Mudança na política da China para o mundo

Dia 29/11/2014, aconteceu em Pequim uma reunião pouco comentada, mas altamente significativa, que aconteceu enquanto quando Washington estava absorvida em suas tentativas para 'incapacitar' e, afinal, desestabilizar a Rússia de Putin.


Já estive na China, ao longo dos anos, mais de uma dúzia de vezes. Falei com gente de todos os níveis da estrutura política, e uma coisa acabei por compreender com total clareza: quando Pequim faz mudança política profunda e de longo alcance, os chineses realmente mudam, com cuidado, com firme decisão, e depois de a mudança ter sido muito profundamente deliberada. E quando fixam um novo consenso, eles o põem em execução para que produza efeitos notáveis em todos os níveis. Esse é o segredo dos 30 anos do milagre econômico dos chineses. Agora, a alta liderança da China acaba de tomar a decisão política correspondente à nova mudança. 

Daqui em diante, e ao longo dos próximos dez anos, os chineses transformarão o mundo que conhecemos.
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10/1/2015, William Engdahl, NEO, New Eastern Outlook
http://journal-neo.org/2015/01/10/china-s-global-political-shift/
Dia 29/11/2014, aconteceu em Pequim uma reunião pouco comentada, mas altamente significativa, que aconteceu enquanto quando Washington estava absorvida em suas tentativas para 'incapacitar' e, afinal, desestabilizar a Rússia de Putin. Os chineses realizaram o que chamaram de Conferência Central sobre Trabalho Relacionado a Assuntos Exteriores. Ali Xi Jinping, presidente da China e presidente da Comissão Militar Central pronunciou o que foi chamado de "Importante Discurso".[1]

Leitura cuidadosa do documento oficial do Ministério de Relações Exteriores da China sobre aquela Conferência confirma que, sim, foi discurso "importante".

A liderança política chinesa já completou e agora divulgou oficialmente uma mudança estratégica global nas prioridades geopolíticas da política exterior da China.

A China já não vê como a mais alta prioridade o seu relacionamento com os EUA nem, sequer, com a União Europeia. Em vez disso, definiram agora um novo grupo de países prioritários, no novo mapa geopolítico que os chineses discutiram demoradamente e agora acabaram de definir. 

Esse novo mapa inclui a Rússia e todos os países BRICS com suas economias em rápido desenvolvimento; inclui os vizinhos asiáticos da China, países africanos e outros países em desenvolvimento [vide texto do discurso de Xi Jinping, em nota, ao final (NTs).

Prova de que é discurso importante, muitos já começaram a falar sobre "maiores riscos de confronto com o mundo desenvolvido" (por exemplo, Timothy Heath, em The Diplomat).[Aqui há um parágrafo truncado, ininteligível (NTs)]

No discurso que fez aos participantes daquela Conferência, o presidente Xi destacou um subgrupo de países em desenvolvimento: "grandes países em desenvolvimento" (kuoda fazhanzhong de guojia). Com esses, a China vai "fortalecer a unidade e a cooperação e integrar firmemente [o desenvolvimento chinês] com o desenvolvimento comum de todos os grandes países em desenvolvimento", disse Xi. 

Segundo intelectuais chineses, esses países aparecem agora como parceiros especialmente importantes "para apoiar a reforma da ordem internacional". Nesse grupo estão Rússia, Brasil, África do Sul, Índia, Indonésia e México, quer dizer, os parceiros BRICS da China, mais Indonésia e México. A China também deixou de se autodefinir como "país em desenvolvimento", sinalizando que há uma nova autoimagem [vide "Sobe a 'periferia' e rebaixam-se as 'grandes potências' (ing.) (NTs)].

O vice-ministro de Relações Exteriores Liu Zhenmin indicou outro aspecto significativo da nova política quando, na Conferência em Pequim, declarou que "o desequilíbrio entre a segurança política da Ásia e o desenvolvimento econômico tornou-se questão cada dia mais importante." A proposta da China, de criar uma "comunidade de destino partilhado", visa a resolver esse desequilíbrio. Implica que a China terá laços diplomáticos e econômicos mais próximos com Coreia do Sul, Japão, Índia, Indonésia, até o Vietnã e as Filipinas.

