Fome Zero é remédio, não droga

Afinal quem quer comer diz simplesmente que se está com fome e não que a conjuntura desfavorável inflação – desemprego – educação o levou a inanição. Os alcoólatras anônimos e outros grupos em busca de regeneração e reintegração na sociedade sabem que problemas começam a ser resolvidos quando se admite tê-los.

Por causa desse ineditismo de sinceridade, muitos percalços têm levado o Fome Zero a ser duramente criticado. Contudo, mesmo quem reclama da forma como ele vem sendo implantado, não questiona suas boas intenções.

Dos partidos de extrema esquerda aos não autoproclamados de extrema direita, não há quem não reconheça a urgência necessária com que devemos combater a fome. Afinal, que criança irá ter bom rendimento escolar, por mais estrutura pedagógica que esteja disponível, quando o tom de voz do professor compete com o ronco de seu estômago?

O Fome Zero do governo Lula é o programa unificador que venha a acabar com um problema hediondo: o excesso de programas assistências como o bolsa escola e bolsa renda que funcionam independentemente um do outro e desarticulados não só corre o risco de beneficiar as famílias de modo injusto como também dar margem aos desvios de verba.

Pois na história da humanidade, sempre houve e haverá governantes que lucrem com a fome de seu povo, aproveitando a confusão e a falta do poder de controle que deveria ser exercido por eles mesmos.

Outra questão diz respeito à dependência: o Fome Zero deve servir como um primeiro socorro de urgência para evitar que seres-humanos morram de fome no país que bate consecutivos recordes de produção agrícola. A partir daí, para que sejam pessoas dignas, as comunidades assistidas pelo programa deveriam tentar conseguir a própria subsistência. Fase, que um governo populista dificilmente gostaria que chegasse, pois eles preferem manter suas ovelhinhas em eterna dependência. Pois é sobre esse substrato que eles exercem o seu poder e criam para si próprios a figura de salvadores da pátria e pai de todos. Esse não parece ser o propósito do governo Lula.

O amparo do cidadão é um dever do Estado, mas mesmo assim é preciso estarmos preparados para que isso não se transforme em uma eterna dependência parasitária.

Adriano COSTA PRAVDA.Ru RIO GRANDE DO NORTE BRASIL

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