Lula reforça que colocará fome na pauta do mundo

Lula anunciou que está pleiteando um encontro com líderes mundiais para 20 de setembro, quando ocorre a Conferência Anual da Organização das Nações Unidas. "Vamos transformar a fome em problema mundial. Eu sei que outros presidentes não têm a obrigação de terem passado o que eu passei, mas vou convencê-los de que o assunto é importante", disse Lula, no evento que prossegue até sábado no Centro de Convenções de Pernambuco.

Ele acrescentou que vai retomar o debate sobre o fundo mundial de combate à fome, tema que vem abordando em seus encontros internacionais. "Não interessa se esse fundo vai ser uma espécie de CPMF mundial, uma taxa sobre comércio de armas ou sei lá o quê, o que interessa é criar um fundo que possa garantir comida para os famintos do mundo inteiro", afirmou Lula.

Elogios O presidente fez um desagravo ao ex-ministro da Segurança Alimentar, José Graziano, criticado no primeiro ano de governo pela execução do programa Fome Zero. Lula disse que Graziano vai continuar trabalhando no governo, porque tem um "inestimável serviço a ser prestado ao país", como ministro ou não. Segundo ele, o ex-ministro cumpriu um "papel excepcional no momento mais difícil". "Por que vocês sabem que nesse país, a direita conservadora governou e ninguém cobra os resultados políticos de 10, 15, ou 30 anos de governo, mas quando somos nós que governamos, eles querem que a gente faça em um ano o que eles não fizeram em 50 anos", desabafou.

Críticas Em relação ao Fome Zero, o presidente ressaltou que o programa já atende 3,515 milhões pessoas, mas criticou prefeituras e governos estaduais. Dirigindo-se à Graziano, Lula disse que há muito para consertar, porque foram feitos convênios com prefeituras e governos, que não são atribuídos ao governo federal. "As pessoas pegam dinheiro do programa e utilizam como se fosse política do município, ou do Estado. Não aparece nem o Programa Fome Zero, nem o governo federal, que é uma coisa que nós vamos corrigir, porque nós queremos apenas ser respeitados naquilo que estamos fazendo neste país", declarou.

Lula criticou também o governo Fernando Henrique Cardoso por não colocar o combate à fome entre as prioridades de sua administração. Ele disse que o Brasil poderia estar realizando a quinta Conferência de Segurança Alimentar, mas está apenas na segunda. "Houve um governo, entre o Itamar Franco e o meu, que não entendia que era necessário combater a fome, porque para combater a fome, ou as pessoas têm compromisso e solidariedade com os outros, ou as pessoas já tiveram experiência de fome. Porque nem todo mundo que toma café da manhã, almoça e janta todo dia é obrigado a reconhecer que tem que se preocupar com aqueles que têm fome", disse.

Confronto Antes do presidente chegar à Base Aérea do Recife, um grupo de manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) realizou um protesto em frente ao Centro de Convenções que terminou em confronto com a Polícia Militar e com a prisão de 14 pessoas. Os manifestantes foram recebidos por Frei Beto, que recebeu a pauta de reivindicações e encaminhou para os órgãos competentes. No tumulto, a polícia chegou a atirar para o alto, na tentativa de dispersar o grupo.

Apesar das manifestações, o presidente Lula foi bastante aplaudido. Os próprios manifestantes, ao verem o presidente passar, gritavam para que ele acenasse na direção deles.

Agenda Hoje, o presidente cumpre uma agenda extensa na capital pernambucana. Às 8h30, o presidente e o ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, assinam convênio com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para investimentos em laboratórios da universidade. Depois, Lula segue para o bairro do Ibura, onde vai inaugurar uma maternidade. Em seguida, juntamente com o prefeito do Recife, João Paulo, o presidente inaugura o Conjunto Habitacional da Torre, que vai abrigar as famílias transferidas das palafitas da beira-rio. À tarde, o presidente segue para Belo Horizonte.

O presidente foi recebido em Recife pelo governador de Pernambuco em exercício, Mendonça Filho (PFL) e pelos prefeitos do Recife, João Paulo (PT), de Olinda, Luciana Santos (PC do B), e de Camaragibe, Paulo Santana (PT).

Lula estava acompanhado dos ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Humberto Costa (Saúde), Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia), Ciro Gomes (Integração Nacional), Walfrido Mares Guia (Turismo), Miguel Rosseto (Desenvolvimento Agrário), Matilde Ribeiro (Secretaria de Desigualdade Racial) e Nilcéa Freire (Políticas para as Mulheres), além do ex-ministro Graziano e Frei Beto.

PT

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