BC projeta crescimento no segundo semestre

O Banco Central acredita que as perspectivas da economia brasileira para este segundo semestre são melhores do que as do início do ano, indica a ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) realizada na semana passada, que decidiu pelo corte de 2,5 pontos percentuais na taxa básica de juros.

"A atividade econômica, particularmente no último trimestre de 2003, deverá se beneficiar dos efeitos dos cortes na taxa de juros básica nas últimas três reuniões do Copom e da redução recente no recolhimento compulsório sobre depósitos à vista. O aumento dos rendimentos reais, que deverá ocorrer com a queda da inflação, será um fator importante para a sustentação da retomada da atividade econômica", diz a ata.

No período, a taxa básica de juros baixou de 26,5% para os atuais 22,0% ao ano. Além disso, caiu de 60% para 45% a parcela dos depósitos que os bancos comerciais são obrigados a reter no BC sem remuneração, aumentando a liquidez na economia. O documento do Copom afirma que essas medidas foram possíveis porque a política econômica adotada pelo governo Lula conseguiu, no primeiro semestre, frear a inflação — a meta para este ano é de 8,5%.

Nos últimos 12 meses, a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulou 10,83%, recuando pela primeira vez neste ano. No acumulado para os próximos 12 meses, o mercado financeiro projeta hoje uma taxa de 6,4%.

A melhora no cenário econômico, de acordo com a ata, também está se refletindo na medida do risco-país, indicador da confiança dos investidores estrangeiros na capacidade de um país de pagar sua dívida, que na quarta-feira encerrou em 687 pontos, o resultado mais baixo desde fevereiro de 2001.

Recuperação Na ata, o BC informa ainda que a atividade econômica continuava em queda no final do segundo trimestre, mas avalia que não se trata de uma desaceleração generalizada, pois "algumas atividades importantes, como agricultura e setores ligados à exportação, vêm apresentando elevadas taxas de crescimento".

Nesta quinta, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou dois levantamentos que corroboram a análise expressa na ata do Copom, ao apresentar os dados do PIB (Produto Interno Bruto, soma dos bens e serviços produzidos no país) e da expectativa com a safra de grãos neste ano.

De acordo com o IBGE, o PIB apresentou queda de 1,6% na comparação do segundo trimestre com o primeiro de 2003. Na comparação do primeiro trimestre com o último de 2002, já havia ocorrido um recuo de 0,6%. No acumulado do semestre, porém, o PIB apresentou crescimento de 0,3% em comparação com o mesmo período de 2002, com crescimentos de 5,7% na agropecuária e de 0,4% nos serviços e queda de 0,5% na indústria.

Já a produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deve alcançar 120,865 milhões de toneladas neste ano, um resultado 24,38% superior ao de 2002, anunciou o IBGE. Em relação ao milho de segunda safra, espera-se uma produção de 11,5 milhões de toneladas, superior em 84% à do ano passado (6,2 milhões de toneladas) — o melhor resultado do país desde meados da década de 1980.

Exportações Os dados do IBGE para o PIB mostram ainda que as exportações brasileiras cresceram 25,3% no primeiro semestre de 2003, em comparação com o mesmo período do ano passado. Nesta quinta, em audiência na Câmara, o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, destacou que o agronegócio tem sido o principal responsável pelo superávit na balança comercial, de US$ 14,369 bilhões até o último dia 25.

Segundo Lopes, o agronegócio também tem se beneficiado do ingresso de investimentos estrangeiros diretos (na produção), com 4% do total. Neste mês, a previsão é de que o país receba US$ 1,1 bilhão — até dezembro, o montante deve ficar em US$ 10 bilhões.

Em nota, o Ministério do Planejamento, ao comentar os dados do PIB, também citou indicadores que "apontam para a recuperação do nível de atividade a partir do terceiro trimestre e aceleração da produção industrial e das vendas do comércio no último trimestre do ano".

Segundo o texto, "desde julho os níveis dos estoques indesejados, na indústria paulista, já começaram a diminuir; a produção de papelão ondulado para embalagem, um dos termômetros de recuperação do nível de atividade, nas quatro primeiras semanas de agosto, cresceu 8%; e a utilização de capacidade das indústrias de papel e papelão, química e têxtil do Estado de São Paulo atingiu 88%, 84% e 83,5%, respectivamente".

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