A influência do pensamento russo na economia mundial

Este artigo apresenta alguns dos grandes pensadores (a maioria economistas) nascidos na Rússia: Bakunin, Baran, Bortkiewicz, Bukharin, Chayanov, Kantorovith, Kondratieff, Kuznets, Lênin, Leontief, Hurwicz, Gorbachev, Plekhanov, Slutsky, Stalin, Trotsky e Tugan-Barankowsky. O objetivo principal deste artigo é divulgar mais entre os jovens a influência do pensamento russo na economia mundial.

“Algumas vezes na vida é preciso se dar um passo atrás, para dar dois passos a frente”. Lênin

“A Revolução de Outubro teve repercussões muito mais profundas e globais que a Revolução Francesa (1789) e produziu, de longe, o mais formidável movimento revolucionário organizado da história moderna”. Eric Hobsbawm

Resumo: No início do século XX, a Rússia era um império muito extenso, mas de economia extremamente atrasada, em relação aos outros impérios europeus. A condição de vida dos trabalhadores era de extrema miséria e pobreza. Então, em 25 de outubro de 1917 ocorreu a Revolução Bolchevique liderada por Lênin e Trotsky. O presente artigo faz parte das comemorações alusivas aos 92 anos da Revolução Russa. Este artigo apresenta alguns dos grandes pensadores (a maioria economistas) nascidos na Rússia: Bakunin, Baran, Bortkiewicz, Bukharin, Chayanov, Kantorovith, Kondratieff, Kuznets, Lênin, Leontief, Hurwicz, Gorbachev, Plekhanov, Slutsky, Stalin, Trotsky e Tugan-Barankowsky. O objetivo principal deste artigo é divulgar mais entre os jovens a influência do pensamento russo na economia mundial.

Palavras-chave: Economistas russos, Revolução Russa, Rússia, Socialismo.

1. Introdução

No famoso Dicionário de Economia do Século XXI, o economista brasileiro Paulo Sandroni aborda as biografias dos principais economistas e não-economistas nascidos na Rússia. Este artigo utilizará de uma breve biografia, que precede aos pensamentos e a principal obra de cada grande pensador russo analisado.

A Revolução Russa de 25 de Outubro de 1917 (Revolução Vermelha ou Revolução de Outubro), marca o início da escalada da Rússia em direção à condição de uma das grandes superpotências do século XX. Durante boa parte desse século, Rússia (depois União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS) e Estados Unidos da América (EUA) disputaram a hegemonia mundial, exercendo influência sobre parcela considerável da população do planeta. Essa escalada e o posterior esfacelamento da URSS após 74 anos do regime comunista são rapidamente retratados na parte 2 deste artigo, de caráter eminentemente histórico.

Atualmente, a Rússia é uma das 19 maiores economias do mundo. A Rússia é um país emergente e integrante do famoso BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). Segundo a Forbes, existem 500 bilionários na nova Rússia capitalista. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,817, ou seja, de desenvolvimento humano elevado. A taxa de alfabetização de adultos é de 99,5%. Entretanto, enfrenta uma grave crise demográfica. Hoje, o número de russos mortos aumenta a cada ano por causa dos assassinatos, suicídios, acidentes de trânsito, envenenamentos, drogas, AIDS e alcoolismo. A esperança de vida ao nascer na Rússia é de apenas 66,2 anos em 2007, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Enquanto, a taxa de fecundidade total é, em média, de 1,4 filho por mulher.

Desde 2006, o governo russo vem oferecendo estímulos financeiros aos casais para ter o segundo filho. Outra estratégia do governo é estimular a imigração de pessoas que falem russo. A Rússia tem sérios problemas sociais, econômicos e ambientais como qualquer nação capitalista.

Em nossa opinião, contam-se nos dedos da mão esquerda os cidadãos brasileiros que possam citar no mínimo quatro grandes economistas russos. Portanto, nosso objetivo é levar ao conhecimento de um número bem maior de pessoas os nomes de alguns dos maiores pensadores – economistas em sua maioria – oriundos da Rússia e da URSS (atual Federação Russa) que tiveram influência nacional e na economia mundial.

2. Um pouco de história da Rússia

Coube a Lênin (Vladimir Ilyich Ulyanov) viabilizar o marxismo na Rússia, o que se torna possível com a vitória dos Bolcheviques na Revolução de 1917, em 25 de outubro no calendário Juliano, então seguido na Rússia.

Para uma visão detalhada da evolução das ideias socialistas até a chegada de Lênin ao poder, recomendamos a leitura do livro Rumo à Estação Finlândia, do crítico literário norte-americano Edmund Wilson. Já para uma boa compreensão da Revolução e tomada do poder, nossa indicação é para o livro Os dez dias que abalaram o mundo, do jornalista americano John Reed, que foi posteriormente a base do filme Reds, grande sucesso do cinema na década de 80, com uma inesquecível atuação de Warren Beatty (que também dirigiu o filme).

