Vinte Anos da Queda do Muro de Berlim: Incentivando os jovens para dias ensolarados e verdes no Pós-Guerra Fria

Paulo Galvão Júnior*

"Mesmo após o fim da Guerra Fria trata-se de derrubar muros que separam concepções de vida, que são como muros nas cabeças das pessoas e repetidamente impedem ou dificultam a compreensão mútua". Chanceler alemã Angela Merkel

"Os heróis foram o povo". Prêmio Nobel da Paz de 1990 Mikhail Gorbachev

Em 09 de novembro de 1989 caiu o Muro de Berlim, que dividia Berlim Ocidental e Berlim Oriental. Eu era um jovem estudante de Economia da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), no Campus II da fria Campina Grande, quando assisti a Queda do Muro de Berlim pela televisão. As frias Alemanhas eram divididas em República Democrática da Alemanha (RDA, ou, Alemanha Oriental) e em República Federal da Alemanha (RFA, ou, Alemanha Ocidental).

O líder da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) era Mikhail Gorbachev. A GLASNOT (transparência em russo) e a PERESTROIKA (reconstrução em russo) do Secretário-Geral do Comitê Central do Partido Comunista da URSS, Mikhail Gorbachev, aceleram o fim do regime comunista nos oito países do Leste Europeu (Albânia, Alemanha Oriental, Bulgária, Hungria, Iugoslávia, Polônia, Romênia e Tchecoslováquia) e da própria União Soviética em 1991. Após duas décadas da derrubada histórica do Muro da Vergonha, os jovens atuais podem perguntar aos jovens da minha época: Qual era a altura do Muro de Berlim? Qual era a extensão do Muro de Berlim? Qual foi o motivo da construção do Muro de Berlim? Quem derrubou o Muro de Berlim?

Primeiro, precisamos analisar a Alemanha há 70 anos passados. Em 1º de setembro de 1939, a Alemanha invadiu a Polônia, começava a Segunda Guerra Mundial. Em 1945, a Alemanha nazista foi à grande derrotada no final da II Grande Guerra. De acordo com o livro A Alemanha de hoje (1979, p.44), “Após a capitulação da Alemanha as potências vencedoras a dividiram em quatro Zonas de Ocupação. (...) Berlim, entretanto, não pertencia a nenhuma Zona de Ocupação, sendo administrada conjuntamente pelas quatro potências aliadas vencedoras da guerra: Estados Unidos, União Soviética, Inglaterra e França, ocupando cada uma delas um setor da cidade”.

A revista SuperInteressante numa reportagem intitulada A Nova 2ª Guerra Mundial (set./2009, p.65), relata que “Então finalmente, em agosto, chegou o Dia D. ‘Foi uma operação bastante arriscada, magnificamente executada e de importância vital para os interesses ocidentais. Caso tivesse falhado, o destino da Europa seria exclusivamente decidido pelo Exército Vermelho’, (...). No fim, os comunistas passaram a decidir o destino de pelo menos metade do continente, desde a queda de Berlim, em 1º de Maio de 1945, até a queda do muro, longos 44 anos depois”.

As duas Alemanhas ficaram divididas entre 1949 e 1990. A Berlim da Alemanha socialista (RDA) e a Berlim da Alemanha capitalista (RFA) por 28 anos foram separadas pelo muro. Do lado capitalista, existiam três setores: o setor americano, o setor inglês e o setor francês. Do lado socialista, existia apenas o setor soviético. Esta divisão em quatro setores foi outro grande motivo para a construção do Muro de Berlim. Na madrugada de 13 de agosto de 1961, iniciou-se a construção do Muro de Berlim. Não houve festa de inauguração pelos comunistas e sim famílias separadas por atos autoritários. O Muro de Berlim foi construído pelo Partido Socialista Unificado da Alemanha ( PSUA ou SED , do alemão Sozialistische Einheitspartei Deutschlands). O grande idealizador e responsável foi o Chefe de Estado da RDA e do SED, Walter Ulbricht.

O Muro de Berlim tinha quase 4 metros de altura e cerca de 155 km de extensão. O Muro de Berlim era uma fronteira blindada com 700.000 toneladas de aço. O grande objetivo do Muro de Berlim era deter o fluxo de refugiados da RDA para RFA em dias sombrios. Por isso colocaram uma cerca de arame farpado de 148 km de extensão além do fosso com quase 2 metros de profundidade, para evitar fugas em dias nublados através de buracos cavados próximo ao muro. Muitas pessoas morreram tentando fugir para Berlim Ocidental, devido à forte repressão das torres de vigilância do Muro de Berlim.

