Os dois maridos

Casou-se com ele. E, como um marido omisso, esta esposa, o modelo econômico com que havia casado, começou a mandar e desmandar na nossa casa, na nossa Pátria. Lula, quando ainda era candidato, dizia que iria mudar os rumos desta política, que iria mostra quem realmente mandava nesta casa, e que aquele modelo econômico que nos assolava - a esposa infiel do governo e do povo brasileiro – iria, de uma vez por todas, separar-se do presidente.

Agora, vem a revelação das verdadeiras relações carnais de Lula, ditas e assumidas na Bahia: “Sabe aquele negócio do ex-marido que não quer que a mulher seja feliz com o outro? Aquela pessoa fica torcendo para que o marido novo seja pior do que ele". Fernando Henrique é o ex-marido, Lula, o atual. Lula não é pior nem melhor que FHC, eles são iguais e a prova maior está aí, revelada pela citação do samba de Zeca Pagodinho: “Estamos de cabeça erguida, cantando a música do nosso Zeca Pagodinho, 'Deixa a vida me levar'".

Lula, na presidência, até agora, só vez isso: deixou a política entreguista de FHC conduzir nossa economia nacional, Henrique Meirelles subir os juros ao seu bel prazer, a dívida interna e externa subir cada vez mais, alicerçadas pelos altos juros, e o povo brasileiro empobrecendo cada vez mais.

O governo Lula é a continuação do governo de FHC, por isso os dois se duelam publicamente, por que estão defendendo os mesmo interesses, estão no mesmo nível ideológico e político. Alguns no Partido dos Trabalhadores, aqueles que ainda acreditam na construção de um país melhor, com políticas austeras, já começam a mandar recados ao presidente e a não seguir suas determinações, votando contra suas iniciativas. No caso da blindagem do deputado federal eleito pelo PSDB de Goiás – mesmo partido de FHC – e atual presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, foi um não de 28 votos dos 90 deputados que o PT tem na câmera, ou seja, 30% da bancada.

Lula, ao manter um tucano definindo sua política econômica, vem apenas aferir que o governo FHC estava certo quando resolveu arrendar o Brasil. Esta, verdadeiramente, era a mudança que Lula alardeava durante a campanha presidencial.

A manutenção e aumento do superávit primário - invenção e imposição do FMI - e a contenção de gatos e financiamentos das políticas públicas, são apenas algumas das facetas dos governos liberais de FHC e Lula. Os números dizem mais: "Dos R$ 12,5 bilhões de investimentos no Orçamento deste ano, o governo só autorizou gastar R$ 2,4 bilhões (19,4%)". Por que só gastou isto do que já estava previsto?! Por que o foco dos gatos deste governo é para pagar juros da dívida, para enriquecer banqueiro, e não para deixar o país se desenvolver, tornar-se uma grande Nação frente ao mundo.

O crescimento do nosso PIB só aconteceu por força da nossa economia, da nossa capacidade de enfrentar e vencer desafios. Não por méritos de políticas publicas, do governo. A Argentina, depois de beijar o fundo do poço, agora registra crescimento de 9,8% ao ano. Isso apenas revela que pelo nosso potencial, infinitamente maior que o da Argentina, de crescer, está bem aquém de nossas possibilidades. Vale lembrar que antes do país estruturado e industrializado, crescíamos à média de 7,5% ao ano. Época em que tínhamos presidentes capazes de enfrentar e romper com o FMI.

Mas, agora, vemos que tudo vai ao melhor estilo sambista de final de semana, com a vida nos levando, para onde?! Bem sei.

Petrônio Souza Gonçalves jornalista e escritor

E-mail: [email protected]

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