Caso Menezes: Só uma multa, sem singularizar os indivíduos responsáveis pela tragédia

Um Tribunal de Londres considerou ontem (01) a Polícia Metropolitana da capital britânica culpada por infrações contra a saúde e a segurança pública no assassinato de Jean Charles de Menezes em uma estação de metrô no dia 22 de julho de 1995. O júri determinou que a corporação será multada a 250 mil euros (R$ 600 mil) mais as custas do processo . A polícia ainda pode recorrer da sentença.

O Tribunal isentou Cressida Dick, a comandante que estava a cargo da operação, de responsabilidade individual pela morte do brasileiro. Após o anúncio, o chefe da polícia britânica, Ian Blair, rejeitou a possibilidade de renunciar ao cargo.

 Jean Charles, 27, foi morto por agentes da polícia britânica com sete tiros na cabeça no interior do metrô de Londres em 22 de julho de 2005. Duas semanas antes, quatro homensbomba promoveram atentados suicidas que provocaram a morte de mais 52 pessoas em três estações de metrô e um ônibus na capital britânica.

No decorrer do processo, os promotores afirmam que uma sucessão de erros em série resultou na morte de Jean Charles e colocou em risco a vida de pessoas próximas no momento dos acontecimentos. A corporação alegou ter cometido um erro, não um crime, e que atuava em legítima defesa em um momento de profunda insegurança.

Defesa
Segundo a corporação, foi difícil identificar o brasileiro porque ele teria fisionomia parecida com a do extremista Hussain Osman, procurado na ocasião. Depois do veredicto, o comissário da Polícia Metropolitana de Londres, Ian Blair, divulgou comunicado no qual dizia "lamentar profundamente" a morte de Jean Charles. A Polícia Metropolitana de Londres era julgada por violação da Lei de Segurança e Higiene no Trabalho de 1974, que obriga as forças de segurança a velarem pela integridade até mesmo dos que não são seus funcionários.

Os agentes envolvidos no caso foram absolvidos em um processo anterior. Ainda assim, em sua investigação, a promotoria britânica identificou 19 falhas na operação policial nas horas anteriores à morte de Jean Charles. O advogado de defesa da polícia, Ronald Thwaites, disse ao júri que Jean Charles estava agindo "de maneira agressiva e ameaçadora" quando foi interpelado pelos policiais, mas ativistas reagiram com protestos e acusaram a polícia de tentar denegrir a imagem do brasileiro.

A promotoria também acusou a defesa de manipular uma composição fotográfica juntando o rosto de Jean Charles e do suspeito Hussein Osman, com quem o brasileiro foi confundido, para fazer com que os dois ficassem mais parecidos. Antes do início do julgamento, o comandante da Polícia Metropolitana, Ian Blair, disse temer que um veredicto de "culpado" tivesse um impacto profundo no policiamento em toda a Grã-Bretanha, segundo Agência Estado .

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