É muito importante enfatizar que, um alemão oriental que tentasse atravessar ou pular o Muro de Berlim para o lado ocidental poderia ser fuzilado pelos guardas de fronteira, ou ser preso por até dois anos ou pelo menos cinco anos de prisão. Estima-se que mais 3.000 pessoas foram presas e mais de 190 pessoas morreram ao tentar fugir da RDA. A primeira vítima foi um jovem de 24 anos, o alemão oriental Günter Litfin, morto a tiros pelos guardas de fronteira da RDA em 24 de agosto de 1961. Já a última vítima foi Chris Gueffroy, morto a tiros em 5 de fevereiro de 1989, aos 20 anos.

No livro A Alemanha de hoje (1979, p.51) explica que “(...) a RDA construiu, em agosto de 1961, um muro fortemente vigiado, que atravessa toda a cidade de Berlim. Até aquela data haviam fugido da Zona de Ocupação Soviética ou da RDA 3,5 milhões de pessoas. Ainda hoje algumas centenas de habitantes da RDA arriscam a fuga, mas as possibilidades são reduzidas. Muitos foram atingidos por tiros ou minas, nas tentativas de fuga”. Em seguida, o livro da RFA de 1979 enfatiza que “As fugas estavam enfraquecendo a economia da RDA, porque perdia mão de obraqualificada. Após a construção do muro deu-se uma certa consolidação e impulso econômico. (...) A RDA passou a segundo lugar dentro do bloco oriental, tanto em produção como em comércio exterior, seguindo a União Soviética”.

Com certeza absoluta, foi uma grande iniciativa popular as ações para abrir a fronteira entre as duas Alemanhas, e, sobretudo, para derrubar o Muro de Berlim em 09/11/1989. Os alemães orientais na histórica e fria noite gritavam: Wir sind das Volk! Wir sind das Volk! (Nós somos o povo! Nós somos o povo!). O Muro de Berlim caiu e o medo virou a alegria de viver em liberdade e em família na futura Alemanha!

No livro intitulado 1989: O Ano que Mudou o Mundo - A Verdadeira História do Muro de Berlim, o escritor americano Michael Meyer conta que, “em 9 de novembro de 1989, depois das 7 da noite, as pessoas começaram a se reunir nas proximidades do Muro. As pessoas gritavam ‘Sofort ’ , ‘Abram imediatamente ’ . Os indivíduos foram chegando e, logo, formavam uma massa compacta. ‘Eles vinham hesitantes, amontoavam-se em pequenos grupos, a certa distância da polícia, fazendo perguntas tímidas e segurando suas carteiras de identidade. Mas, à medida que a quantidade de pessoas aumentava — primeiro às dezenas, depois às centenas, finalmente aos milhares —, elas ficavam mais ousadas. Às dez horas já estavam a poucos passos dos guardas formados para enfrentá-las. E continuaram chegando ao posto de controle, vindas de três ruas que convergiam como rios afluentes que se acumulam em uma barragem. A multidão de vozes gritava em uníssono: ‘Abram! Abram!’. Do lado da Alemanha Ocidental, as pessoas gritavam: ‘Venham! Venham!’. Alarmados, sem saber o que fazer, os soldados buscavam orientação, mas não conseguiam obter nenhuma. Às 11h17, o guarda da fronteira ordenou ‘Alles auf!’ (‘Abram tudo!’). Os portões foram escancarados. ‘A multidão soltou um grande rugido enquanto avançava. De repente não havia mais Muro de Berlim. ‘Die Mauer weck’, gritavam as pessoas enquanto celebravam no alto do Muro, diante das câmeras, ao longo da noite. ‘O Muro acabou!’, registra Meyer. “De repente os alemães eram de novo alemães. Berlinenses eram berlinenses, não havia mais ‘oriental’ e ‘ocidental’”.

Segundo a minha querida Professora Zélia Almeida (2007, p.162), num artigo intitulado Berlim do Muro e a Destruição de Cenários, “Através de revistas e jornais acompanhei a construção do Muro da Vergonha (1961) com a ajuda de meus pais, um comunista, outro anti-comunista. Não me fez confusão, mas me indicaram uma área de interesse técnico, científico e artístico. (...) em 1989, a Queda do Muro de Berlim, tive viagem quase imediata, após acompanhar as negociações de Gorbachev, Vaticano, Pink Floyd (O Muro) e toda a torcida internacional do Ocidente e Oriente. Da Inglaterra a URSS viajei recolhendo Restos da Guerra Fria, escultura orientada por mim que deverá ser doada a algum grande museu que a valorize”.