Em outras palavras, embora o relacionamento com os EUA vá continuar como mais alta prioridade, por causa do poderia militar e financeiro dos EUA, deve-se esperar ver uma China cada dia mais ativa contra o que vê como interferência dos EUA. É novidade que já se viu claramente em outubro, quando o jornal People Daily do Partido Comunista Chinês publicou editorial, durante a 'revolução dos guarda-chuvas' em Hong Kong, que interrogava "Por que Washington tanto se interessa por revoluções coloridas?" O artigo citava nominalmente, como envolvida naquela 'operação', a ONG National Endowment for Democracy, dedicada a 'mudanças de regime' pelo mundo e mantida pelo vice-presidente dos EUA. Esse tipo de denúncia direta era impensável há seis anos, quanto Washington tentou criar problemas para Pequim insuflando protestos violentos do movimento do Dalai Lama no Tibete, pouco tempo antes dos Jogos Olímpicos de Pequim de 2008.

A China está agora rejeitando abertamente a crítica usual do ocidente sobre 'direitos humanos' e recentemente declarou um esfriamento nas relações diplomáticas entre China e Reino Unido, depois que o governo de Cameron ter recebido o Dalai Lama; e entre China e Noruega, depois que o país reconheceu o dissidente Liu Xiaobo. Ao longo do ano passado, passo a passo, Pequim cuidou de esvaziar as críticas de Washington contra os direitos históricos que a China declara ter no Mar do Sul da China.

Mas talvez mais significativo de tudo, em meses recentes a China promoveu firmemente uma agenda para construir instituições alternativas aos FMI e Banco Mundial controlados pelos EUA - o que, se o movimento for bem-sucedido, pode ser golpe devastador contra o poder econômico dos EUA. Para resistir em oposição à tentativa, pelos EUA, de isolar economicamente a China na Ásia, com a criação de uma Parceria EUA Trans-Pacífico [US Trans-Pacific Partnership (TPP)], Pequim anunciou sua própria visão chinesa de uma Área de Livre Comércio do Pacífico Asiático [Free Trade Area of the Asia-Pacific (FTAAP)], acordo comercial "plenamente inclusivo, padrão ganha-ganha", que realmente promove a cooperação no Pacífico Asiático.

Elevar as relações russas 

Nesse momento, o que emerge claramente é a decisão da China de pôr sua relação com a Rússia de Putin no centro da nova prioridade estratégica chinesa. Apesar das décadas de desconfiança depois da ruptura sino-soviética de 1960, os dois países iniciaram cooperação em profundidade que é completamente sem precedentes. As duas maiores potências territoriais da Eurásia estão costurando laços econômicos que criam o único 'desafiante' potencial imaginável, capaz de ameaçar a supremacia global norte-americana, como a descrevia o estrategista da política externa dos EUA, Zbigniew Brzezinski, em 1997, em seu O Grande Tabuleiro de Xadrez.

No momento em que Putin combate uma guerra sem tréguas de sanções econômicas impostas pela OTAN para derrubar seu governo, a China assinou não um, mas vários negócios-gigante com empresas estatais russas, Gazprom e Rozneft, que permitem à Rússia enfrentar em melhores condições a crescente ameaça às suas exportações de energia para a Europa ocidental, que é questão de vida ou morte para a economia russa.

Durante a reunião da Associação dos Países Exportadores de Petróleo em Pequim, Obama foi oficialmente rebaixado no panteon diplomático, ao ser mandado postar-se ao lado da esposa de um presidente asiático, enquanto Putin permanecia ao lado de Xi. Os símbolos têm grande peso político, especialmente na China - e são parte essencial da comunicação. 

Na mesma reunião, Xi e Putin assinaram o acordo para construir um gasoduto da Sibéria à China, chamado Rota Oeste, que se conectará ao histórico gasoduto Rota Leste já acordado com a Rússia, em maio. Quando os dois estiverem completados, a Rússia estará fornecendo 40% do gás natural de que a China necessita. 

Na mesma ocasião, em Pequim, o ministro do Exército da Rússia, anunciou importantes novas áreas de cooperação entre as Forças Armadas da Rússia e o Exército da Libertação do Povo, da China. 

Agora, em plena guerra total que Washington faz contra o rublo russo, a China anunciou que está pronta para, se solicitada, ajudar seu parceiro russo. Dia 20/12, em meio a uma queda histórica na cotação do rublo em relação ao dólar, o ministro de Relações Exteriores, Wang Yi, disse que a China proverá ajuda à Rússia, se necessária, e tem confiança de que a Rússia conseguirá superar suas atuais dificuldades. Ao mesmo tempo, o ministro do Comércio, Gao Hucheng, disse que expandir uma operação de swap de moedas entre as duas nações e fazer uso mais amplo do yuan no comércio bilateral são operações que, com certeza, darão grande alívio à Rússia.

