando-se em 6 pontos em relação ao seu adversário mais próximo e tornando-se, assim, o líder incontestável.

O CSKA é um dos clubes mais antigos no mundo futebolístico da Rússia. Teve o período de auge nos anos 40 e 50. Após a Segunda Guerra Mundial, nos primeiros sete campeonatos nacionais da URSS o clube, dirigido e orientado pelo técnico Boris Arkadiev ganhou cinco! E nos anos de 1946 a 1948 saiu vencedor durante três anos seguidos. Tal recorde só pertenceu ao "Dínamo", de Kiev, nos tempos da União Soviética. Depois, o CSKA teve duas vitórias, em 1948 e 1951, na Copa Nacional.

O próximo sucesso do CSKA só viria passados 40 anos - ou seja, em 1991. Era o último ano da existência da União Soviética. Com a sua brilhante actuação o CSKA pôs o ponto final na história dos campeonatos e torneios dos tempos soviéticos.

Nos campeonatos da Rússia que começaram em 1992, o clube não teve actuações dignas de seu relevo anterior, confirmando, uma vez por outra, a performance do seu passado glorioso. Pois, a situação começou a mudar com o novo presidente do clube, Evgueni Guiner, que se propôs fazer renascer aquele time famoso, bem como as suas tradições anteriores. Para o efeito, contratou o treinador Valeri Gazzaev - orientador experiente, mas muito ambicioso -, que conseguiu uma alta classificação para o clube futebolístico "Spartak-Alania", da Ossétia-Norte.

Já na temporada de jogos de 2002, o tandem Guiner-Gazzaev esteve próximo a alcançar a vitória. No desafio com a "Lokomotiv", de Moscovo, a CSKA cedeu a liderança passando a situar-se no segundo lugar, mas reservando consigo a Copa Nacional. Na presente temporada os militares mostraram-se superiores em todos os parâmetros, fora da concorrência. Tiveram uma certa quebra resultante da derrota inesperada com a "Vardar" numa das etapas eliminatórias da Liga Europeia, mas o time teve força para se recuperar rapidamente depois deste insucesso. Gazzaev teve certos desgostos porque combinava as funções no clube e as de técnico da selecção nacional da Rússia. Depois de sucessivas derrotas da selecção, Gazzaev resolveu pedir a demissão. Mas com a equipa militar teve sempre sucesso e elogios merecidos.

Este ano a equipa fez duas aquisições valiosas que aumentaram sensivelmente o seu potencial. Foram contratados o defesa Irzi Jarosik, da República Checa e o dianteiro da Croácia, Ivica Olic, que imprimiu o dinamismo aos ataques dos futebolistas militares. Outro contratado - o semi-defesa bósnio Elver Rahimic - resultou bastante útil para o time. Contudo, não se pode dizer que o clube CSKA aposta nos contratados no estrangeiro. A medula da equipe é composta essencialmente dos jogadores russos. São dois guarda-redes iguais em suas capacidades - nomeadamente, Igor Akinfeev e Veniamin Mandrýkin, os defesas Andrei Solomatin e irmãos Aleksei e Vassili Berezutski, semi-defesas Igor Yanovski, Serguei Semak e Rolan Gussev, os atacantes Denis Popov e Dmitri Kiritchenko. Quase todos eles marcaram a sua presença e boa perfomance na selecção nacional.

Se os futebolistas do CSKA ganharam com antecipação medalhas de ouro, os seus colegas do "Zenith", de São Petersburgo, garantiram para si as de prata. É um grande sucesso do time, hoje treinado, orientado e capacitado pelo técnico estrangeiro, o checo Vlastimil Petrzela. O "Zenith" ganhou este ano, pela primeira vez, a Copa de primeira liga sendo assim possível constatar um grande avanço dos jogadores de São Petersburgo, dos quais o maior realce tem o jogador da selecção nacional Aleksandr Kerjakov, um dos atacantes mais eficazes do campeonato nacional da Rússia.

É desconhecido por enquanto o nome do terceiro premiado. Ou será o "Lokomotiv" de Moscovo, campeão nacional do ano passado, ou um estreante da primeira liga - o "Rubin" da cidade de Kazan (bacia do Volga), que está à frente da equipa capitalina por um ponto só. É difícil acreditar que o titulado "Lokomotiv" vai ficar satisfeito com a medalha de bronze, ao passo que para o "Rubin" seria um verdadeiro triunfo. Digo que a performance do time de Kazan foi sensacional no presente campeonato. Nem se pode dizer que foi um pulo ocasional: a equipa está bem completada, o jogo dela é bem inteligente por critérios tácticos e, ainda por cima, orientações sábias do técnico Kurban Berdyev que pode ser qualificado como a maior descoberta do campeonato.

A temporada passada foi bastante difícil para o futebol russo. A selecção nacional começou bem a luta por participar no campeonato europeu em Portugal, em 2004, mas com dois fracassos sucessivos perdeu esta possibilidade. O novo treinador que chegou a dirigi-la nos finais de Agosto, Gueorgui Yartsev, conseguiu consolidar a equipa e sintonizá-la para o êxito nas partidas decisivas do torneio por grupos. O empate com a Irlanda, as vitórias sobre a Suíça (4:1) e a Geórgia (3:1) possibilitaram aos jogadores russos classificar-se no segundo lugar que lhes dá uma chance de entrar na parte final do campeonato europeu. Doravante, tudo depende de dois desafios com o "Wales" para realizar o sonho maior.

No que respeita ao torneio da Liga Europeia, uma performance razoável rende o "Lokomotiv" de Moscovo que se encontrou ao lado de tais clubes de alto renome como o "Inter" de Milão, o "Arsenal" de Londres, o "Dinamo" de Kiev. Os moscovitas entraram no torneio com o fracasso em Kiev, depois empataram com o "Arsenal" (0:0) e infligiram uma derrota aos italianos (3:0). Assim sendo, o "Lokomotiv" tem esperanças para se situar na segunda etapa da Liga.

Na batalha pela Copa UEFA intervêm com êxito os times de Moscovo, "Spartak" e Torpedo". Ambos saíram na 32.ª final e avançam seguramente para a etapa seguinte. Dum modo geral, o futebol russo atravessa notáveis transformações. O grande capital investe mais e mais dinheiro, compra clubes estrangeiros, contrata com audácia jogadores estrangeiros. Todavia, dá pena constatar que estes convidados não possuem um nível elevado. São capazes de ajudar na solução das tarefas de momento, mas incapazes de dar o brilho, o lustre, à equipa tomada como conjunto. A sua performance nada dá aos jogadores russos de nova geração que não querem aprender das mediocridades, antes sim das "estrelas" de alta classe. Digamos, como aquelas que estão congregadas no "Chelsea" de Londres, há pouco adquirido pelo magnata russo Roman Abramovitch. Se este oligarca tivesse adquirido um clube de futebol no seu país, o completasse, o equipasse como o "Chelsea", a torcida russa lhe diria "Obrigado". Porém, quem o agradece agra são os ingleses.

Valeri ASRIAN Fonte: RIA NOVOSTI

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