Partindo de uma economia predominantemente agrária, o país já havia atingido aquele estágio último do desenvolvimento capitalista que, segundo o filósofo e economista alemão Karl Marx (1818-1883), constitui a pré-condição de uma revolução econômica bem sucedida.

Entre 1917 e 1921, ou seja, durante o período chamado de Comunismo de Guerra, não se podia pensar numa economia planificada do lado industrial, e ainda era impossível enquadrar os camponeses dentro de um sistema de produção coletivizada. Sendo assim, esse foi um período de consolidação da revolução, ao longo do qual os bolcheviques procuraram esmagar os focos de resistência ainda existentes.

O período seguinte, caracterizado pela Nova Política Econômica (NEP), foi aquele em que se conseguiu colocar ordem no caos predominante, a fim de se atingir um estágio posterior onde fosse possível um planejamento centralizado da atividade econômica. De fato, só em 1928 é adotado o I Plano Quinquenal.

Se Lênin foi o responsável pela estruturação do Capitalismo de Estado, foi nos anos seguintes, com Stalin (que venceu a disputa sucessória com Trotsky), que o marxismo-leninismo efetivamente se consolidou. Nas quase três décadas em que permaneceu no poder, Stalin fez uso de fortíssima repressão, com a eliminação de todos aqueles sobre os quais pairasse alguma dúvida a respeito de sua fidelidade ao regime. Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), teve início o esforço de ampliação da influência socialista, através da anexação das repúblicas que deram origem à União Soviética e do apoio à conversão de diversos países da Europa Central e do Leste ao regime socialista.

Com a morte de Stalin, em 1953, Kruschev assumiu o poder e, com ele, ocorreu um período de tentativa de suavização. Em meio a essa tentativa, porém, teve lugar a “crise dos mísseis” (1962) que levou à tensão máxima entre as superpotências. Em 1964, Kruschev foi afastado do cargo de Primeiro Ministro por rivais na liderança do partido. Ascendeu ao poder Leonid Brezhnev e, com ele, a volta da linha dura. Nos anos 70, ocorreu um esforço generalizado das lideranças das grandes potências em direção a um melhor entendimento e Brezhnev foi quem conduziu as negociações pela União Soviética. Sua morte deu lugar a uma fase em que o poder foi ocupado rapidamente, primeiro por Yuri Andropov, depois por Konstantin Chernenko. Até que, em 1985, surgiu Mikhail Gorbachev, que com suas políticas de abertura (glasnost) e reestruturação (perestroika), deu início a uma das mais espetaculares reviravoltas do cenário político contemporâneo.

Boris Yeltsin, seu sucessor, tentou, em meio a enormes dificuldades, manter a situação sob controle nessa longa fase de transição rumo à democracia no plano político e à economia de mercado. No último dia de 1999, diante dos constantes problemas de saúde e de inúmeras denúncias de corrupção envolvendo membros de seu governo, acabou renunciando, sendo sucedido por Vladimir Putin, a princípio, interinamente, e depois eleito de forma definitiva. Putin presidiu a Rússia até 2008, quando passou a ser Primeiro Ministro. Foi sucedido na presidência por Dmitry Medvedev que se t ornou o terceiro presidente da Rússia, ao vencer as eleições de 2 de março de 2008, com 71,25% dos votos. Seu mandato teve início em 7 de maio de 2008.

3. Os grandes pensadores (economistas e não-economistas) da Rússia

São expostos, na ordem alfabética da língua portuguesa, alguns dos maiores pensadores (economistas e não-economistas) que nasceram no país de maior extensão territorial do mundo: Bakunin, Baran, Bortkiewicz, Bukharin, Chayanov, Kantorovith, Kondratieff, Kuznets, Lênin, Leontief, Hurwicz, Gorbachev, Plekhanov, Slutsky, Stalin, Trotsky e Tugan-Barankowsky.

1. Começamos pelo filósofo russo Mikhail Alexandrovitch BAKUNIN (1814-1876). Em 1873, BAKUNIN escreveu o livro intitulado O Estado e a Anarquia. Segundo BAKUNIN, o Estado é tido como a base de todos os males sociais. BAKUNIN defendia que as energias revolucionárias deveriam ser concentradas na destruição das “coisas”, no caso, o Estado, e não das “pessoas”. BAKUNIN identifica a fonte de todo problema na centralização da autoridade e do Estado, que acabam por criar um obstáculo ao desenvolvimento das pessoas e das nações, razão pela qual deve ser eliminado, pelo menos na forma com que costuma existir até então. Portanto, no final do século XIX, BAKUNIN foi o criador do anarquismo, proposta que teve no francês Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) seu seguidor de maior expressão.

