Barroso para Bruxelas?

Há dois dias, o Primeiro-ministro de Portugal, José Manuel Durão Barroso, declarou que não estava a contemplar aceitar a posição de Presidente da Comissão Europeia. Contudo, esta noite correm os rumores em Lisboa que na próxima Terça-feira, numa reunião extra-ordinária em Dublin, será apresentado como o sucessor de Romano Prodi.

Se for escolhido, Barroso será o candidato de compromisso, a eminência cinzenta não imediatamente identificado ou identificável, que não representa nenhuma fonte de poder (embora tivesse apoiado o acto de chacina de Bush no Iraque, por cobardia) e que não antagoniza nenhum dos centros de tomada de decisões na União Europeia, porque não pertence ao eixo alemão/francês/inglês/italiano.

Se a nomeação for confirmada na Terça-feira, deixará uma enorme brecha no governo português. Como líder do maior dos dois partidos na coligação no governo, o PSD (Social-Democrata), Barroso teria de ser substituído pelo número dois no PSD, Pedro Santana Lopes, actualmente Presidente da Câmara (Prefeito) de Lisboa, ou por uma dos vice-primeiro-ministros – a altamente impopular Ministra das Finanças, a seca e cínica Manuela Ferreira Leite, possivelmente a personagem política mais impopular na história recente de Portugal, devido à sua maneira de ser cruel (“Não há reformas sem dor”) e a sua insistência em aplicar políticas de laboratório.

Responsável em grande parte pela quase duplicação da cifra de desemprego numa sociedade presa na pior crise económica das últimas duas décadas, onde o salário médio é o mais baixo da Europa Ocidental (610 Euros) e onde os preços da comida estão entre os mais altos, Manuela Ferreira Leite teria de enfrentar um aumento em críticas durante os próximos dois anos, antes das próximas eleições legislativas.

Pedro Santana Lopes seria uma escolha mais popular no país e nas bases do partido, devido ao seu carisma, energia e habilidades como orador. Contudo, dentro do seu partido, só pode contra no apoio dum terço dos membros, quanto muito. Os outros, embora possam sorrir na sua cara, estão prontos para apunhá-lo nas costas porque está criticado por ser instável demais para ofício público e por não ter as qualidades para ser um estadista.

Os que o conhecem vêem outra realidade: uma pessoa emotiva mas não irracional, emocional mas humana, enérgica e apaixonada, amigo do seu amigo, solidário…mas inconsistente.

Dado que a coligação no governo (Sociais Democratas e Partido Popular, Conservadores) está cada vez mais atrasada nas sondagens, não só devido à política externa desastrosa mas também pela falta de sucesso em resolver os problemas económicos do país, que afectam uma fatia substancial da população e uma incapacidade total de comunicar com o povo, faria mais sentido que houvesse novas eleições, em que o Partido Socialista, o Bloco de Esquerda e a coligação entre o PCP e os Verdes (CDU), com certeza teriam ganhos.

O Presidente Jorge Sampaio tem de decidir entre as opções colocadas pela Constituição: nomear o novo líder do PSD, nomear um dos vice-primeiro-ministros, ou dissolver o Parlamento e chamar novas eleições. Seja qual for a escolha, as coisas não poderiam possivelmente ficar piores em Portugal ou para os portugueses.

Contudo, se o povo for consultado, escolherá com certeza um rumo à esquerda, parar tirar este pseudo-desgoverno cripto-fascista do poder que não merece, que foi causa da ruindade e miséria de tanta família portuguesa, na sua insistência em seguir ideias políticas de laboratório e a política monetária fundamentalista.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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