Missionária brasileira estuprada e morta em Moçambique

Doraci Edinger, missionário brasileira, que prestava auxílio humanitário em Moçambique há seis anos, foi estuprada e morta no seu apartamento em Nampula, o epicentro do escândalo do tráfico internacional dos órgãos de crianças.

Doraci Edinger se queixava das ameaças de morte que recebia. Por quê razão uma religiosa que trabalhava voluntariamente na prestação de serviços humanitários a crianças, recebe uma ameaça de morte?

Porque Nampula é o epicentro do escândalo revelado por outra religiosa brasileira, Elilda dos Santos, em Dezembro de 2003.

Elilda dos Santos deu a alerta a notar que dezenas de crianças tinham desaparecido, depois apareceram os corpos de algumas crianças degoladas ou sem olhos ou órgãos genitais.

Em 30 de Dezembro de 2003, a Procuradoria-Geral da República (PGR) de Moçambique declarou que “a PGR, através da sua Unidade anti-corrupção, ordenou, recentemente, a detenção de alguns indivíduos acusados de fazer parte de uma rede que nos últimos tempos estava a traficar menores”.

Em 14 de Janeiro de 2004, foram anunciadas três detenções em Manica “no seguimento de investigações da PGR sobre o tráfico dos órgãos humanos” (RDP África).

O Procurador-Geral da República de Moçambique, Joaquim Madeira, confirmou o sucedido em entrevista com a Televisão de Moçambique (TVM) em 14 de Janeiro de 2004, onde ele confirmou a existência de tráfico de órgãos humanos não só em Nampula mas em Moçambique em geral.

Joaquim Madeira disse na entrevista que os principais suspeitos eram um sul-africano e uma norueguesa.

No dia 23 de Fevereiro de 2004, numa conferência de imprensa em Maputo, um porta-voz oficial da PGR da República de Moçambique declarou que as investigações apontavam para a não existência de tráfico de órgãos em Moçambique, referindo que após uma exumação de corpos, não havia “nenhumas evidências” para suportar este facto. Porém, a mesma fonte disse que iria ser estabelecido um posto de polícia em cada localidade onde estava suspeito o tráfico de órgãos.

Alice Mabota, da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, afirmou à imprensa que estava reticente quanto à conclusão dos médicos legais, porque as investigações não tinham sido feitas devidamente, opinião apoiada por Elilda dos Santos, que foi mais longe: não houve autópsias, as autoridades simplesmente abriram sepulturas, olharam para as ossadas e as atiraram outra vez para a campa.

Várias fontes fazem declarações sobre o desaparecimento de crianças, desde os pais destas a testemunhos oculares, que declaram, por exemplo, que dum dia para outro, as crianças que habitavam a Praia do Tofo em Inhambane, simplesmente desapareceram. Sendo as crianças sempre aquelas que habitavam nas ruas ou em bairros pobres, e sendo frequentemente os pais ameaçados se falassem, não há testemunhos que queiram dar o nome, mas não quer dizer que não há muitos prontos a falar quanto se sentirem seguros, muito mais agora que a imprensa internacional tomou conhecimento deste ultraje contra a humanidade.

Há por isso uma discrepância muito grande entre as declarações do PGR da República de Moçambique e da religiosa. Será que ela tem alucinações? Parece que não.

As suas declarações foram confirmadas por várias pessoas, por exemplo o Padre Firminho, um religioso português que afirmou à imprensa que tinha o conhecimento do desaparecimento de pelo menos 50 crianças.

O quê, afinal, está a passar em Moçambique? Por quê é que as crianças desaparecem ou aparecem mortas ou degoladas? Aonde vão as que desaparecem? Para a Ásia, para redes de prostituição, para apanharem SIDA e morrerem? E as que aparecem mortas, aonde vão os seus órgãos? Quem os tira? São vendidos para quem? Quanto dinheiro está envolvido neste negócio?

Há pessoas a mais a testemunhar para isso ser um boato. O governo já confirmou e depois negou a existência do problema. Por quê? Quem está atrás das pressões sobre as famílias, sobre a imprensa, quem está atrás do assassínio duma religiosa que dedicava seu tempo a ajudar os outros?

Essa pressão é para proteger alguém? Quem? Alguém da mais alta autoridade ou talvez um filho deste?

São essas as perguntas às quais os moçambicanos exigem uma resposta das autoridades, pois se as nossas autoridades são incompetentes para proteger as nossas crianças, são incompetentes para gerir o país.

Leonor MARTINS PRAVDA.Ru Departamento: ÁFRICA

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