2. Em seguida, observamos o pensamento do economista Paul Alexander BARAN (1910-1964). Em 1975, BARAN escreveu a obra intitulada A economia política do desenvolvimento. BARAN foi precursor e estudioso da problemática do subdesenvolvimento. Em seu livro explorou as razões do subdesenvolvimento, relacionando-as com o imperialismo e o colonialismo. BARAN analisou e mostrou as diferentes problemáticas que os países subdesenvolvidos enfrentam em relação àquelas que os países como Japão e Austrália enfrentaram. Distinguiu o papel dos setores agrícola e industrial nos países subdesenvolvidos considerando que o desenvolvimento deveria vir do setor industrial. Entretanto, concluiu que esse desenvolvimento não é possível pela falta de um mercado interno e pela concorrência simultânea dos países desenvolvidos.

Para BARAN “... as massas que acabam de passar por uma revolução, que lutaram e sofreram em combates amargos contra seus inimigos de classe e seus exploradores, internos e externos, buscam, e sentem-se no direito a, uma melhoria imediata na vida diária, na cidade e no campo” (1977, p.42).

Mais adiante, BARAN afirma que, “as forças que moldaram o destino do mundo subdesenvolvido ainda hoje influenciam poderosamente as condições econômicas e sociais que aí prevalecem. Suas formas mudarame variou sua intensidade; suas origens e direções, porém, permaneceram inalteráveis” (p.237).

Por tudo isso, de acordo com BARAN, “a função mais nobre, a única função legítima do esforço intelectual, é contribuir para a emergência de uma sociedade em que o desenvolvimento suplantará a estagnação, em que o crescimento substituirá a decadência, em que a cultura porá fim ao barbarismo” (p.399).

3. O próximo a ser abordado é o economista Ladislaus Von BORTKIEWICZ (1868-1931). Segundo o Prof. Paulo Sandroni, “Nasceu em São Petersburgo, Rússia, de uma família de origem polonesa, e estudou na Universidade de Estrasburgo. Lecionou durante 30 anos na Universidade de Berlim. A obra de Bortkiewicz abrange um leque bem amplo de assuntos envolvendo a estatística, a economia e a matemática, entre outros” (2008, p.94). Em 1906, escreveu o livro denominado O principal erro da teoria dos juros de BÖHM-BAWERK. BORTKIEWICZ não considerou o lucro como o fruto da exploração, mas como uma dedução do valor de uma mercadoria.

4. Nikolai Ivanovitch BUKHARIN (1888-1938), de acordo com o Prof. Paulo Sandroni (2008, p.101), “Economista e político russo, um dos principais teóricos do Partido Bolchevista”. BUKHARIN publicou sua principal obra, O imperialismo e a economia mundial, em 1915. Nela, BUKHARIN foi contra as medidas de STALIN durante a coletivização forçada da agricultura e foi a favor do prolongamento da NEP instituída por LÊNIN. Entre as medidas da NEP destacam-se a liberdade de comércio externo, o investimento direto, o mercado livre e a privatização de empresas com menos de 20 operários. Adotada ainda na fase de afirmação da Revolução, a NEP é considerada uma etapa de transição rumo à coletivização dos meios de produção, durante a qual mesclam-se algumas características do futuro socialismo com outras do velho capitalismo, numa espécie de (um passo para trás e dois para frente).

5. O economista Alexander Vasilevitch CHAYANOV (1888-1939) foi um dos mais destacados estudiosos da economia camponesa da Rússia. CHAYANOV explicou a organização da unidade econômica campesina; seus objetivos e planos; a circulação de capital e riqueza; a relação entre terra, capital, trabalho e família; e as consequências de todo elo para a economia nacional e internacional e a articulação da economia campesina com o conjunto econômico. De acordo com o Prof. Paulo Sandroni, “Conhecido em toda a Europa, teve vários de seus escritos publicados em alemão, dentre eles A Teoria da Economia Camponesa, editados em Berlim em 1923, que pode ser considerado uma versão abreviada de sua principal obra, Peasant Farm Organization, editada em 1966 nos Estados Unidos pela American Economic Association” (2008, p.138).

6. O economista Leonid Vitaliyevich KANTOROVITCH (1912-1986) foi laureado com o Prêmio Nobel de Economia de 1975 por suas aplicações da Matemática aos problemas econômicos. Em 1959, publicou sua mais famosa obra, O melhor uso dos recursos econômicos. KANTOROVITCH foi um dos pioneiros da técnica de programação linear como instrumento de planejamento econômico. O matemático e economista russo dividiu com o holandês Tjalling Koopmans o Prêmio Nobel pelo trabalho sobre como otimizar a distribuição de recursos escassos. Em 1939, desenvolveu um modelo de programação linear que o levou à demonstração de como a descentralização do processo decisório numa economia planificada depende de um sistema de preços determinados pela escassez dos recursos.