Há outras sinergias entre Rússia e China, nas quais os dois países se autocoordenam em relação mais próxima, inclusive a decisão de Putin de encontrar-se na primavera com o presidente da Coreia do Norte, e com a Índia, aliado de longa data dos russos, e com quem a China tem relações sensíveis desde os anos 1950s. Assim também a Rússia tem posição forte com o Vietnã desde a Guerra Fria e a ajuda que os russos deram para a pesquisa e extração de petróleo em águas do Vietnã. 

Em resumo, tão logo haja estratégia geopolítica harmônica entre Rússia e China, o pior pesadelo geopolítico de Brzezinski ganhará vida própria, graças, em grande parte, às próprias políticas estúpidas dos neoconservadores maníacos por guerras que governam Washington, do próprio presidente Obama e das famílias milionárias sem amor nem pudor, que pagam todas as contas desse pessoal.

Todos esses movimentos, embora todos carregados de inúmeros perigos, sinalizam que a China compreendeu em profundidade o jogo geopolítico de Washington e as estratégias dos neoconservadores norte-americanos obcecados por guerras; e que, como a Rússia de Putin, a China também não tem nenhuma intenção de ajoelhar-se ante o que interpretam como uma Washington-tirana-global. O ano de 2015 surge como um dos mais decisivos e interessantes da história moderna.

 


[1] Importante Discurso do Presidente Xi Jinping
29/11/2014, Conferência Central sobre Trabalho Relacionado a Assuntos Exteriores, Pequim
Ministério das Relações Exteriores da República Popular da China [aqui traduzido do inglês]
http://www.fmprc.gov.cn/mfa_eng/zxxx_662805/t1215680.shtml


A Conferência Central sobre Trabalho Relacionado a Assuntos Exteriores foi realizada em Pequim, dias 28-29 de novembro.Xi Jinping, secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCC), presidente da China e presidente da Comissão Militar Central, fez importante discurso àquela conferência

Destacou a importância de manter-se bem alta a bandeira da paz, do desenvolvimento, da cooperação de ganha-ganha, para defesa dos interesses domésticos e internacionais da China, de suas prioridades de desenvolvimento e segurança em relação equilibrada, focando o superior objetivo de desenvolvimento pacífico e renovação nacional, promovendo os interesses da soberania, segurança e desenvolvimento da China, em ambiente internacional mais produtivo com vista ao desenvolvimento pacífico, e mantendo e sustentando o importante período de oportunidade estratégica para o desenvolvimento da China. 

Esses esforços devem assegurar que se alcancem os "objetivos dos dois Centenários" (duplicar o PIB de 2010 e a rendaper capita de residentes urbanos e rurais e completar a construção de uma sociedade com prosperidade inicial em todos os campos, quando o CNP celebra seu centenário; e converter a China em país socialista moderno, próspero, forte, democrático, culturalmente avançado e harmonioso, quando a República Popular da China celebra o seu centenário) e o sonho chinês de uma grande renovação da nação chinesa. 

A Conferência foi presidida por Li Keqiang, membro do Comitê Dirigente do Gabinete Político do Comitê Central do Congresso Nacional do Povo (CNP) e premiê do Conselho de Estado. Participaram da Conferência: Zhang Dejiang, do Comitê Dirigente do Gabinete Político do Comitê Central do CNP e Presidente do Comitê Dirigente do CNP; Yu Zhengsheng, membro do Comitê Dirigente do Gabinete Político do Comitê Central do CNP e presidente da Comissão Nacional da Conferência Política Consultiva do Povo da China; Liu Yunshan, membro do Comitê Dirigente do Gabinete Político do Comitê Central do CNP e membro do Secretariado do Comitê Central do CNP; Wang Qishan, membro do Comitê Dirigente do Gabinete Político e secretário da Comissão Central para Inspeção Disciplinar do Comitê Central do CNP; e Zhang Gaoli, membro do Comitê Dirigente do Gabinete Político do Comitê Central do CNP e vice-presidente do Conselho de Estado.

