Queixas dos EUA contra Irão desfeitas por vídeo

Dizem que agir na hora certa é tudo. E falando na “hora certa” o quê aconteceu no Estreito de Hormuz, entre navios norte-americanos e iranianos? Primeiro, os media disseram que aconteceu no Sábado, depois Domingo e chegou a ser notícia na Segunda-feira. Curiosamente, esse “evento” coincidiu com a visita de George Bush ao Oriente Médio e um dia antes do “primário” de New Hampshire.

Os meios de comunicação ocidentais guincharam histericamente como esperado quando aludiram a reivindicações dos militares dos EUA que cinco lanchas rápidas iranianas "se aproximaram" a três navios de marinha dos EUA no Estreito de Hormuz. A administração de Bush queixou-se que as ações iranianas chegaram a ser uma provocação perigosa. Oficiais dos EUA também reivindicaram que durante o incidente, avisos foram trocados entre os dois lados, acusando Irã de ameaçar os navios da marinha dos EUA, uma reivindicação que foi rejeitada pelo Irã.

"Todas as opções estão na mesa para proteger os nossos interesses," Bush disse em Jerusalém. "Deixamos claro publicamente e sabem nossa posição e esta é que haverá conseqüências sérias se atacarem nossos navios, puro e simplesmente. Meu conselho a eles é não o fazer".

O Irã diz que navios de guerra dos EUA aproximaram-se às águas territoriais iranianas no Estreito de Hormuz onde eles foram surpreendidos pelos barcos iranianos e sua prontidão em confrontá-los. Os iranianos patrulharam numa via navegável estreita que é negociada por navios comerciais e petroleiros. Os navios dos EUA estavam a aproximadamente três milhas fora das águas territoriais do Irã e seguiram numa direção ocidental depois de ter passado o ponto mais estreito em Hormuz.

Uma fonte do CGRI (Corpo de Guardas da Revolução Islâmica) disse que de acordo com a Convenção sobre a Lei do Mar da Organização das Nações Unidas (UNCLOS) as condições já são delineadas para controlar navios estrangeiros nos estreitos tal como o Estreito de Hormuz.

"Tais regras e condições são observadas pelos estados no litoral do golfo Pérsico," a fonte acrescentou. Incidentes semelhantes já ocorreram no golfo Pérsico. Num exemplo, um navio de guerra dos EUA desparou à frente da proa de um barco pequeno iraniano, de acordo com um funcionário que solicitou anonimato porque detalhes dos encontros anteriores não foram expostos ao público.

"Os EUA tem uma história longa de navegar em águas iranianas e a provocar o Irã," de acordo com Jornalista Reese Erlich, o autor o livro A Agenda Irã: A História Real dos EUA. A política e a Crise do Oriente Médio. Ele também lembra o incidente em que o navio USS Vincennes atirou e destruiu um avião comercial iraniano desarmado - e os EUA tentaram de encobrir o incidente. "Nesse contexto, a versão norte-americana dos acontecimentos deve ser examinada cuidadosamente," considerou.

Durante a Guerra entre os EUA e Espanha, o governo dos EUA afundou o seu próprio navio para começar a guerra. Também seria bom lembrar de incidente no Golfo de Tonkin, a mentira que formalmente começou a Guerra de Vietnã. A história oficial era que torpedeiros vietnamitas (norte) desencadearam uns "ataques não provocados" contra um contratorpedeiro dos EUA em "patrulha de rotina" no Golfo de Tonkin e que barcos vietnamitas seguiram com um "deliberado ataque" dois dias mais tarde.

A verdade foi muito diferente. James Stockdale , piloto da Marinha dos EUA numa missão aquela noite, era comandante de esquadrão. Mais tarde tornou-se um prisioneiro de guerra e depois candidato ao Vice Presidente ao lado do Ross Perot. "Tive o melhor assento na casa para observar esse acontecimento," lembrou Stockdale, "e nossos contratorpedeiros somente atiravam em alvos fantasma — não havia nenhuns barcos dos PT (vietnamitas) aí. ... Não havia nada aí senão água preta e fogo americano".

Hoje o Irã mostrou o seu próprio vídeo do suposto "incidente" com navios de guerra dos EUA no Estreito de Hormuz para se opor às acusações do Pentágono, que os iranianos ameaçaram explodir os seus navios. O vídeo foi mostrado em língua inglesa no canal iraniano Press-TV. Mostra um comandante iraniano numa lancha rápida contactando um marinheiro americano via rádio, pedindo que identificasse os navios de EUA e que declarasse seu rumo e missão.

"Navio de guerra da Coligação número 73, isto é uma patrulha iraniana," o comandante iraniano é ouvido dizer em inglês, pedindo ao navio confirmar seu número. "Isto é navio de guerra da Coligação número 73. Estou em águas internacionais," respondeu a voz americana.

A fita mostrou "navio de guerra número 73," o USS Port Royal, no primeiro planoe os dois outros navios dos EUA no incidente, o USS Hopper e o USS Ingraham. Um helicóptero também foi mostrado a pairar acima de os navios dos EUA na metragem iraniana, tirada com uma câmera de mão dentro da lancha rápida.

"Solicitamos seu curso presente e velocidade!" adicionou o comandante iraniano, que usava um salva-vidas amarelo lifejacket e o xaile kefiyeh freqüentemente usado pelas forças da Guarda Revolucionária. O diálogo no vídeo era repetitivo e ocasionalmente técnico, com os lados concordando em trocar de canal 16 para canal 11 nos seus rádios.

O video apoia as reivindicações do Irã que o incidente era puramente uma questão de rotina de identificação que acabou sem quaisquer hostilidades ou incidentes. "Irã claramente somente quis identificar os navios e descobrir o que eles faziam," concluiu o pivot da Press-TV.

Os Guardas tinham dito que o filme emitido pelo Pentágono era uma "fraude desajeitada" onde o som e imagem não foram adequadamente sincronizados e isso é evidente para quem ouvir essa versão. Se acreditassemos na versão dos EUA, então pareceria que Irã conseguiu espantar as "poderosas" forças armadas norte-americanas. Claro! Os iranianos sempre intimidam os americanos. Talvez planejam bombardear e invadir os EUA, ocupando-o durante séculos e iniciar uma mudança de regime que enviará a maioria de recursos naturais da América a Irã. Até pode ser que Irã quer ditar a todas nações do mundo que são tão poderosos, invencíveis e fortes.

Lisa KARPOVA

PRAVDA.Ru

EUA/CANADÁ

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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