Chefe da missão de paz da ONU no Haiti elogia ajuda do Brasil

O chefe da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), Hédi Annabi, encerra nesta quinta-feira, dia 24, sua primeira visita oficial ao Brasil. Durante a visita, Annabi elogiou a ajuda militar oferecida pelo Brasil à missão. "O Brasil é o pilar principal que apóia a missão e as tropas brasileiras que fazem parte da Minustah têm feito um trabalho realmente incrível no país", disse em entrevista coletiva no Itamaraty.


Annabi informou que um dos objetivos da Minustah para os próximos cinco anos é aumentar o efetivo policial do país, de oito mil para 14 mil policiais. Por isso, diz ele, o Conselho de Segurança da ONU deverá prorrogar ainda mais a missão, que já foi estendida por mais um ano, até 15 de outubro de 2008.


Segundo o representante da ONU, as gangues mais perigosas do país já foram desmanteladas. E, uma vez melhorada a questão da segurança, a ONU decidiu reformular a Minustah, reduzindo o número de tropas militares e aumentando o de policiais, para fortalecer a ainda frágil paz no país. A força multinacional da ONU, que é comandada por um general brasileiro, pretende reformar a polícia haitiana e o Judiciário. A missão no Haiti foi iniciada em 2004, depois que uma rebelião derrubou o ex-presidente Jean-Bertrand Aristide.


Além de aumentar o efetivo policial, Annabi disse que a ONU poderá enviar contingentes militares às fronteiras do país, atendendo a um pedido do atual presidente haitiano, René Prèval – para quem o controle das fronteiras terrestres e marítimas é prioritário para a segurança de seu governo. Segundo Annabi, o Haiti perde de US$ 150 a US$ 250 milhões por ano por falta de controle nas fronteiras.


O representante da ONU informou ainda que já existem contingentes militares nas fronteiras terrestres. E que, nas próximas semanas, serão também enviadas tropas aos dez portos mais importantes nas áreas costeiras do Haiti. No futuro próximo, cerca de 17 embarcações operadas por militares e policiais haitianos poderão fazer o controle fronteiriço.


Annabi lembrou que a Minustah é uma operação de manutenção da paz que envolve ações nas áreas de segurança e estabilização, mas não é uma agência de desenvolvimento. Apesar disso, a intenção da é ONU é ajudar na reconstrução do país para que a paz alcançada seja sustentável.

"Não trabalhamos como uma agência de desenvolvimento, mas trabalhamos com os nossos engenheiros para ajudar o país em suas necessidades básicas, como a reconstrução das estradas, por exemplo". Só nos últimos três anos foram implementados 400 projetos de impacto rápido, ao custo de US$ 4 milhões.


A força da ONU no Haiti tem nove mil soldados e policiais, dos quais cerca de 1.200 são brasileiros. O Brasil propõe vários programas sociais, em áreas como manejo do lixo, vacinação e controle da erosão. Para realizar estas tarefas, em outubro passado o Brasil se disponibilizou a enviar tropas adicionais ao país.


Annabi explicou que, no entanto, os mandatos da ONU e do Brasil limitam o tamanho do contingente brasileiro.


Sobre o tempo que a Minustah deverá ficar no Haiti, Annabi disse que precisa ser o suficiente para que a missão não tenha que voltar ao país, alertando que uma retirada prematura poderia deixar um vácuo na segurança local.


A visita do representante especial do secretário-geral das Nações Unidas no Haiti inclui encontros com o comandante do Exército Brasileiro, Enzo Peri, com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e com o chanceler brasileiro, Celso Amorim, além do comandante da Marinha, Júlio Soares Neto. A agenda também prevê um encontro na Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, para tratar sobre o programa de cooperação Brasil-Haiti na área de biocombustíveis, além de visitas ao Centro de Instrução de Operações de Paz do Exército Brasileiro (Ciopaz) e ao Comando-Geral dos Fuzileiros Navais, instituições responsáveis pela preparação dos militares brasileiros que participam de operações de manutenção da paz das Nações Unidas.


Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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