Convocada pela liderança central do Partido para promover a diplomacia chinesa sob as novas condições, essa importante reunião - conforme a orientação da Teoria Deng Xiaoping, o importante pensamento dos três "Representa" [ing. "Three Represents"[1]] e a visão científica do desenvolvimento - implementar na íntegra as decisões do 18º Congresso Nacional do CNP e dos 3º e 4º Plenos do 18º Comitê Central do CNP - visa a (i) obter plena compreensão dos mutáveis desenvolvimentos internacionais e do ambiente externo em que vive a China; e (ii) a oferecer as linhas mestras, princípios básico, objetivos estratégicos e principal missão da diplomacia chinesa na nova era e sua missão de fazer novos avanços nas relações exteriores da China. 

Em seu discurso, Xi Jinping destacou que desde o 18º CNP, a liderança central do Partido, tendo em mente os interesses domésticos e internacionais da China, manteve a continuidade e a consistência da política externa chinesa, fortaleceu o planejamento geral e tomou firmes iniciativas, com o que obteve notável progresso. Tendo em mente as novas tarefas a serem levadas a cabo sob novas condições, trabalhamos duro para dar prosseguimento criativo à diplomacia da China, na teoria como na prática, destacando o significado global do sonho chinês e enriquecendo o pensamento estratégico do desenvolvimento pacífico. Advogamos a construção de um novo tipo de relações internacionais baseadas em cooperação ganha-ganha; apresentamos e seguimos uma política de defender a justiça e buscar interesses partilhados, e promovemos uma nova visão de segurança ampla, comum, cooperativa e sustentável.

Assumimos a tarefa de construir um novo modelo de relações entre os grandes países, apresentamos e praticamos uma política de vizinhança que manifesta amizade, sinceridade, benefícios mútuos e inclusividade, e também uma orientação para as relações da China com a África que manifesta sinceridade, resultados reais, afinidade e boa fé. 

Essas realizações não teriam sido possíveis sem a dedicação dos camaradas encarregados dos assuntos exteriores da China, sobretudo os que trabalham em países distantes [ing. "overseas"]. Em nome do Comitê Central do CNP e do Conselho de Estado, Xi Jinping serviu-se dos termos mais elogiosos e agradeceu demoradamente a todos que trabalham no front diplomático. 

Xi Jinping fez análise incisiva dos desenvolvimentos globais em curso e da mutável arquitetura internacional. Destacou que para construir compreensão ampla dos desenvolvimentos globais e seguir a tendência subjacente dos tempos atuais é tarefa crucialmente importante e ininterrupta, que exige nossa atenção concentrada. A China tem de manter-se afinada com os desenvolvimentos globais, se quer o desenvolvimento.

É importante ter uma perspectiva global e compreensão profunda da tendência subjacente do momento atual; fazer avaliações firmes, acuradas e profundas do mutável ambiente internacional; e dissecar fenômenos complexos, para expor a essência e, em particular, para obter avaliação profunda da tendência de longo prazo. Ao mesmo tempo em que a China concentra-se na complexidade da mutável arquitetura internacional, temos de reconhecer que a tendência crescente na direção de um mundo multipolar não mudará. 

Ao mesmo tempo em que a China está plenamente consciente de que os ajustes econômicos globais não se farão como velas que navegam em mar sereno, os chineses têm de reconhecer que a globalização econômica não parará.

Ao mesmo tempo em que se mantêm plenamente alerta para a gravidade das tensões e das lutas internacionais, os chineses têm de reconhecer que a paz e o desenvolvimento permanecerão sem alteração como tendência subjacente de nosso tempo. 

Ao mesmo tempo em que nos mantemos finamente conscientes de que a disputa pela ordem internacional será longa e demorada, os chineses temos de reconhecer que a direção do sistema internacional no rumo das reformas não se alterará. 

Ao mesmo tempo em que reconhecemos plenamente que há incerteza no ambiente vizinho da China, os chineses temos de saber que a tendência geral na direção da prosperidade e da estabilidade na região do Pacífico-Asiático não sofrerá alteração. 

Xi Jinping enfatizou que o mundo de hoje está em transformação. É mundo no qual novas oportunidades e novos desafios continuam a emergir, mundo no qual o sistema internacional e a ordem internacional passam por ajuste profundo, e mundo no qual as forças internacionais relativas estão em profunda importante, a favor da paz e do desenvolvimento. 

Ao observar esse mundo, não podemos permitir que nossa visão seja bloqueada por eventos intrincados. Temos de observa o mundo mediante o prisma das leis históricas. 

