Portas contra pacifistas

Não surpreende ninguém que o Ministro de Defesa português quer uma guerra contra o Iraque, nem só pela tutela mas também e principalmente, por vontade de ganhar um protagonismo pessoal.

Paulo Portas, líder do Partido Popular, que, de acordo com as últimas sondagens, não o é, conseguiu obter três lugares neste péssimo governo de coligação com o Partido Social Democrata, liderado por José Barroso. Porém, como acontece com todos aqueles que vendem a sua alma ao Diabo, este senhor perdeu a sua identidade e o controlo sobre o seu futuro.

Colando o seu partido, que tinha o seu próprio espaço na ala direita política, ao PSD, arriscou tudo na luta cega pelo poder, o resultado sendo que o PP vai-se fragmentar com o antigo dirigente, Manuel Monteiro, programando o lançamento do seu próprio partido, que defende o espaço que Portas abandonou, para este Julho.

O seu estilo de fazer a política segue o mesmo rumo de Portas, o jornalista, que, tal como Jabba the Hutt da Trilogia Guerra das Estrelas, era um espécie de monstro que consumia tudo à sua volta. Muitas foram as críticas dele ao partido com o qual formou este governo, depois de ter arrancado o partido das mãos de Manuel Monteiro por um processo constante de apunhaladas nas costas.

Agora Paulo Portas decidiu insinuar que ser pacifista significa estar ao lado dos ditadores. Declarou no jantar da tomada de posse das concelhias do CDS/PP de Viseu, que “Uma coisa é a paz, outra são os pacifistas”, como se pudesse haver uma sem a outra. Tais declarações são um constante do líder do PP, que não resistiu fazer um ataque ao Partido Socialista, cujo membro, o então Presidente da Câmara de Lisboa, Dr. João Soares, foi a Belgrado numa missão de solidariedade antes do ataque criminoso da NATO contra a Jugoslávia e referir que o ex-presidente deste país, Slobodan Milosevic, está “sentado no banco dos réus, acusado do genocídio de um povo”.

Há que lembrar ao Paulo Portas que o ex-Presidente da Jugoslávia está sentado num tribunal na Haia porque foi raptado, contra as leis nacionais da Sérvia e Federais da Jugoslávia, numa decisão-relâmpago tomada por uma fracção do governo de sicofantas orientados por Washington.

Tal como a administração Bush, que Paulo Portas parece tanto admirar, refere no mesmo discurso ao Iraque e ao terrorismo internacional. Há que lembrar ao senhor Paulo Portas que Osama Bin Laden e Saddam Hussein são opostos no mundo árabe. O primeiro já instigou os cidadãos do Iraque a fazerem uma sublevação para derrubar o regime que ele considera “socialista" e "infiel” ao Allah. Foi Osama Bin Laden que quis combater o exército iraquiano no Kuwait e foi por causa da decisão do governo saudita deixar que os EUA assumissem este papel que virou o antigo aliado de Washington contra os seus mestres.

Há que lembrar ao Paulo Portas que os pacifistas não são uma mão-cheia de cobardes que querem colaborar com terroristas. Os pacifistas, se o senhor Paulo Portas ainda não percebeu, são a vasta maioria das pessoas no nosso planeta, que acham com razão que não há justificação nenhuma para esta guerra contra o Iraque.

Se o senhor Paulo Portas não tem nada de jeito para dizer, sugerimos que fique calado.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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