Jovens atuais e jovens da minha época, vamos comemorar o vigésimo aniversário da Queda do Muro de Berlim! Vamos relembrar no tradicional Portão de Brandemburgo ( Brandenburger Tor ), em Berlim (atual capital da Alemanha), os alemães orientais, os alemães ocidentais, os trabalhadores estrangeiros e os turistas derrubando o Muro de Berlim! Era o fim da Cortina de Ferro e da Guerra Fria, posteriormente, o surgimento de uma só Alemanha em 03 de outubro de 1990.

Hoje, a Alemanha é o país mais rico da Europa e da União Europeia (UE). A moeda oficial é o euro. A República Federal da Alemanha tem a segunda maior população do continente europeu e da UE, com 82,3 milhões de habitantes em 2007, segundo dados do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). A Alemanha é o quarto país mais rico do mundo, com o PIB (Produto Interno Bruto) nominal de US$ 3,2 trilhões em 2008, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), atrás apenas dos EUA (US$ 14,2 trilhões), do Japão (US$ 5,0 trilhões) e da China (US$ 4,7 trilhões).

Atualmente, a Alemanha tem IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,947, revelando um país de desenvolvimento humano muito elevado, de acordo com dados recentes do PNUD. Na Alemanha, em 2007, a esperança de vida ao nascer era de 79,8 anos. Hoje, a maior e mais populosa (3,3 milhões de habitantes) cidade da Alemanha é Berlim! É também uma das mais ricas cidades da UE! Segundo célebre economista paraibano Celso Furtado (1998, p.31), “A União Europeia nasceu por iniciativa da França, tendo como principal objetivo um entendimento político consistente com a Alemanha. (...) Pela primeira vez, um grupo significativo de países soberanos e com perfil cultural próprio abdicam de prerrogativas nacionais para se integrar política e economicamente”.

De acordo com a Professora Zélia Almeida (2007, pp.170-171) num artigo denominado Berlim do Muro Sem Turismo, “Apesar do Muro haver caído, corria o ano de 1990, as tropas soviéticas ainda estavam em todos os postos. Novas contra-ordens poderiam chegar da URSS, e poderia reverter toda uma situação definida, a qualquer momento. Sempre foi assim. O Muro caiu em 9 de novembro de 1989. Os Estaleiros da Polônia, a Igreja Católica, leia-se João Paulo II, Gorbachev, e a Presidência dos Estados Unidos, passaram a conceituar o Muro como atentado diário aos direitos humanos e a diversidade ideológica, a nível mundial”.

Em 12 de junho de 1987, o Presidente dos EUA (Estados Unidos da América), RonaldReagan,discursou em Berlim Ocidental: “Congratulamo-nos com a mudança e abertura, pois acreditamos que a liberdade e segurança caminham juntos, que o progresso da liberdade humana só pode reforçar a causa da paz no mundo. Há um sinal dos soviéticos pode fazer isso seria inconfundível, que iria avançar dramaticamente a causa da liberdade e da paz. Secretário Geral Gorbachev, se você procurar paz, se você procurar a prosperidade para a União Soviética e Europa Oriental, se você procurar liberalização, venha aqui a esta porta. Sr. Gorbachev, abra o portão. Sr. Gorbachev, derrube esse muro!”.

Em 09/11/1989, o Secretário-Geral da RDA, Egon Krenz, em Berlim Oriental “sob pressão, Krenz ordena a abertura do Muro de Berlim, que logo é derrubado pela população” (Almanaque Abril, 19. dez./2008, p.383). Citando novamente a renomada economista paraibana Zélia Almeida (2007, pp.171-172), “(...), não havia um Muro. Havia três etapas de Muro. Havia três Muros. O primeiro que dava à frente a Berlim Ocidental. O segundo, era constituído de arames em profusão acrescentados de grossas barreiras de ferro cruzadas. O terceiro, outro muro de concreto, tão firme quanto o primeiro”.

De acordo com o jornalista americano Thomas L. Friedman (2005, p.62), “A queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989, liberou forças que acabariam libertando todos os povos dominados pelo Império Soviético – mas, nas realidade, fez também muito mais que isso: inclinou a balança do poder mundial para o lado dos defensores da governança democrática, consensual, voltada para o livre mercado, em detrimento dos adeptos do governo autoritário, com economias de planejamento centralizado. A Guerra Fria foi um embate entre dois sistemas econômicos – capitalismo e comunismo. Com a queda do Muro, sobrou apenas um sistema, pelo qual todos, de alguma forma, tiveram de se orientar”. Posteriormente, o jornalista norte-americano Friedman (2005, p.64) expôs, “A queda do Muro de Berlim não contribuiu apenas para o achatamento das alternativas ao capitalismo de livre mercado e a libertação das gigantescas reservas reprimidas de energia de centenas de milhões de pessoas de lugares como Índia, Brasil, China e o antigo Império Soviético; ela também nos permitiu encarar o mundo como um todo de uma nova forma, vendo-o como uma unidade mais homogênea”.

