Debate televisivo sem PCP

Debate na RTP/1 sobre «direita-esquerda» com exclusão do PCP

1. Precisamente numa altura em que se debate a liberdade de informação, o pluralismo e o respeito por opiniões diferentes nos órgãos de comunicação social, a RTP/1 teve ontem o chocante atrevimento de promover no programa «Prós e Contras» um debate sobre «direita-esquerda» de que foi ostensivamente excluído qualquer dirigente do PCP ou qualquer personalidade comunista.

2. A circunstância de, para um debate sobre aquele relevante tema, a RTP/1 - além de dirigentes do PSD e do CDS - apenas ter convidado para exprimir os pontos de vista da «esquerda» Manuel Alegre (dirigente do PS), Rui Pereira (ex- Ministro de um Governo do PS) e Francisco Louçã (dirigente do BE) põe em evidência o inconcebível critério de considerar mais importante assegurar a participação de duas personalidades da área do PS (provavelmente correspondendo a duas sensibilidades naquela área) do que assegurar a expressão das opiniões comunistas.

3. Não é possível deixar de entender que um tal critério, fruto certamente de premeditação e ponderação e não de mera distracção ou inadvertência, desvenda um intolerável propósito de, através da ausência ou exílio dos pontos de vista comunistas daquele debate, incutir de forma reflexa nos telespectadores uma ideia de irrelevância e insignificância do PCP e das ideias comunistas no quadro do importante tema em debate, o que constitui uma óbvia e descarada rasura da realidade, seja qual for o ângulo (influência eleitoral, presença e intervenção na sociedade portuguesa, projecto político e propostas diferenciadas, etc.) pelo qual a questão seja considerada.

Acresce ainda que, como era previsível num debate com aquele tema, de forma velada ou explícita nele não faltaram observações e juízos críticos sobre reais ou supostas orientações e posicionamentos do PCP que, magnífico contraditório!, ficaram ou impunes ou sem a devida resposta dado o afastamento de qualquer comunista do debate.

4. Nestes termos, faz todo o sentido que as justas e preocupadas reflexões que estão em curso, em volta do «caso Marcelo Rebelo de Sousa», sobre a liberdade de informação, o pluralismo e as orientações de empresas de comunicação social não esqueçam e antes integrem uma viva atenção crítica face a orientações, critérios e práticas de ostensiva discriminação como as que persistentemente atingem o PCP.

Partido Comunista Português

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