Cabo Verde: 3 décadas de independência

Cabo Verde assinala três décadas de Independência

A cultura singular de Cabo Verde, a africanidade especial das nossas ilhas, a sodade dos cidadãos desta pérola no Atlântico, banhada pelas águas mornas, criaram um coração quente e morno que deu origem à Morna, canção-espelho das nossas almas. Hoje se sente com um sabor especial ser Cabo-Verdeano, africano, quanto baste, e com grande gosto e orgulho.

Celebrámos 30 anos de independência não com rancor de Portugal, país colonizador, mas com reconhecimento que juntamente com outros países, conseguimos fazer parte, criar nosso cantinho duma comunidade que é a CPLP, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, e sermos membro daquela comunidade que se chama Lusófona.

Cabe Verde soube utilizar os consideráveis recursos humanos numas ilhas quase sem recursos naturais, construir uma alternativa interessante em termos de turismo e crescer até atingir o rótulo de País de Desenvolvimento Médio neste percurso de 30 anos, que viu tantos filhos de Cabo Verde partir para Europa e América mas sem deixar por trás suas raízes, suas famílias, suas almas cabo-verdeanas.

São esses filhos que hoje em dia estão a regressar, construindo um país sem vergonha de existir mas simultaneamente de se assumir como diferente, mas um país africano, africano assumido, e nunca europeu.

Muitos foram os eventos no dia 5 de Julho para comemorar os 30 anos de Independência, o mais sentido dos quais foi talvez o depositar duma coroa de flores no mausoléu de Amílcar Cabral pelo Presidente Pedro Pires.

Entre os presentes na parada militar, à tarde, na Av. Cidade de Lisboa, foram Fradique de Meneses, Presidente de São Tomé e Príncipe, juntamente com os Presidentes dos Parlamentos dos CPLP.

Após os vários eventos culturais dos dias 4, 5 e 6, haverá no próximo final de semana um evento de ciclismo, a Prova Internacional de Ciclismo São Domingos Assomada, dia 9/10 e também uma Prova Internacional de Atletismo.

Hoje, na ocasião do 30º Aniversário da Independência, Cabo Verde se conta e se assume como membro da CPLP com muito orgulho. Será que vai continuar assim daqui a cem anos?

Atenção, que a Lusofonia é um conceito mais conhecido em Lisboa do que em qualquer outra cidade da comunidade CPLP, a Lusofonia passa pela condição da Lusografia. Para isso tem de haver um esforço constante da parte de todos os intervenientes em termos de educação e programas educativos e tem de valer a pena para todos, pois a lusofonia e a lusografia não podem constituir só um orgasmo português na sombra dos sonhos do passado.

Passam por um programa válido que liga gentes e povos mas com algum sentido de serem ligados, não por vontade dum elemento complexado pelo passado a impor uma ideia que é difícil de entender nas ex-colónias. Portugal não soube criar um Commonwealth, basicamente porque entendeu destruir 15 anos de entendimento quando o resto do mundo dizia ao contrário. Casmurrice, ou estupidez?

Por isso a Lusofonia e a Lusografia têm de passar pelas mãos de todos os intervenientes, não só um Portugal com problemas digestivos relativamente à sua história e com hérnias constantes relativamente à sua integridade.

John LOPES PRAVDA.Ru PRAIA CABO VERDE

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