Casem-se já ! A coisa tá russa!

Sempre que um brasileiro médio pensa na Rússia vem-lhe imediatamente à cabeça referências distantes e alegóricas: neve, frio, comunismo, vodka e , é claro, os carros da Lada. Mas onde será mesmo que fica a Rússia? Deve ser na outra metade do mundo! Parece ser grande! É na Europa ou Ásia? Ah...é ....fica nos dois continentes! Seguramente essas indagações e conseguintes constatações já foram feitas por milhares de brasileiros que tiveram algum interesse na Rússia.

A grande pátria dos Czares é um instigante mistério para os mortais deste lado de cá do globo. Um mundo que se desdobra entre outros tantos mundos, como aquelas bonecas ocas ,que trazem dentro de si cópias, também ocas , que nos fatigam e nos divertem com sua simplicidade pueril.

Por que diabos a Rússia é tão longe?....Bom, a depender do observador pode ser que o Brasil seja igualmente longe! Então diriam os russos: E o Brasil heim? Que distância.....! E que idioma falam esses seres tropicais? Português! – diria um russo a um colega intrigado – português!! Isso mesmo! – russo é que não havia de ser.

Aqui no Brasil quando não nos compreendemos em alguma conversação ou em algum bate-papo de bar , eis que surge a pergunta: Hei camarada, por acaso eu estou falando russo? Quando um brasileiro se encontra numa situação difícil ele logo se apressa em dizer: A situação tá russa! -Imagina só um russo dizendo a outro : Vladmir, como andam as coisas no trabalho? A coisa tá brasileira ,Bóris! – Já pensaram nisso?

É necessário que uma aproximação maior entre essas duas Grandes Nações se faça rápido. A Rússia e o Brasil são países que apresentam algumas semelhanças sócio-político-geografícas, guardadas as devidas proporções, naturalmente.

Pensemos num encontro...num encontro daqueles que fazem acelerar o coração dos que se vêem pela primeira vez, um caso de amor selvagem, forte....Rita Baiana – personagem de “O cortiço”, de Aluísio de Azevedo - e Raskolnicok- protagonista de “Crime e Castigo” de Dostoievski. Legítimos representantes de seus países.

Ela: Filha da pobreza e da mestiçagem luso-tropical do séc XIX. Cheia de dengos de mulata , manhosa, volúvel e pecadoramente sensual. Ele: Pobre como Rita Baiana, inteligente, letrado e chegado a uns disparates comportamentais. Talvez, se ambos um dia tivessem se encontrado seus destinos seriam diferentes. Rita enfeitiçaria o russo com seu tremer de cadeiras, convidando-o com um olhar descarado, entreabrindo o seu vestido para lhe mostrar suas coxas fartas . Raskolnikov não se faria de rogado e em pouco tempo estaria familiarizado com o fruto da terra brasileira. Ela tiraria dele o melhor que pudesse sorver de sua alma: disciplina, dedicação, um pouco – só um pouco – de introspecção. Raskol - porque ele passaria a se chamar assim - ficaria mais molinho, mais dengoso, teria preguiça em pensar as asneiras que lhe caracterizam o caráter. Ele se tropicalizaria um pouco e ela se encheria de metodismos necessários provindos lá do norte. É certeiro que ele não seria um assassino e ela teria sido mais pragmática e menos indolente. Essa relação seria formidavelmente equilibrada.

Bem, nota-se que um casamento entre Brasil e Rússia seria um daqueles matrimônios que ambos cônjuges tiram para si e com proveito mútuo, todas as benesses de uma relação equilibrada e sem dúvida apaixonada! Se até Rita e Raskolnikov mudariam seu destino se tivessem se encontrado, imaginem o quão fecunda seria ,então, a união entre Moscou e Brasília.

Essa distância tá russa!

Sócrates A. Bastos Salvador, Bahia , Brasil

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