Suicídio Clinicamente Assistido: não, obrigado!

Nos últimos dias, temos sido confrontados com o impensável... A Eutanásia, que literalmente quer dizer "Boa Morte"... É por aí que os defensores dela começam a falar, esquecendo deliberadamente a História do que aconteceu na Alemanha Nazi. Hitler justificou a Eutanásia com a economia e a sociedade, de um modo geral, aceitou-a...

Aceitou-a por que o argumento colocava-se nos gastos dispendiosos que o Estado tinha com as chamadas "Bocas Inúteis" que estavam nos lares e nos hospícios, ademais numa época de grande crise, como agora. Em nome desse absurdo desumano, oficial, foi tirada a vida a 200 mil almas. Depois dos protestos da Igreja, a chacina de deficientes mentais e físicos e idosos passou a fazer-se longe dos holofotes da opinião pública e na surdina desapareceram mais 80 mil...

Pode-se dizer que a Eutanásia, mais ou menos aceite pela sociedade, foi o ensaio geral, iniciado em 1933, para um programa mais amplo de eliminação de "indesejáveis", no âmbito da doutrina Eugénica, levado a efeito pelo Nazismo que redundou no chamado Holocausto judeu e não somente... Além do genocídio de judeus, quase sempre é esquecido outros grupos humanos que igualmente sofreram como estes, nomeadamente ciganos, negros, homossexuais, opositores políticos, prisioneiros de guerra, e só parou quando os Aliados derrotaram o III Reich. Estava previsto, caso Hitler e os seus sequazes tivessem sucesso na guerra que desencadearam, transformar os latinos em mão-de-obra escrava... e sabe-se lá mais o que pretendiam fazer...

Num tempo em que a população idosa está a crescer em Portugal e não só (Até a China já reconheceu o erro que cometeu com a política de um filho por casal, estimando-se que graças ao aborto compulsivo foram perdidas uns 50 milhões de almas em dez anos...), enquanto a natalidade decresce, e decresce muito por culpa da falta de políticas de apoio às famílias e em particular às mulheres que tem a coragem de ter filhos nos tempos que correm, que são no trabalho penalizadas por terem a "leviandade" de estarem gravidas, quando deviam, na nossa opinião, ser devidamente remuneradas; pela modernidade do aborto social e outros absurdos que certos políticos são hábeis em criar, em contradição com a compaixão que manifestam pelas crianças que morrem ou ficam mutiladas sob o efeito de minas e bombardeamentos ditos cirúrgicos. Quanta hipocrisia! Quanta falta de coerência de princípios!

A experiência das pessoas que se dedicam nos lares e nos hospitais a tratar de idosos acamados sabem que na maioria dos casos quando a pessoa pede explicitamente para a matar, está simplesmente a pedir que lhe alivie a dor física e o sofrimento psíquico, por se sentir abandonada pelos seus. Tratado convenientemente, e hoje não faltam meios terapêuticos para tal, já não deseja a morte e até fica grata por não ter sido consumida a sua tola pretensão. Mesmo nos países onde a Eutanásia se encontra descriminalizada, 80% dos pedidos, correspondem a um desejo injustificado de morte assistida, pelo que são indeferidos. Mas atenção, pode chegar um momento que um tal poder, discricionário, posto em letra de lei, pode ser distorcido e aplicado ao arrepio até dos valores que agora se difunde na defesa da Eutanásia e suas formas correlatas... E perigoso desde logo se está em causa interesses de terceiros, nomeadamente a partilha antecipada de heranças, para não falar no Estado que, na posse de um tal poder, estimule o suicídio assistido por razões económicas e financeiras, ou até outras, como aconteceu na Alemanha Nazi.

Temos o dever moral e material de cuidar dos desvalidos e o Estado que nos representa não pode virar as costas ao problema e encará-lo como se fossem números... Se formos por essa via, os cidadãos portugueses teriam direito a cobrar coercivamente os 70 mil milhões de euros que o Estado deve à Segurança Social desde que ela foi criada. O problema é também ético, prendendo-se com a nossa identidade cultural de raiz judaico-cristã. Embora laico, o Estado não pode ignorar os valores da espiritualidade do povo que o sustenta. As 3 grandes religiões monoteístas condenam o aborto e a Eutanásia. Isso não é um acaso. O Nosso entendimento é que Só Deus tem poder sobre a Vida e a Morte. E a morte, ainda bem que não sabemos quando irá acontecer, porque se soubéssemos, muito mal poderíamos fazer a terceiros e nós próprios... Lembramo-nos de um filme antigo, ainda a preto e branco, tipo Hichcock, que conta a história de um homem que tomou conhecimento que tinha poucos dias de vida devido a um câncer. Aproveitou o tempo para fazer tudo que lhe deu na real gana, resultado foi atropelado e morreu... muito antes da data prevista. O nosso "livre arbítrio" tem limites, como tudo aliás, decidir o momento da morte de alguém, mesmo a pedido e em papel passado, é de facto um grande pecado... pecado contra a lei dos homens e de Deus. Assim como não sabemos quando nascemos, também não sabemos quando morremos...

Admitindo que a Eutanásia seja referendada e que, tal como aconteceu com o aborto social proposto pela esquerda parlamentar, tenha aprovação popular, ter-se-á que alterar a Constituição da República, o Código Civil e mandar à fava o juramento de Hipócrates, que o mesmo é dizer, ignorar por completo o essencial do código deontológico dos médicos e de quem está ligado à saúde, que é a defesa da Vida. Mais, fica quebrado o elo de confiança que deve existir entre o paciente e o médico. Sempre que aquele veja uma seringa no ar, necessariamente pensará que o vão matar... Achamos de grande leviandade haver quem se arrogue a defender a Eutanásia em nome até da misericórdia. Santo Deus, onde chegámos!!!

Artur Rosa Teixeira

([email protected])

Ponta Delgada, 09 de Março de 2016

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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