O Tabu das Alterações climáticas: A questão cíclica

Kofi Annan, intervindo na Conferência de Nairobi, afirmou que as alterações climáticas “não são ficção científica”. Pois não são, senhor secretário-geral das Nações Unidas. Desde logo porque o clima, ao longo da História Natural do Planeta, sofreu ciclicamente alterações, facto que a Intelligentsia do “pânico climático” descarta liminarmente.

…”Não são ficção científica”

Kofi Annan, intervindo na Conferência de Nairobi, afirmou que as alterações climáticas “não são ficção científica”. Pois não são, senhor secretário-geral das Nações Unidas. Desde logo porque o clima, ao longo da História Natural do Planeta, sofreu ciclicamente alterações, facto que a Intelligentsia do “pânico climático” descarta liminarmente.

Está porém por saber se os actuais desastres naturais têm adicionalmente uma origem humana, ou seja, se a emissão de gases de efeito de estufa, os clorofluorcabonetos produzidos pela indústria, estão na origem do chamado “Aquecimento Global”. Mais, até que ponto este problema não estará a ser utilizado como vantagem económica pelos países mais poluidores, em prejuízo dos menos poluidores que necessitam desenvolvimento como o pão para a boca?

O problema começa por a ciência não ser unânime quanto a uma origem antropogénica do propalado “Aquecimento Global”, como defendem os “fundamentalistas” do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), um organismo na dependência da ONU, com forte influência dos países mais desenvolvidos. Diga-se que o suposto aquecimento do planeta não é tão global como afirmam, uma vez que se regista um arrefecimento no Atlântico Norte, por exemplo.

Alguns climatologistas, como John L. Daly, Rui G. Moura e Richard S. Lindzen, refutam as posições daquele departamento por as considerarem mais de natureza política que científica. Este último aliás, após algum tempo como colaborador do IPCC e um dos responsáveis pelos relatórios quinquenais, saiu daquela organização por discordância com os seus métodos de trabalho e conclusões sem rigor científico.

O que se sabe na verdade é que a cada período frio se segue um período quente, uma alternância com prazos variáveis que podem ir de algumas dezenas anos, a séculos, para não falar das eras glaciares e interglaciares que podem durar milhares de anos (!!!). O “Óptimo Climático Medieval”, em que se registaram temperaturas superiores às da actualidade e que é liminarmente desconsiderado pela intelligentsia do “pânico climático”, durou cinco séculos (700 a 1300). Entre 1870 e 1910, ocorreu um “curto período de frio” de apenas quatro décadas. A actual situação climática corresponde a um “período quente” que teve início em 1910. Além disso, os factores que influenciam o clima da terra são tão diversos, como a interacção dos planetas vizinhos, a dinâmica das massas de ar na atmosfera, etc, que se torna praticamente impossível prever o futuro climático do planeta.

O tom categórico com que alguns “cientistas” o fazem, baseados num modelo matemático com pouca fiabilidade científica e que é motivo de discórdia nos meios académicos, é a demonstração de que visam um objectivo político e nada mais.

Para os climatologistas citados, o problema da emissão do CO2 com origem na actividade humana é marginal às alterações climáticas que se observam, pelo que concluem que a insistência no tema do “aquecimento global” visa apenas criar um sentimento geral de “pânico climático” com objectivos nada científicos.

Confunde-se deliberadamente os problemas da poluição com o processo natural de alteração do clima, que mais não podemos fazer do que prevenir os seus efeitos, estes sim previsíveis. Quanto a isso pouco ou nada se faz. Nem mesmo em Nairobi se conseguiu estabelecer de imediato um fundo para tal, não obstante o drama das vítimas recentes do Tsunami Asiático e do Furacão Katrina.

Há contudo quem vá mais longe nos objectivos ocultos do IPCC e das potências económicas que o controlam. Tony Cooper e Aubrey Meyer, membros fundadores do Global Commons Institute, uma organização autónoma de investigação dos impactos da Globalização sobre o que designam de “espaços comunitários globais”, objectivando a protecção destes, no seu artigo inserido no livro “Ciência para a Terra – Pode a ciência criar um mundo melhor?”, afirmam, a propósito do chamado e bem “Mercado do Carbono”, subjacente ao “pânico climático”, que “Pretende-se que essas quotas sejam introduzidas em acordos comerciais internacionais e que a atribuição básica de quotas (ou direito de poluir) seja não só equivalente à má distribuição do desenvolvimento económico global de um determinado país, mas também que a má distribuição seja estruturalmente consolidada através de operações comerciais feitas no regime cambial existente.”.

Mais adiante concluem que “…os mecanismos da ACB (análise custo-benefício) global escolhidos para gerir a mudança climática global traduzem-se na nova articulação de uma economia global de dois terços. Eles constituem o clímax de vários séculos de distorções colonialistas e neocolonialistas das economias dos países subdesenvolvidos, com o objectivo de as adaptarem às necessidades do mundo industrializado”. Ora aí está a marosca. Podemos levar a sério o problema do perigo da emissão dos clorofluorcabonetos sobre o clima planetário?

Não descartamos porém os perigos da poluição industrial sobre a saúde do nosso planeta. Esta de facto é uma ameaça inclusive à sobrevivência da Humanidade. Contudo uma outra não se aborda nos fóruns internacionais como o de Nairobi por ser um tabu: os resíduos atómicos e o urânio empobrecido, que têm contaminado o mar e a terra, introduzindo alterações genéticas na flora e na fauna, incluindo o próprio homem. Este último “lixo industrial-militar” é utilizado nas munições convencionais desde a I Guerra do Iraque, à margem da Convenção de Genebra, exactamente pelos exércitos das potências industrializadas do Ocidente, as mesmas que se mostram tão preocupadas com as emissões de CO2 (!).

Artur Rosa Teixeira

Rio de Mouro, 18 de Novembro de 2006

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