De acordo o Prof. Fred Leite Siqueira Campos, “Kantorovitch foi o primeiro ser humano que, em 1947, encontrou soluções ótimas econômicas com a aplicação de programação linear (unindo matemática e economia). Os modelos de programação linear são formados sempre por uma função linear (que é a função objetivo) e por um conjunto de inequações lineares (restrições do problema)”.

7. Nicolai Dmitrievich KONDRATIEFF (1892-1938), foi o grande responsável pelo estudo dos ciclos econômicos longos, ou ciclos seculares, de 40 a 60 anos, mundialmente conhecidos como “ciclos de KONDRATIEFF” (graças ao economista austríaco Joseph Alois Schumpeter). KONDRATIEFF foi um dos mais talentosos economistas russos e ajudou a escrever o primeiro Plano Quinquenal da URSS e, sobretudo, escreveu a famosa obra Os ciclos longos da conjuntura, em 1928.

Segundo o Prof. Hindenburgo F. Pires, “Kondratieff, recorrendo a um método estatístico para analisar esses dados, constatou que suas tentativas de periodização incorriam num erro de 5 a 7 anos na determinação dos anos de tais tendências (V. Quadro I), e concluiu que os limites destes ciclos podiam todavia ser representados como sendo aqueles mais prováveis:”.

Quadro I. Longos Ciclos de Kondratieff

LONGOS CICLOS

FASES A (1ª Expansão ); B (2ª Declínio )

Primeira longa onda

1ª A expansão durou do fim dos anos de 1780 ou começo dos anos de 1790 até 1810-17;

2ª O declínio durou de 1810-17 até 1844-51;

Segunda longa onda

1ª A expansão durou de 1844-51 até 1870-1875;

2ª O declínio durou de 1870-75 até 1890-1896;

Terceira longa onda

1ª A expansão durou de 1890-1896 até 1914-20;

2ª O declínio provável começa nos anos de 1914-20.

Fonte: KONDRATIEFF (1944, p.32) In The Long Waves in Economic Life.

Ao examinar a natureza dos longos ciclos, do ponto de vista das modificações nas técnicasdeprodução, KONDRATIEFF observou que as regularidades do processo ajudam a estabelecer algumas regras empíricas para o movimento das longas ondas. E dentro desta perspectiva, em um curto, mas importante trecho, KONDRATIEFF revelou o papel das modificações nas técnicas nos longos ciclos.

8. Simon Smith KUZNETS (1901-1985) foi o primeiro economista que nasceu na Rússia a ganhar o Prêmio Nobel de Economia. Em 1971, KUZNETS escreveu a famosa obra Crescimento econômico das nações no mesmo ano que ganhou o Nobel em Estocolmo, Suécia, já como economista norte-americano. Depois da Segunda Guerra Mundial o mundo foi dividido em países ricos (leia-se Primeiro Mundo), países socialistas (Segundo Mundo) e países pobres (Terceiro Mundo). As teorias e as práticas do crescimento econômico foram repensadas pelo Prof. KUZNETS, da Universidade de Harvard. KUZNETS mostrou que o crescimento econômico pressupõe o aumento per capita da produção e exige mudanças estruturais, tanto nas instituições, quanto nas práticas sociais e econômicas.

9. Vladimir Ilyich Ulyanov, LÊNIN (1870-1924), foi o principal líder da Revolução Russa em 1917. A sua principal obra, O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia (1899), completou, em 2009, 110 anos de publicação. Nela, afirma LÊNIN, “Quando nos voltamos para a Rússia, o problema a ser resolvido é o seguinte: o capital comercial e usurário está ligado ao capital industrial? Ambos, operando a decomposição do velho modo de produção, preparam a sua substituição pelo modo de produção capitalista ou por outro qualquer? Estas são as questões reais que devem ser respondidas em relação a cada aspecto da economia nacional russa” (1982, p.120).

Mais à frente, observa LÊNIN: “O capitalismo amplia e aprofunda em gigantescas proporções, entre a população rural, as contradições sem as quais não pode existir esse modo de produção. Apesar disso, dada a sua significação histórica, o capitalismo agrário é, na Rússia, uma força progressista notável” (p.203).

