A estupidez da extrema-direita em Portugal

Poucas centenas de fascistas falhados apareceram no Martim Moniz em Lisboa no Sábado, levantando os braços direitos numa salvação hitleriana, cantando o hino nacional e reclamando contra imigrantes, que julgam sinónimos com crime.

Mas que estupidez. Esta manifestação de meia-duzia de gatos pingados, alguns com tatuagens dizendo “ódio”, outros com falta de cabelo, agiram em reflexo impensado à falta de profissionalismo demonstrado pelos média em Portugal no rescaldo dos “arrastões” na praia de Carcavelos e Quarteira que nunca existiram.

O “arrastão” perpetrado por “meio milhar” de jovens de descendência africana em Carcavelos afinal não passou duma orgia de imaginação resultado da vontade de criar sensacionalismo nos jornais e órgãos de comunicação social em Portugal. Para quem quisesse dar o trabalho de pesquisar a peça antes de o escrever, havia dois grupos de jovens negros na praia, rivais. Uns já lá estavam a divertirem-se e outro grupo apareceu na paredão, numerando sensivelmente uns 50.

Foi este grupo que desceu para a praia, e alguns dos seus membros começaram a retirar objectos. Menos que 50, longe dos 500.

No dia seguinte, um grupo de jovens negros decidiu fazer uma festa na praia de Quarteira. Vendo tantos negros juntos, e assustados pelos títulos dos jornais, os frequentadores da praia entraram em pânico, chamaram a polícia e a praia foi limpa aos chutos e ponta-pés, mas sem arrastão.

A extrema-direita, porém, é suficientemente estúpida a engolir tudo que o papel regurgita para eles e controladinhos que são, prisioneiros na enrede tecida pelos média, caíram como nem patinhos.

Imigrantes fora! Imigração é sinónimo com crime! Foram as palavras de ordem, gritos infantis duns fedelhos mal criados e sem qualquer formação nem substância.

Não sabem que Portugal precisa dos imigrantes para preencher os postos de trabalho? Não sabem que Portugal tem mais emigrantes fora do país do que o número de imigrantes cá dentro? Se os imigrantes têm de sair de Portugal, logicamente também os portugueses emigrados terão de voltar com o rabo entre as pernas. E se Portugal passou 500 anos a criar laços internacionais, inter-étnicos e inter-raciais, quem são esses covardes e qual é seu direito de denegrir meio milhar de anos de história que seu país tentou forjar?

Afinal são traidores à causa da história portuguesa, são traidores à noção da lusofonia e são um insulto à noção que os portugueses são um povo civilizado e preparado a enfrentar, com um espírito de dinamismo e abertura, o século 21 numa aldeia global.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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