Brasil e Índia asseguraram que o G20 está mais unido que nunca

Nesta quarta-feira, Brasil e Índia asseguraram que o G20 está mais unido que nunca, apesar das profundas discrepâncias que se manifestaram nesse grupo de países emergentes durante as fracassadas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Genebra, segundo a AFP.

"O G20 permanece tão unido quanto antes. Graças à posição do G20 conseguimos chegar tão longe", disse o ministro indiano do Comércio, Kamal Nath, após ter se reunido com o chanceler brasileiro Celso Amorim.

Amorim lamentou o fracasso das negociações, mas saudou o fato de que o G20, desde seu surgimento em 2003, tenha dificultado os acordos "entre ricos".

"Há muitas razões para estarmos tristes, pois todos nós queríamos concluir (um acordo). Mas o que podemos comemorar é que os acordos (na OMC) já não sejam feitos somente entre países ricos. Eles têm que nos levar em consideração, e isso continuará sendo assim", afirmou.

O compromisso inicial do G20 era lutar contra os subsídios agrícolas da Europa e dos Estados Unidos, sem ter um projeto comum relativo à abertura dos mercados industriais.

Mas nos nove dias de negociações de Genebra, concluídos na terça-feira sem resultado algum, esse núcleo apresentou divisões claras entre seus dois líderes -Índia e Brasil- e entre seus outros membros.

O Brasil apoiou de maneira clara as propostas apresentadas pelo diretor geral da OMC, Pascal Lamy, para evitar o fracasso da Rodada de Doha.

A Índia se opôs a esse plano, e as negociações acabaram fracassando diante da impossibilidade de se encontrar uma solução de compromisso entre a Índia, que exigia a aplicação de um mecanismo de proteção de seus mercados agrícolas, e os Estados Unidos, que o rejeitava.

Entre os membros do G20, Paraguai e Uruguai, cujas economias dependem em grande parte das exportações agropecuárias, estavam entre os críticos mais ferrenhos da posição da Índia.

O apoio do Brasil às propostas de Lamy gerou o descontentamento da Argentina, seu principal sócio no Mercosul.

"O G20 é um grupo com interesses diversos. Isso é o que lhe dá credibilidade", afirmou Nath.

Amorim foi na mesma direção: "O G20 é um grupo muito diversificado de países em desenvolvimento, uma força nova na OMC", explicou.

A representante de Comércio dos Estados Unidos, Susan Schwab, elogiou nesta quarta-feira o papel de "liderança" do Brasil nas negociações, e criticou a posição da Índia.

"Todos os países se mostraram flexíveis menos um", disse Schwab em referência à posição da Índia nas reuniões entre os ministros das sete potências comerciais (Estados Unidos, União Européia, Índia, Brasil, Japão, Austrália e China).

"O ministro Amorim, individualmente, e o Brasil, como país, deram mostras de liderança", destacou Schwab em uma entrevista coletiva à imprensa.

O G20 surgiu como um ator de peso na Conferência da OMC em Cancún (México) em 2003.

Atualmente conta com 23 membros: Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, China, Cuba, Equador, Egito, Filipinas, Guatemala, Índia, Indonésia, México, Nigéria, Paquistão, Paraguai, Peru, África do Sul, Tailândia, Tanzânia, Uruguai, Venezuela, Zimbábue

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