Mais uma crise política

Há duas razões apresentadas mas como sempre, quando as razões são mais que uma, cheira a desculpa. Primeiro, são as relações com os funcionários públicos, que fazem greve por causa da questão dos seus salários. Segundo, são as relações com a presidência envenenadas por causa da questão do petróleo offshore e a atribuição de licenças de exploração.

São sintomas mais uma vez de falta de concertação governamental com cada grupo a puxar por si e não pelo país e com cada grupo a dar uma palmada na cara da União Africana e aquilo que representa.

Se o povo são-tomense tem tido uma paciência enorme com essa classe política, é porque esperam uma amanhã melhor mas o que se vê sistematicamente são birras pessoais por grupos cujos interesses são ameaçados, como se tratasse dum território feudal e não um país.

Que vergonha!

Se o governo não tem o estofo para lidar com uma greve do sector público e se o Presidente não tem o espírito democrático a aceitar a negociação governamental na adjudicação dos cinco blocos de exploração petrolífera sem contrariar a vontade dos parlamentares, eleitos democraticamente, então é uma admissão que esse país ou nem merece esse estatuto ou então que a classe governativa é uma porcaria.

O povo exige saber, se os governantes do país são nacionalistas ou empresários? Os interesses deles estão em STP ou em Portugal?

O que interessa a São Tomé e Príncipe hoje é alguém que faz e não fala, em vez daqueles que falam e nada fazem. Alguém com um currículo já provado, não necessariamente em STP, alguém com contactos, com projectos de levar o país e não um clique de governantes, para a frente.

Assim fica claro que existem ondas de choque entre o Partido MLSTP/PSD de Vaz de Almeida e a Aliança Democrática Independente, por causa da demissão do Arlindo de Carvalho, antigo Ministro de Petróleo e líder da última formação e sendo este o vítima da diferença de opinião com o Presidente sobre a atribuição dos diplomas. Nos bastidores, surgem Guilherme Prosser da Costa, no MLSTP/PSD, para ser alternativo a Menezes.

No fundo, e como sempre, a presença de Washington. A firma “nigeriana” ERHC, que curiosamente é registada nos EUA, ficou com uma posição de destaque em duas concessões petrolíferas e uma presença nas outras três. Isso com o apoio do presidente, marcando o diferendo com o governo. EHRC está sediada em Texas e alguns membros do governo de STP são accionistas.

Será que o povo merece isso?

Leonor MARTINS PRAVDA.Ru

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