Todos os fatores considerados, podemos ver que a China ainda está num importante período de oportunidade estratégica para sua missão de desenvolvimento, no qual muito pode ainda ser feito. Nossa maior oportunidade está no desenvolvimento ininterrupto e cada vez mais forte. 

Por outro lado, temos de considerar os vários riscos e desafios, e diluir com habilidade potenciais crises, convertendo-as em oportunidades para o desenvolvimento da China. 

Xi Jinping observou que a China entrou em estágio crucial para alcançar a meta de grande renovação da nação chinesa.

As relações da China com o resto do mundo passam hoje por mudanças profundas; suas interações com a comunidade internacional  tornaram-se mais próximas hoje do que jamais antes. Estão aumentando a dependências da China em relação ao mundo, e o envolvimento da China nos negócios internacionais - e assim também o mundo depende cada vez mais da China e aumenta o impacto mundial sobre a China.

Por tudo isso, ao projetar e ao adotar planos para reforma e desenvolvimento, os chineses temos de dedicar atenta consideração aos dois mercados, doméstico e internacional; aos recursos domésticos, como aos recursos externos; e a ambas as regras, domésticas e internacionais e usá-las de modo coordenado. 

Xi Jinping destacou que a China deve desenvolver abordagem diplomática clara, conforme seu papel de grande potência mundial. Devemos, a partir de nossa prática e experiências acumuladas, enriquecer e desenvolver ainda mais os princípios que guiam nosso trabalho diplomático, e fazer diplomacia com claras características chinesas e com visão chinesa. 

Temos de promover a liderança do CNP e do socialismo com claras características chinesas, e não nos afastar de nossa trilha de desenvolvimento, com sistema, tradições culturais e valores sociais. 

Temos de continuar a seguir política externa independente e para a paz, basear-nos sempre em nossa força para manter crescente o desenvolvimento do país e da nação chinesa, e seguir nosso caminho sem esmorecer. 

Ao mesmo tempo em que buscamos o desenvolvimento pacífico, nunca descuidaremos de nossos direitos e interesses legítimos, nem permitiremos que os interesses-núcleo chineses sejam prejudicados. Temos de promover a democracia nas relações internacionais e defendem os Cinco Princípios da Coexistência Pacífica. 

Estamos firmes em nossa posição de que todos os países, sem diferença por dimensões, força ou nível de desenvolvimento, são membros equivalentes entre eles da comunidade internacional; e de que o destino do mundo deve ser decidido pelos povos de todos os países. Temos de fazer valer a justiça internacional e temos, sobretudo, de falar pelos países em desenvolvimento. 

Xi Jinping destacou a importância de promover cooperação ganha-ganha e de promover um novo tipo de relações internacionais que manifeste essa cooperação ganha-ganha. Temos de seguir a estratégia ganha-ganha de abertura e uma abordagem ganha-ganha em todos os aspectos de nossas relações externas, nos campos político, econômico, de segurança e cultural. Temos de defender a justiça e buscar interesses partilhados. 

Tudo isso significa que temos de agir em boa fé, valorizar a amizade e defender e prestigiar a justiça. 

Devemos nos reger pelo princípio da não interferência em assuntos internos de outros países; respeitar o que os povos de outros países escolham livremente como via para o seu próprio desenvolvimento e sistema social; promover a solução pacífica dos conflitos e disputas entre países mediante diálogo e consultas; e os chineses devemos nos opor ao uso arbitrário da força ou de ameaças de uso de força. 

Xi Jinping destacou que, na condução da diplomacia chinesa tanto no momento presente como no futuro, temos de assumir a defesa geral da segurança nacional, fortalecer a confiança do povo chinês na via, nas teorias e no sistema do socialismo com características chinesas; e cuidar de preservar a paz duradoura e estável na China. 

Temos de buscar a compreensão e o apoio de outros países para o sonho chinês - que é sonho de paz, desenvolvimento, cooperação e resultados em padrão ganha-ganha. O que a China busca é o bem-estar do povo chinês e de todos os demais povos do mundo. 

Temos de defender com firmeza a soberania territorial da China; direitos e interesses marítimos; a unidade nacional e o adequado enfrentamento das disputas por territórios e ilhas. Temos de defender as oportunidades e o espaço de desenvolvimento da China e trabalhar duro para formar uma rede de alta interdependência e benefícios mútuos mediante cooperação tecnológica e negócios que beneficiem todos os envolvidos. 