E, mais adiante: “O assalariado agrícola ou diarista dotado de um lote de terra é um tipo comum a todos os países capitalistas. Um dos principais erros dos populistas é ignorar que, na Rússia, forma-se um tipo análogo. Em quinto lugar, é absolutamente falso colocar o problema do desemprego da temporada de inverno para os agricultores independentemente do problema mais amplo da superpopulação capitalista. A formação de um exército de reserva de desempregados é um fenômeno próprio do capitalismo em geral, e as peculiaridades da agricultura apenas determinam as formas específicas desse fenômeno. É por isso que o autor d’ O Capital estuda a questão da distribuição dos trabalhos agrícolas relacionando-a à da ‘superpopulação relativa’, retornando a ela num capítulo especial consagrado à diferença ente ‘o período de trabalho’ e o ‘tempo de produção’” (p.208).

E, em seguida enfatiza: “Concluindo, resta-nos fazer apenas o balanço daquilo que a nossa literatura econômica chama de ‘missão’ do capitalismo, vale dizer, do seu papel histórico no desenvolvimento econômico da Rússia. [...] as profundas contradições do capitalismo russo, obnubilando a desintegração do campesinato, o caráter capitalista da evolução da nossa agricultura, a formação de uma classe de operários assalariados industriais e agrícolas como posse de um lote de terra, escamoteando o absoluto predomínio das formas inferiores e piores do capitalismo na famigerada indústria ‘artesanal’”. (p.373).

Em 25 de outubro de 1917, os bolcheviques (representantes da maioria) cercaram a cidade de Petrogrado, que sediava o governo provisório russo com o intuito de tomar o poder. O líder do governo, Aleksander Kerensky, conseguiu fugir, mas diversos outros governantes foram presos. Os sovietes reuniram-se num congresso e delegaram o poder governamental para o Conselho dos Comissários do Povo , presidido por Lênin. Sem demora, esse conselho tomou medidas de grande impacto revolucionário, como:

1. Pedido de paz imediata : Retirou a Rússia da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e assinou com a Alemanha o Tratado de Brest-Litovsk, firmando a paz com os alemães;

2. Confisco de propriedades privadas : Reforma Agrária, ou seja, grandes propriedades foram tomadas dos aristocratas e da Igreja Ortodoxa para serem distribuídas entre o povo.

3. Estatização da economia : Controle operário das fábricas, isto é, o novo governo passou a intervir diretamente na vida econômica, nacionalizando diversas empresas e bancos estrangeiros.

LÊNIN fechou a Assembléia Constituinte e instalou a Ditadura do Proletariado, renomado o Partido Bolchevique para Partido Comunista.

10. O economista russo Wassily LEONTIEF (1906-1989), radicado nos EUA desde 1931, foi o criador da análise de input-output (insumo-produto) dos grandes agregados econômicos que estimulou e desenvolveu o enfoque macroeconômico com base em dados reais. LEONTIEF recebeu em 1973 o Prêmio Nobel de Economia. A principal obra de LEONTIEF foi intitulada A economia do insumo-produto, publicada em 1966. LEONTIEF é considerado o “Apóstolo do Planejamento Econômico”.

De acordo com LEONTIEF, “No Japão, o único país não-comunista a igualar e mesmo a superar a taxa de crescimento econômico da União Soviética, existe uma estreita cooperação entre oGoverno e o setor privado no desenvolvimento e aplicação da análise chamada de insumo-produto, desde 1956” (1988, p.10).

Ainda segundo LEONTIEF, “Estimativas sobre o produto nacional bruto, o consumo total, a renda per capita, a taxa de investimento e índices semelhantes da atividade econômica são hoje em dia compiladas e publicadas praticamente por todos os países. Tais números dão uma expressão quantitativa para o fato evidente de que alguns países são ricos e outros pobres. Quando se calculam esses números baseando-se em um passando recente, eles indicam que a separação entre os ricos e os pobres está aumentando” (p. 29).

LEONTIEF, agraciado com o Prêmio Nobel, a maior láurea que pode ser conseguida por um economista, cita o maior economista do Brasil, o paraibano Celso Furtado (1920-2004), “Em seu artigo ‘O Desenvolvimento do Brasil’, publicado na Scientific American de setembro de 1963, Celso Furtado menciona a escassez de carvão nesse país e fala da necessidade de uma nova tecnologia para extrair o ferro das abundantes minas locais. Deixando de lado o mérito intrínseco de tais propostas, o fato é que a escolha de tecnologias alternativas quase não existe. O processo de desenvolvimento consiste essencialmente na instalação e construção de um sistema que se aproxime daquele existente nas economias avançadas dos Estados Unidos, da Europa ocidental, e, mais recentemente, da União Soviética – com o devido desconto para as limitações impostas pela mistura local de recursos e possibilidade de tecnologia para explorá-los” (1988 p.33-34).

