Israel continua bombardeando aeroporto
As tensões entre Israel e o Hezbollah cresceram dramaticamente depois que aeronaves israelenses bombardearam o aeroporto internacional de Beirute, capital do Líbano, pela segunda vez nesta quinta-feira. A ação foi uma resposta a um ataque com foguetes perpetrado pela guerrilha contra a cidade de Haifa, a terceira maior de Israel. Ao menos 55 civis libaneses morreram em decorrência da ofensiva israelense no país, e entre os mortos está uma família de quatro brasileiros, vítimas de um bombardeio em uma cidade no sul do país.
Aviões de guerra israelenses também destruíram na madrugada de sexta-feira a estrada que liga Beirute a Damasco, a capital da Síria, isolando completamente o Líbano do resto do mundo. As saídas por mar do Líbano também foram bloqueadas por navios de guerra israelenses. Logo após os ataques com foguetes contra a cidade de Haifa - a cidade mais distante da fronteira libanesa já atingida neste tipo de ofensiva -, helicópteros israelenses metralharam tanques de combustível no aeroporto de Beirute.
Os tanques explodiram, iluminando o céu da cidade com chamas de vários metros de altura. Mais cedo, bombardeios israelenses forçaram o cancelamento de todas as operações do aeroporto, abrindo crateras em todas as três pistas do complexo.
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Lançada depois que militantes da guerrilha libanesa Hezbollah capturaram dois soldados israelenses em uma invasão ao território de Israel na quarta-feira, esta já é a maior ofensiva de Israel no Líbano em 24 anos. Em dois dias de combates, ao menos 55 civis libaneses morreram, e 103 ficaram feridos. Dois civis israelenses e oito soldados também foram mortos, o maior número de baixas militares em quatro anos. Os bombardeios contra o aeroporto trouxeram a ofensiva para a porta da capital libanesa, e na noite de quinta-feira os ataques aos redutos do Hezbollah no sul de Beirute pareciam eminentes. Após o anoitecer, aviões israelenses lançaram folhetos sobre essas regiões da cidade alertando os moradores para evitarem as áreas em que o Hezbollah opera.
Segundo o chefe do Estado Maior de Israel, General Dan Halutz, "nada está seguro" no Líbano. O embaixador de Israel nos Estados Unidos, Daniel Ayalon, classificou o ataque à cidade como "uma grande escalada". A dura resposta de Israel às ações do Hezbollah também foi defendida pelo presidente dos EUA, George W. Bush, que disse que o país tem o direito de se defender. Segundo Bush, o Hezbollah é um "grupo de terroristas que quer frear os avanços do processo de paz".
O presidente americano ponderou, no entanto, que a ofensiva israelense pode prejudicar a coalizão anti Síria que atualmente governa o Líbano. "Estamos preocupados com a frágil democracia no Líbano", disse Bush, em visita a Alemanha. Os governos europeus e do mundo árabe também expressaram preocupação de que a ofensiva no Líbano possa levar a uma espiral de violência incontornável em uma região volátil e tomada pelos conflitos no Iraque e em Gaza.
Preso entre os dois lados combatentes, o governo libanês pediu que o Conselho de Segurança da ONU imponha um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah. Mas Israel já alertou que está determinado a derrotar o Hezbollah, além de prevenir que o grupo ocupe posições próximas à fronteira norte do país. "Se o governo libanês falhou em derrotar o Hezbollah, como se esperava de um país soberano, nós não podemos permitir que forças do grupo permaneçam próximas às fronteiras do Estado de Israel", disse o ministro da Defesa, Amir Peretz.
Os alertas de Israel de que há mais por vir causaram pânico em Beirute, diminuindo o tráfico nas ruas e levando as pessoas a permanecerem em suas casas. Outros esvaziaram as prateleiras dos supermercados em busca de mantimentos para um longo período de incertezas, enquanto filas se formaram em postos de gasolina.
Como diz a fonte "Estadão.com.br", milhares de pessoas - entre turistas estrangeiros e cidadão libaneses - tomaram a estrada que liga Beirute a Damasco, a única ligação do país com o resto do mundo depois que o aeroporto foi fechado. Mais tarde, Israel bloqueou também essa saída, bombardeando dois trechos da estrada.