Temos de fazer mais amigos, ao mesmo tempo em que nos mantemos sempre fieis ao princípio do não alinhamento, e construir uma rede global de parceiros. 

Temos de aumentar o 'soft power' da China, temos de oferecer uma boa narrativa chinesa e temos de comunicar melhor a mensagem da China ao mundo. 

Xi Jinping falou da necessidade de expandir e ampliar a agenda da estratégia diplomática da China sob novas condições. Disse que temos de promover a diplomacia da boa vizinhança, converter áreas vizinhas à China em comunidade de destinos, continuando seguir os princípios de amizade, sinceridade, mútuo benefício e inclusividade na diplomacia para os vizinhos; promover a amizade e a parceria com os vizinhos da China, promover ambiente amigável, seguro e próspero, e estimular a cooperação de ganha-ganha e a conectividade com os vizinhos da China. 

Temos de gerir bem as relações com outros grandes países, construir rede firme e estável de relações entre grandes potências; e expandir a cooperação com outros grandes países em desenvolvimento. 

Temos de fortalecer a unidade e a cooperação com outros países em desenvolvimento e integrar firmemente nosso próprio desenvolvimento com o desenvolvimento comum de todos os países em desenvolvimento. Temos de promover uma diplomacia multilateral, trabalhar para reformar o sistema internacional e a governança global e ampliar a representatividade e a voz da China e de outros países em desenvolvimento.

Temos de fazer avançar a cooperação orientada por resultados, fazer ativamente avançar a construção do Cinturão Econômico da Rota da Seda e a Roda Marítima da Seda do século 21; temos de trabalhar muito para expandir os interesses convergentes de várias partes, e promover resultados de ganha-ganha mediante a cooperação orientada para resultados. Temos de realmente defender e fazer valer a justiça e a busca por interesses partilhados e temos de garantir ajuda estrangeira aos necessitados. Temos de proteger os interesses da China no além-mar e continuar a ampliar nossa capacidade para garantir essa ajuda.

Xi Jinping destacou que, para fazer avançar plenamente a diplomacia chinesa sob as novas condições, temos de fortalecer a liderança central e unificada do Partido; reformar e aprimorar instituições e mecanismos que tenham a ver com assuntos e relações exteriores; aprimorar a coordenação deles entre os vários setores, corpos governamentais e locais; aumentar oinput estratégico; assegurar gestão bem regulada dos assuntos e relações exteriores; e fortalecer os corpos de servidores que fazem a gestão dos assuntos e relações exteriores, de modo que possam garantir forte apoio à abertura de novo horizonte na diplomacia chinesa. 

Li Keqiang destacou em sua fala, na presidência da Conferência, que o discurso importante e claramente focado do secretário-geral Xi Jinping oferece orientação importante para conduzir a diplomacia chinesa, tanto no estágio atual como para os tempos futuros. O discurso deve ser levado para discussão e plena compreensão dos vários corpos e níveis do governo chinês, para que todos ajam conforme aquela orientação e sejam guiados pelas decisões da liderança do Partido, tanto no pensamento como na ação. Para tanto, temos de nos apoiar na condição nacional da China, que está no estágio preliminar do socialismo e é potência mundial em desenvolvimento. 

Todos temos de trabalhar para manter e dar bom uso ao período de oportunidade estratégica para o desenvolvimento da China, e conduzir a diplomacia na direção do interesse de construir sociedade em estágio inicial de prosperidade em todos os respeitos, até que se alcance o objetivo estratégico que é a grande renovação da nação chinesa. 

Todos temos de lutar para construir o socialismo com traços chineses distintivos; dar a mais alta prioridade ao desenvolvimento econômico; administrar bem cada um os próprios negócios; continuar a fazer aumentar a competitividade econômica da China, sua influência cultural e força em termos gerais, garantindo o mais firme apoio para que se atinja o objetivo estratégico da diplomacia chinesa. Temos de continuar a buscar simultaneamente uma política externa independente, de paz e de desenvolvimento pacífico; defender sempre a justiça internacional; trabalhar para maior democracia nas relações internacionais; promover o benefício mútuo; fazer avançar a diplomacia econômica; enfrentar conjuntamente os múltiplos desafios globais; promover o progresso da civilização humana e continuar a abrir cada vez mais um novo horizonte na diplomacia da China. [Segue relação dos participantes da Conferência Central sobre Trabalho Relacionado a Assuntos Exteriores (NTs).]

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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