11. O mais velho ganhador de um Prêmio Nobel de Economia foi o economista Leonid Leo HURWICZ (nascido em Moscou, na Rússia, em 1917 e naturalizado norte-americano), aos 90 anos. HURWICZ e outros dois economistas norte-americanos Eric MASKIN e Roger MYERSON , foram laureados com o Prêmio Nobel em 2007, por terem criado as bases da teoria do desenho de mecanismos, uma teoria que permite distinguir as situações em que os mercados funcionam bem daquelas em que isso não acontece, sendo esta considerada uma teoria essencial para diversas ciências sociais.

HURWICZ escreve livros de Economia desde 1944. Destacamos a obra intitulada em inglês On Allocations Attainable through Nash Equilibria, publicada em 1979.

12. Mikhail Serguéievich GORBACHEV (1931-) foi o grande responsável pelas transformações da ex-URSS. GORBACHEV estudou Direito na Universidade de Moscou e completou os estudos no Instituto Agrícola como economista-agrônomo. Em novembro de 1987, o último secretário-geral do Comitê Central do PCUS (Partido Comunista da União Soviética), Mikhail GORBACHEV, publicou um livro que mudou a história da economia mundial, PERESTROIKA: novas ideias para o meu país e o mundo.

Logo no início do livro, ele diz: “Eu o escrevi porque acredito no bom senso das pessoas. Tenho certeza de que, como eu, elas se preocupam com o futuro de nosso planeta. Esta é a questão mais importante de todas” (1988, p.7).

Prossegue, logo adiante: “A URSS está vivendo um período realmente dramático. O Partido Comunista fez uma análise crítica da situação em meados dos anos 80 e formulou sua política da perestroika ou reestruturação – uma política de aceleração do progresso social e econômico do país e de renovação de todas as esferas da vida. [...] É claro que precisamos de condições externas normais para nosso progresso interno. Mas queremos um mundo livre da guerra, sem corrida armamentista, sem armas nucleares e violência, não somente porque isto constitui a condição ideal para nosso desenvolvimento nacional: é uma exigência objetiva global que nasce da realidade dos tempos atuais” (pp. 8 -10).

Na sequência, referindo-se aos ideais da Revolução, afirma: “As obras de Lênin e seus ideais socialistas permaneceram conosco como fonte inesgotável de pensamento dialético criativo, riqueza teórica e sagacidade política. Sua própria imagem constitui um exemplo imortal de força moral grandiosa, cultura espiritual versátil e devoção desprendida à causa popular e ao socialismo. Lênin continua a viver nas mentes e corações de milhões de pessoas” (p.25).

Em seguida, reforça: “Sempre gostei da famosa fórmula sugerida por Lênin: o socialismo é a criatividade viva das massas” (p.29).

Explicando as duas iniciativas que se transformaram numa espécie de “marca registrada” de seu governo, diz GORBACHEV: “Perestroika significa iniciativa de massa: é o total desenvolvimento da democracia, autogestão socialista, encorajamento da iniciativa e empenho criativo, disciplina e ordem melhoradas, mais glasnost, críticas e autocríticas em todos os campos de nossa sociedade” (p.36).

Bem mais adiante, expõe: “Marx, Engels e Lênin, que deram forma teórica aos princípios sobre os quais se ergue o conceito de socialismo, não procuram apresentar um quadro detalhado sobre como seria a sociedade do futuro. Coisa que, além do mais, seria impossível. Esse quadro se foi delineado e ainda está em processo de definição, como resultado do trabalho revolucionário criativo de todos os Estados socialistas” (p.191).

No socialismo, sempre é bom lembrar, os meios de produção pertencem ao Estado. A economia é planejada e comandada pelo Estado, que controla os setores de produção. O Estado decide “o que”, “como” e “quanto” produzir. Não há a lei da oferta e da procura. Gorbachev renuncia em 25/12/1991 e a URSS deixa de existir em dezembro de 1991.

13. O filósofo Gueórgui Valentinovitch PLEKHANOV (1857-1918) foi o pioneiro na divulgação do marxismo na Rússia. PLEKHANOV escreveu O papel do indivíduo na história. De acordo com PLEKHANOV, “Perguntem, por exemplo, ao conde Leon Tolstoi se é justa a opinião de Chenischevski sobre a guerra. Tolstoi dirá que é absolutamente falsa, dado que a guerra é um mal e o mal nunca pode ser o bem. O conde de Tolstoi julga todos os problemas do ponto de vista da abstração ‘ou uma coisa ou outra’, o que retira às suas conclusões toda a seriedade. Como pensador, é completamente alheio à dialética e isto explica, entre outras coisas, a sua instintiva repugnância pelo marxismo” (1977, p.101).

