ECONOMISTAS DIVULGAM CARTA DE FLORIANÓPOLIS AO FINAL DO XVI CBE

Nos quatro dias em que o encontro foi realizado, seus participantes tiveram a oportunidade de acompanhar palestras proferidas por profissionais do mais alto nível bem como painéis e cursos oferecidos durante o evento.

Temas como Financiamento e Infra-Estrutura Econômica; Reforma Tributária; Nova Economia do Desenvolvimento e O Papel das Finanças Públicas no Crescimento Econômico Brasileiro, dentre outros, lotaram os auditórios onde as palestras e os painéis foram realizados. O número de participantes superou em muito a expectativa de seus organizadores. Tanto assim que, de última hora, a organização do XVI CBE teve que providenciar material extra do Congresso para os que ainda chegavam.

CARTA DE FLORIANÓPOLIS

Ao final do encontro, uma comissão especialmente composta pelos conselheiros Marco Antônio Sandoval e Ronaldo Rangel - efetivos do Conselho Federal de Economia (COFECON) – além dos economistas Reinaldo Gonçalves, João Paulo de Almeida Magalhães e Dércio Garcia Munhoz redigiram a Carta de Florianópolis. Nela, desmistificam aquilo que classificam de “espetáculo do desenvolvimento que não ocorreu”. Segundo o professor-doutor João Paulo, a visão governamental do “curto prazo” é equivocada – usada pelo Governo Lula apenas para justificar as altas taxas de juros.

GENTE DE PESO

O XVI Congresso Brasileiro de Economistas (CBE) foi oficialmente aberto na noite da última terça-feira (4), no Centro de Cultura e Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, e foi prestigiado pelo vice-presidente da República, José Alencar, pelo governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), por Dário Elias Berger, prefeito de Florianópolis, e por renomados economistas – a exemplo de Wilson Cano, João Sicsú, Leda Maria Paulani, Fernando Pedrão, Paulo Nogueira Batista Júnior, Gustavo Loyola e Rosa Maria Marques, além de outros.

PRÊMIO BRASIL DE ECONOMIA

Na ocasião, o economista João Paulo de Almeida Magalhães, ex-conselheiro efetivo do COFECON, foi agraciado com a medalha Personalidade Econômica do Ano.

O XII Prêmio Brasil de Economia também foi entregue durante a realização do XVI Congresso Brasileiro de Economistas. A premiação tem por objetivo incentivar a investigação econômica em geral e estimular economistas e estudantes a desenvolverem pesquisas voltadas para o conhecimento da realidade brasileira.

SALDO POSITIVO

Os anfitriões do evento, conselheiros Pedro Moreira – presidente do CORECON/SC – e Nelson Castello Branco Nappi, efetivo do COFECON por Santa Cataerina, avaliam o XVI CBE como altamente positivo. Prova disto foi a participação significativa de jovens universitário e de economistas respeitados por seus pares que compareceram ao encontro – promovendo o debate de questões relevantes no cenário sócio-econômico nacional.

O XVI Congresso Brasileiro de Economistas foi uma realização do Conselho Regional de Santa Catarina (CORECON/SC), Sindicato dos Economistas e Ordem dos Economistas do Estado de Santa Catarina. O COFECON foi promotor do evento.

Leia a seguir a íntegra do documento Carta de Florianópolis:

CARTA DE FLORIANÓPOLIS: Necessidade de Uma Visão de Longo Prazo para a Economia Brasileira

Em 2005, o Brasil completa 25 anos de semi-estagnação, com sério risco de estar renunciando à sua vocação histórica para o pleno desenvolvimento, decorrente de sua grande população, extenso território, abundância de recursos naturais e capacidade empresarial. O País corre o risco de perder a visão de longo prazo, traduzida em grande projeto nacional de eliminação do seu atraso econômico. A condução e avaliação da política econômica baseia-se em uma perspectiva estritamente de curto prazo.

Presentemente se afirma que a economia vai bem porque, apesar da crise política, a dívida pública continua sob controle, a inflação está em baixa e as exportações crescem rapidamente. No entanto, estimativas indicam que o país não terá uma taxa média anual de crescimento do PIB no período 2003-2006 superior à taxa média registrada nas duas últimas décadas e meia. Nem se leva em conta o fato de que o próprio crescimento de nossas vendas externas, usualmente apresentado pelo Governo como o principal sucesso de sua política econômica, ocorre principalmente nas “commodities” agrícolas e industriais, segmentos de lento crescimento de longo prazo no mercado mundial e de baixo valor adicionado por trabalhador. E, portanto, o setor exportador, apesar de sua grande importância, é incapaz isoladamente de proporcionar ao país o dinamismo econômico de longo prazo.

Na verdade, para que seja considerada satisfatória a situação da economia brasileira, o país deveria estar crescendo a 7% ao ano, resultado que registrou no passado durante 30 anos. Vale destacar que essa taxa é atualmente igualada ou superada por países em condições inferiores às nossas, em termos de disponibilidade de recursos naturais, população e território.

Os bons resultados das políticas econômicas da Índia e China, países de dimensões continentais como o Brasil, são avaliados em termos de nível médio do incremento do PIB e não somente dos equilíbrios de curto prazo, nas esferas cambial, fiscal e monetária. Estes são considerados em função de sua capacidade de influenciar, positiva ou negativamente, o crescimento do PIB e o processo de desenvolvimento. Na avaliação do resultado da política econômica brasileira, idêntico critério deve ser observado, juntamente com a redução da desigualdade social.

A presente visão “curtoprazista” da política econômica brasileira resulta nas políticas fiscal e monetária fortemente restritivas, com os objetivos de atrair o capital estrangeiro e controlar a inflação. Essas políticas são impeditivas do crescimento acelerado e sustentado da economia brasileira, ressaltando-se especialmente a nocividade dos altos juros vigentes.

Os debates e análises ocorridos no XVI Congresso Brasileiro de Economistas, realizado em Florianópolis, concluíram pela urgente necessidade de recuperar a visão de longo prazo na formulação e implementação de políticas econômicas para o país. Esse fato vem sendo reconhecido em recentes trabalhos individuais e coletivos recém-publicados, que apontam os meios e modos de recolocar o país em uma trajetória de crescimento acelerado. No mesmo sentido, instituições especializadas, inclusive o próprio Sistema COFECON/CORECONs, vêm explorando as condições e instrumentos a serem utilizados em políticas de longo prazo para o Brasil.

Os economistas estão, portanto, cumprindo sua missão. No entanto, para que os resultados pretendidos sejam alcançados, é indispensável que suas propostas e sugestões sejam apoiadas pelo Poder Público. Nesse contexto, as eleições de 2006 se revestem de grande importância. É fundamental que, no exercício de sua cidadania, os eleitores brasileiros escolham representantes que tenham propostas de projetos de longo prazo para o Brasil, capazes de resgatar nossa tradição histórica de crescimento acelerado, agora em associação com a redução das desigualdades pessoais e regionais de renda.

Florianópolis, 7 de outubro de 2005.

CONTATO:

Rita de Cássia Arruda Assessora de Imprensa do Conselho Federal de Economia (61) 3224-4385 / 9695-8893 (48) 3225-2766

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