Violência de colonos Marroquinos contra saharauis incentivada pelo poder ocupante

Violência de colonos Marroquinos contra saharauis incentivada pelo poder ocupante

PUSL.- Brahim Hmad, saharaui dos territórios ocupados do Sahara Ocidental, foi brutalmente atacado por colonos marroquinos no passado dia 15 de Setembro às 2h30 da manhã em El Aaiun.

Estes ataques perpetuados por colonos marroquinos contra saharauis têm aumentado nos últimos anos, com total impunidade não havendo nenhuma ivestigação por parte das autoridades de ocupação nem tentativa de encontrar os culpados.

O caso mais mediático foi o do jovem Mohamed Lamin Haidala, vitima de um ataque que acabou por morrer sob custodia da policia marroquina após negilgencia médica grave e tortura a 8 de Fevereiro de 2015. A mãe reivindica o corpo do seu filho há anos, não houve nem investigação, nem autopsia, nem um funeral digno.

A familia Hmad é conhecida pelo seu activismo em defesa dos direitos humanos. Fadili, um dos primos de Brahim, foi assasinado em Dakhla, e a casa da familia incendiada.

No relato abaixo Brahim descreve o seu tormento, como foi ataquado na rua quando ia fazer umas pequenas compras na loja do bairro, por colonos marroquinos armados com machetes que o golpearam em todo o corpo.

Após horas de abandono no hospital apesar das feridas evidentes e sangrando profusamente acabou ser atendido apenas por um enfermeiro, sem nunca terem sido efectuados exames complementares ou ter sido chamado a policia.

Foi ele mesmo após ter sido "cosido" que se teve que dirigir ao posto de policia dentro do Hospital Ben El Mehdi para fazer queixa, queixa essa que foi ignorada, com a desculpa que não podiam fazer nada porque não sabia os nomes dos atacantes.

Este relato é um de muitos exemplos do que sofre a população saharaui nos territórios ocupados, onde não só é mantida baixo cerco constante por centenas de milhares de policias, militares e forças auxiliares como ainda pelas centenas de milhares de colonos que actuam como uma extensão do braço da repressão e do apartheid imposto perante o silêncio da comunidade internacional e da missão das Nações Unidas no território, a MINURSO.

Testemunho de Brahim Hmad

Data: 15 de setembro de 2018, 2:30 da manhã.

El Aaiun, Sahara Ocidental.

Eu saí à noite para comprar tabaco, água e coisas que eu precisava numa loja na Avenida Smara, de repente fui encurralado por um bando de colonos marroquinos com motos e machetes, não pude acreditar no que estava aacontecer, pensei que não fosse eu eles queriam, eu tentei evitá-los e mudar de direção, foi quando eu percebi que eles iam atacar ... Começaram a atacar-me com seus machetes e eu não tive escolha a não ser tentar defender-me, foi horrível, eu não percebi o que estava a acontecer, e os ataques não paravan ... Eu estava a receber cortes de machetes em todo o meu corpo, eles eram mais do que eu, eram mais de sete (os que eu poderia contar pelo menos) e quando eles viram que eu estava ferido em todos os sitios,foram embora e deixaram-me a sangrar, eu pensei que não podia desistir, levantei-me, fui procurar ajuda e tive que andar vários quarteirões de onde eu estava, caso eles regressam à minha procura, fui ter com um táxista que se recusou a levar-me porque eu estava a sangrar e me disse que não podia levar-menesse estado, mas que chamaria uma ambulância, eu disse que sim, e ele ligou. Levaram-me na ambulância para o hospital "Ben el Mehdi".

Ao entrar nas emergências, fiquei abandonado durante horas, à espera até que um enfermeiro saharaui chegou e me perguntou o que tinha acontecido comigo, contei o que aconteceu e ele levou-me para um quarto. Vendo os meus cortes e feridas ele ficou indignado, tentou acalmar-me e começou a "coser" as minhas mãos, a cabeça e todos os cortes que eu tinha, que eram muitos e me doiam muito. Ele ficou tão irritado que me perguntou se eu havia denunciado o ataque, eu respondi que ainda não, e imediatamente depois foi ao posto da policia no hospital. Um deles veio, e fez algumas perguntas e disse que não poderia fazer nada se eu não soubesse quem eram os atacantes. Imediatamente eu percebi a situação, eu sabia que eles não se importavam com o que tinha acontecido comigo por muitas razões, porque o meu tio Hmad Hammad é um ativista e um defensor fiel da causa saharaui e dos direitos humanos e também pelo que sofreu o meu irmão que foi espancado pela gendarmaria duas vezes antes e o meu primo Sadboh que foi preso depois de Gdeim Izik e meu primo Fadili, que foi assassinado em Dakhla, incendiaram a casa de sua família e entraram em nossas casas para destruí-los mais de uma vez.

Essas pessoas não param com os seus ataques diários que não sofremos apenas a minha família ou eu, mas todos os saharauis em geral, que estão expostos a esse tipo de selvageria. Muitos perderam a vida em ataques desse tipo e ninguém nos garante a nossa segurança na nossa própria terra. Os colonos são cada vez mais do que nós e usam esses métodos para nos calar, para nos pressionar e semear o medo nos nossos corações. Centenas de saharauis são diariamente maltratados, violados, atormentados, torturados nos territórios ocupados por Marrocos, independentemente da idade e sem diferenciar entre crianças, adultos, mulheres ou homens, qualquer "isco" é válido para estes seres desumanos e sem coração que procuram tirar-nos a nossa dignidade como seres humanos enquanto o mundo olha para o outro lado ...

Apesar de tudo continuaremos lutando, acreditando em nossa justa causa e no dia de nossa liberdade. "A morte é uma lei natural, mas a humilhação não."

"A morte é uma lei natural, mas a humilhação não."

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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