14. O economista Eugen SLUTSKY (1880-1948) escreveu O somatório de causas aleatórias como fonte de processos cíclicos em 1927. SLUTSKY ficou conhecido pelo seu trabalho de derivações na popular Equação de SLUTSKY, que é muito utilizada em microeconomia, na teoria do consumidor, para separar o efeito-substituição do efeito-renda, quando ocorre uma mudança no preço de um bem demandado.

De acordo com o Prof. Paulo Sandroni, “ele provou que as oscilações ‘periódicas’ em séries temporais econômicas, meteorológicas etc. não necessariamente evidenciam a presença de qualquer causa periódica subjacente; essas oscilações seriam típicas de todas as sequências aleatórias correlacionadas serialmente” (2008, p.781).

15. Já Iossif Vissarionovitch Dihugashuili, vulgo Joseph STALIN (1879-1953), foi o grande líder russo. STALIN foi responsável pelos planos de desenvolvimento econômico da URSS que definiu metas de produção para a economia estatal soviética. O Primeiro Plano Quinquenal foi implementado em 1928. STALIN, antes de morrer, escreveu Problemas econômicos do socialismo na URSS em 1952. Com STALIN, foi abandonada a política gradualista da NEP e implantados os Planos Quinquenais. STALIN criou os sovkhozes (fazendas estatais), nos quais a produção agrícola iria para o governo comunista e os kolkhozes (cooperativas de produção), nos quais a produção era dividida entre os camponeses.

Mais uma vez citando o Prof. Paulo Sandroni, observamos que “Durante seu longo governo, Stalin dirigiu a execução de cinco planos quinquenais. (...) fortaleceu seu poder pessoal após a derrota do nazismo na Segunda Guerra Mundial, feito do qual foi um dos principais artífices. No pós-guerra, empreendeu a reconstrução econômica do país, recusando-se a participar do Plano Marshall, por considerá-lo instrumento da hegemonia norte-americana” (p.797). Mais de 26 milhões de pessoas da União Soviética morreram na II Guerra Mundial.

16. TROSKY (1879-1940) foi, ao lado de LÊNIN, um dos principais líderes da Revolução de Outubro. Em 1930, escreveu A história da Revolução Russa. Lev Davidovich Bronstein, é um russo de origem judaica que, mais tarde, assumiria o nome de guerra de Leon TROTSKY. Em 1923 aprofundou-se a cisão entre ele e seu camarada STALIN do Partido Bolchevique, provocada pela ascendência deste na crescente burocracia partidária e por divergências políticas relacionadas aos rumos da revolução. TROTSKY propugnava a expansão da revolução por outros países, enquanto STALIN formulava a doutrina do socialismo em um país único.

De acordo com TROTSKY, “A Rússia, ainda nos primeiros meses de 1917, era a monarquia dos Romanov. Oito meses mais tarde os bolcheviques apoderavam-se do leme, eles que, no principio do ano, eram desconhecidos, e cujos líderes, no momento mesmo do acesso ao poder, foram inculpados de alta traição. Não encontramos na história outro exemplo de uma reviravolta tão brusca, sobretudo se nos lembramos de que se trata de uma nação contando com 150 milhões de habitantes. Claro está que os acontecimentos de 1917 – sob qualquer prisma em que os consideremos – merecem ser estudados” (1978, p.15).

Para TROTSKY, “Nenhuma classe historicamente definida pode sair da situação de subalterna para, numa noite, elevar-se ao poder, e mesmo que se tratasse de uma noite de revolução. Seria necessário que ocupasse desde a véspera uma situação de extraordinária independência em relação à classe dominante” (p.184).

Ainda segundo TROTSKY, “Proletariado era a força motriz da Revolução. Concomitantemente a Revolução formava o proletariado. E disto estava ele bastante necessitado” (p.351).

TROTSKY foi o grande comandante da Guarda Vermelha na Revolução de Outubro. TROTSKY disputou a sucessão de LÊNIN com STALIN e, sendo derrotado, foi para o México, a fim de escapar da perseguição que certamente lhe seria feita pela polícia política de STALIN. Não adiantou, pois acabou sendo assassinado com uma machadada na cabeça em 1940. Pouco antes de sua morte, disse: “Mas sejam quais forem as circunstâncias da minha morte, morrerei com fé inabalável no comunismo”.

17. O último economista russo que gostaríamos de mencionar é Mikhail TUGAN-BARANKOWSKY (1865-1919). Sua principal obra, denominada As crises industriais na Inglaterra contemporânea, foi publicada em 1894. O Prof. Paulo Sandroni escreve que o TUGAN-BARANKOWSKY, “Enfatiza que o capitalismo é feito pelos capitalistas e para eles, e, segundo esse ponto de vista, não haveria nunca escassez de demanda para o que produzem, não existindo, portanto, perigo de crise” (2008, pp.859-860).

