Revolução Cidadã imparavel!

O novo presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou na tarde de ontem (15) que assinou decreto convocando consulta popular para o próximo 18 de março, a fim de decidir sobre a formação de uma Assembléia Constituinte para reformar a Constituição do Equador.

O presidente fez o anúncio minutos antes de começar a tomar o juramento dos ministros de seu gabinete, em ato que se realizou no Monumento à Metade do Mundo, a poucos quilômetros de Quito. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve presente na cerimônia de posse.

A convocatória foi feita por meio do decreto 002 do novo governo e contém a pergunta a que deverão responder com "sim" ou "não" os equatorianos: "Você aprova que se convoque uma Assembléia Constituinte com plenos poderes para que transforme o marco institucional do Estado e elabore uma nova Constituição?".

Correa assegurou que "a pátria já é de todos e a revolução cidadã ninguém poderá deter". Correa detalhou os principais eixos do que será seu governo, que denominou revolucionário, bolivariano e alfarista, em referência ao general Eloy Alfaro, que, através de uma revolução em 1905, transformou o Equador.

"A partir de agora, vamos voltar a ter pátria através da revolução cidadã, com a qual mudaremos o sistema perverso que destruiu nosso país", discursou.

O primeiro eixo do governo que conduzirá a partir de hoje foi denominado por Correa como o da revolução constitucional. "Nossa classe dirigente fracassou, os representantes não entendem que eles devem responder aos cidadãos, e como essa institucionalidade fracassou e levou nosso povo ao colapso, vamos realizar uma reforma constitucional profunda para acabar com esse período de democracias de massinha (plastilina)", disse.

Foi esse momento que Correa escolheu para confirmar que, tal como prometeu durante a campanha eleitoral, assinaria o decreto de convocatória de uma consulta popular para que "o soberano, o povo equatoriano, ordene ou negue essa assembléia que busca superar o bloqueio político e econômico que vive o país".

Correa ratificou assim uma das decisões que provocou a maior reação da oposição que hoje se expressou através do discurso do presidente da Assembléia, Jorge Ceballos.

Apesar de ter dito que o Parlamento apóia uma assembléia constituinte, Ceballos ressaltou que essa deveria realizar-se sem trazer profundas transformações. Correa não evitou responder-lhe ao dizer que "chegamos a isso sem negociar com ninguém. A pátria já não está à venda".

Ceballos aplaudiu com frieza a definição. Como segundo eixo de governo, o novo mandatário indicou a luta contra a corrupção, que se desenvolverá tanto em nível estatal como no âmbito privado. A terceira perna do que será a gestão do equatoriano se dará em torno do que ele chamou de revolução econômica.

"O neoliberalismo predominou na América Latina e, além de empobrecer a nossos povos, tinha como objetivo garantir o pagamento dos serviços da dívida externa", disse. "Isso foi o que se conheceu como Consenso de Washington, cujas políticas foram acolhidas por nossas elites, com as conseqüências desastrosas que todos conhecemos."

Nesse contexto, Correa acusou os organismos multilaterais, aos quais considerou como responsáveis pela "aplicaçãod as políticas que destruíram o emprego" e assegurou que "o nefasto ciclo neoliberal foi definitivamente superado como o demonstram os povos de Argentina, Bolívia, Brasil, Uruguai, Chile, Venezuela, Nicarágua e, agora, Equador".

Nesse marco de unidade latino-americana atual foi que Correa decidiu representar esse momento ao reproduzir o antigo lema dos movimentos populares: "Alerta que camina la espada de Bolivar por América Latina" (Alerta, que caminha a espada de Bolívar pela América Latina). Dito isso, levantou com suas mãos, frente ao auditório, uma réplica da espada do Libertador Simón Bolívar que lhe foi presenteada pelo "comandante a amigo Hugo Chávez".

O novo presidente equatoriano ressaltou que "esta é a espada que percorre nosso continente" para logo assegurar que, a partir de hoje, "Equador se integra de maneira decidida à grande pátria sul-americana continuando com os ideais dos libertadores Bolívar e (José) San Martín".

Fonte: PT

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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