Acessos em Cubatão

Milton Lourenço (*)

Com a entrada em funcionamento do Trecho Sul do Rodoanel em março de 2010, praticamente, dobrou o afluxo de carretas e caminhões ao Porto de Santos, deixando ainda mais evidentes os problemas viários nos acessos e nas rodovias que passam pelo município de Cubatão. Se algumas obras vinham sendo reivindicadas sem sucesso pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), de Cubatão, há pelo menos uma década, agora tornaram-se absolutamente necessárias.

Entre essas obras prioritárias que, com certeza, serão relegadas para a responsabilidade do próximo governo estadual, estão a duplicação do viaduto 31 de Março, no bairro do Jardim Casqueiro, que nas atuais condições não deverá suportar por muito mais tempo o volume adicional de carga que vem recebendo, e o redesenho do entroncamento da Rodovia Cônego Domênico Rangoni, antiga Piaçaguera-Guarujá, e a Via Anchieta, o chamado trevo de Cubatão, além da construção de um ramal a partir da rodovia até o porto de Santos, incluindo-se uma ponte no estuário, entre o bairro da Alemoa e a Ilha Barnabé.

Nas condições atuais, os equipamentos vêm prejudicando o escoamento da safra e os acessos ao Polo Industrial de Cubatão. Para piorar, na Rodovia Cônego Domênico Rangoni, as balanças estão mal localizadas, o que, em épocas de safra de açúcar e soja, contribui para o engarrafamento do trânsito. Explica-se: os caminhões são pesados sem que tenham de parar, é verdade, mas os motoristas necessitam reduzir sensivelmente a velocidade, o que acaba por obstruir uma das faixas da rodovia.

Na temporada, há um agravante: os caminhões passam a disputar espaço com os automóveis que levam e trazem os turistas do Litoral Norte. Em razão disso, há necessidade flagrante de que a Rodovia Cônego Domênico Rangoni seja dotada de uma via marginal que possibilite a separação do tráfego de cargas do tráfego turístico.

É de lembrar que a temporada de verão coincide com a safra de açúcar. Nessa época, o fluxo chega a ficar interrompido, isolando a cidade de Cubatão. Se, algum dia, ocorrer um acidente de grandes proporções, não haverá rota de escoamento para a passagem dos veículos do Corpo de Bombeiros. Seria uma catástrofe inimaginável numa região que já viveu um drama inesquecível, o da Vila Socó, em 1984.

Outra preocupação que se tem na região é a demora com que vem sendo feito o trabalho de remoção de famílias instaladas nos chamados bairros-cota, na Serra do Mar, em Cubatão. A previsão é que, até o final do ano, sejam removidas cerca de cinco mil famílias, ao custo de R$ 1 bilhão com o processo de realocação dos moradores em outras áreas. É de ressaltar que tudo isso se dá porque não houve, à época da construção das vias Anchieta e dos Imigrantes, qualquer providência para impedir que áreas de mananciais fossem invadidas.

Ao que parece, o mesmo processo de avanço indiscriminado já ocorre em terrenos lindeiros ao Trecho Sul do Rodoanel, especialmente nas proximidades das represas Billings e Guarapiranga. Basta passar por lá para se constatar que, daqui a alguns anos, o Estado terá de gastar mais recursos para combater a ocupação predatória do solo. Como se vê, as lições de Cubatão não foram aprendidas.

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(*) Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: [email protected] Site: www.fiorde.com.br

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