Fashion Week: Bossa Nova encanta o público

O Ronaldo Fraga, o poeta da passarela: “Não estou aqui para vender roupa mas para usar a moda e trazer as pessoas para o meu universo”. Seu desfile tem o poder de fazer a caneta ficar suspensa no ar sobre o caderno, incapaz de registrar qualquer palavra sobre tendência.

Ao som da voz delicada de Fernanda Takai, entre barquinhos de papel suspensos (cenografia de Clarissa Neves e Paulo Waisberg), as manequins evoluíram em modelos baseados numa foto de Nara Leão, em Paris, segundo Ronaldo, usando um vestido tulipa, meio saco de dormir.

Nara ressurgiu ilustrada em coloridas estampas com os grafismos das favelas e até no historicamente glamouroso vestido prata, usado por Fernanda Takai, lembrando o look da cantora ao interpretar “A Banda” no Festival da Canção de 1966.
“Nunca vi nada tão sofisticado e singelo. Estou emocionada”, disse Elke Maravilha, com imensos e longos dreadlocks coloridos. “Conheci a Nara. Naquela época o Rio era a cidade maravilhosa. Agora é Rio 40 graus, cidade maravilha da beleza e do caos. Pode ser mais complicado mas continua bem interessante”, declarou Elke.

Na coleção, Ronaldo tem suas roupas favoritas: “o modelo azul com os barquinhos pegando fogo. A Nara mostrou que o mundo era maior do que um apartamento na Avenida Atlântica. Outra roupa favorita minha é o vestido com a frase “Seja o meu céu” baseado na imagem feita de Nara pelo artista plástico Elifas Andreato no dia em que ela morreu”, afirmou o estilista.

Arte da rua, irreverência, streetwear de luxo com direito a Homer Simpson, Darth Vader e brincadeira gráfica com os logotipos das grifes Chanel, Yves Saint Laurent e Dior. Turco Loco, dono da marca, não tem medo de ser processado por ter usado os logos famosos. “A Cavalera pode. É a história dela. É uma brincadeira e ao mesmo tempo uma homenagem. Nesta coleção falamos da verdadeira arte, a arte das ruas, em que o artista produz sem se prender a dinheiro”, explica Turco, famoso por camisetas cult que brincam com a própria moda e seus ícones, como o modelo com a frase “Jesus me dê Fendi”.

Explicitamente futurista, a Vide Bula se excedeu nos metalizados, mas foi bem no jeans mais escuro para os rapazes. O homem de Mario Queiroz navegou bem em camisões brancos, bermudas mais compridas e estampas de mapas mas acabou literalmente preso como um peixe na rede, andando com dificuldade em algumas calças muito justas.

Hoje temos Reinaldo Lourenço, do Estilista, de Macelo Sommer e Huis Clos como destaques do penúltimo dia da São Paulo Fashion Week.

Fonte G1

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