4. Conclusões

A Revolução Russa foi a primeira experiência concreta do socialismo revolucionário, baseado, em princípio, nas doutrinas socialistas propostas por Marx e Engels.

Na data em que se comemoram os 92 anos da Revolução de Outubro de 1917, quase todos os livros indicados na bibliografia poderão ser lidos pelos jovens brasileiros em várias bibliotecas nas cinco regiões do País, por exemplo, na biblioteca da FAAP, em São Paulo, e na biblioteca do UNIPÊ, em João Pessoa. Os jovens russos e estrangeiros fluentes em russo ou em inglês podem ler boa parte das obras citadas em material digital da Biblioteca Nacional da Rússia ( http://www.nlr.ru/eng/ ).

Os jovens russos enfrentam grandes desafios no século XXI. De acordo com o Presidente dos EUA e Prêmio Nobel da Paz de 2009, Barack Obama, “(...) vocês são o maior recurso de qualquer nação no século 21. São as pessoas; especialmente, os jovens. E o país que usar esse recurso terá êxito”. Manter os costumes de ler e escrever muito aliada à sua rica cultura é extremamente importante para que os jovens russos possam obter mais benefícios sociais, econômicos e ambientais.

Os jovens russos e estrangeiros não podem esquecer a Revolução Russa de 1917, razão pela qual precisam ler as obras dos grandes pensadores nascidos na terra de Tolstoi, ouvindo as músicas de Tchaikovsky.

Não temos dúvida de que o pensamento econômico russo evoluirá e continuará influenciando a economia mundial.

Enfim, na nova Rússia, assim como em todo o mundo, é preciso encontrar novos rumos para o desenvolvimento econômico sustentável, pois enfrentamos hoje o grave problema do aquecimento global.

Referências Bibliográficas

BARAN, Paul. A economia política do desenvolvimento. 4ª ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1977.

LÊNIN, Vladimir Ilitch. O desenvolvimento do capitalismo na Rússia . Os Economistas. São Paulo: Editora Abril Cultural, 1982.

LEONTIEF, Wassily. A economia do insumo-produto. Os Economistas. São Paulo: Nova Cultural, 1988.

GORBACHEV, Mikhail. Perestroika: novas ideias para o meu país e o mundo. 25ª ed. São Paulo: Editora Best Seller, 1988.

PLEKHANOV, George. O papel do indivíduo na história. 2ª ed. Lisboa: Edições Antídoto, 1977.

REED, John. Os dez dias que abalaram o mundo. São Paulo: Círculo do Livro, s/d.

SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia do século XXI . São Paulo: Record, 2008.

TROTSKY, Leon. A história da revolução russa. 3ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

WILSON, Edmund. Rumo à estação Finlândia. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.

Referências Webgráficas

CAMPOS, Fred Leite Siqueira. Lembranças de um grande gênio: Leonid Vitalievitch Kantorovitch. Disponível em: http://outroladodanoticia.wordpress.com/2009/01/25/lembrancas-de-um-grande-genio-leonid-vitalievitch-kantorovitch/ Acesso em 23 de outubro de 2009.

OBAMA, Barack Hussein. Pronunciamento do Presidente dos EUA na Cerimônia de Formatura da Nova Escola de Economia em Moscou. Disponível em: http://www.america.gov/st/texttrans-english/2009/July/20090708134836abretnuh0.8099896.html&distid=ucs Acesso em 23 de outubro de 2009.

PIRES, Hindenburgo F. Pires. Teoria das longas ondas e os ciclos da industrial mundial. Disponível em: http://www.cibergeo.org/dgeo/geoecon/ciclos.htm Acesso em 24 de outubro de 2009.

PNUD. Relatório sobre o Desenvolvimento Humano 2009. Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos. Disponível em: http://hdr.undp.org/en/media/HDR_2009_PT_Complete.pdf Acesso em 23 de outubro de 2009.

Referência Cinematográfica

Reds. Direção de Warren Beatty. Roteiro de Warren Beatty e Trevor Griffiths. Elenco: Warren Beatty, Diane Keaton. Jack Nicholson e Maureen Stapleton. Estados Unidos, 1981, 194 minutos.

Luiz Alberto Machado*

Paulo Galvão Júnior**

(*)Economista, formado pela Universidade Mackenzie em 1977. É Vice-Diretor da Faculdade de Economia da Fundação Armando Alvares Penteado - FAAP, na qual é Professor Titular das disciplinas de História do Pensamento Econômico e História Econômica Geral.(**)Economista, formado pela UFPB em 1998. Especialista em Gestão de RH pela FATEC Internacional. É Chefe da Divisão de Pesquisa e Tecnologia da Informação da SETUR da PMJP e autor do livro digital de Economia intitulado RBCAI .

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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