Em seguida, o conceituado jornalista Friedman (2005, p.65) afirma que, “(...) Se comemoro a queda do Muro, é por estar convencido do quanto podemos aprender uns com outros. A maior parte do conhecimento reside em aprender com o outro do outro lado da fronteira”. No best-seller O Mundo é Plano: Uma Breve História do Século XXI, o jornalista Thomas Friedman enfatiza na mesma página 65, “Por fim, a queda do Muro abriu caminho não só para que mais pessoas pudessem explorar os fundos de conhecimento uma das outras, como também para a adoção de parâmetros comuns com relação a como gerir economias, como fazer a contabilidade, como conduzir o sistema bancário, como construir computadores pessoais e como redigir trabalhos sobre economia”.

De acordo a revista Veja, na reportagem intitulada Revolução que Salvou o Mundo (11. Dez./2009, p.136), “O fim do comunismo, representado pela derrubada do muro, também propiciou a aceleração do processo de globalização econômica e o enfraquecimento de visões estatizantes em países como o Brasil e a Índia, hoje duas potências emergentes”. Mais na frente, na página 138, a revista Veja relata que “Em 1948, Stalin, que queria Berlim inteira para si, ordenou um bloqueio à parte ocidental – furado por uma ponte aérea organizada pelos americanos. Ninguém resumiu tão bem o significado de Berlim como centro de resistência ao totalitarismo comunista quanto o presidente americano John Kennedy, em visita à cidade em 1963. Em discurso aos moradores da parte ocidental, ele disse: ‘Todos os homens livres, onde quer que vivam, são cidadãos de Berlim. E é assim, como um homem livre, que me orgulho dessas palavras: eu sou berlinense!’”.

No prefácio do livro do ex-presidente da Romênia, Ion Iliescu, o ex-presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, expôs (2003, p.8), “A queda do Muro de Berlim pôs abaixo não apenas a separação física entre a Europa Ocidental e a Europa do Leste. Como acontecimento simbólico, marcou o fim de uma época, e o começo de outra”. Em 1989, foi um ano histórico também para o Brasil, pela primeira vez os brasileiros depois de trinta anos, escolheriam o seu Presidente e Vice-Presidente da República pelo voto direto. Eu com 19 anos votei pela primeira vez nas eleições presidenciais. Meu primeiro voto em 15 de novembro de 1989 (seis dias depois da Queda do Muro de Berlim) foi para o candidato do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), o então senador paulista Mário Covas, que ficou em quarto lugar no primeiro turno.

Os jovens atuais cometem erros, equívocos e falhas. Quando jovem também cometi erros! Por exemplo, no segundo turno das eleições direitas, em 17 de dezembro de 1989, votei no candidato mais apoiado pela mídia (leia-se Rede Globo) e com perfil não-comunista, o economista Fernando Collor de Mello do então PRN (Partido da Reconstrução Nacional); e, sobretudo, não obedecia aos meus queridos pais (ao ponto de não frequentar por vários meses a casa do meu pai, Prof. Paulo Galvão, e evitar ao máximo os conselhos da minha mãe, Dona Vera). Quando somos jovens erramos muito! Não foi fácil conviver com tantas incertezas, tantos Planos Econômicos, tantos semblantes frios, tantas separações em minha vida! Mas faz parte do amadurecimento para nova fase da vida!

Os erros também mudam a História! O erro burocrático de Günter Schabowski mudou os rumos da Guerra Fria. O portal-voz do Politburo da RDA em entrevista coletiva a jornalistas, transmitida ao vivo pela TV estatal, disse aos cidadãos da RDA, “Poderão viajar para fora da RDA sem autorização especial!”. Um jornalista perguntou: “Quando vai entrar em vigor?”. Respondeu Schabowski: “Segundo entendi, imediatamente!”. Em 09/11/1989 o último portal-voz da RDA leu a nota do seu superior, Egon Krenz, sem conhecer o conteúdo. Os berlinenses orientais não demoraram a tomar a iniciativa para viajar para Berlim Ocidental. A fronteira mais defendida do mundo em poucas horas depois do erro de Schabowski virou palco de uma grande festa do povo alemão, comemorando a queda do Muro de Berlim, um dos acontecimentos mais importantes do século XX.

Diante de um cenário econômico cada vez mais competitivo e em plena crise econômica mundial, agora você, jovem atual ou da minha época, pode estar perguntando: Durante a Queda do Muro de Berlim que lembrança mais forte lhe trás de volta ao passado? Com certeza absoluta, não foram às aulas de Economia nem tão pouco os debates em sala de aula sobre o capitalismo versus comunismo! Não foi o revolucionário vídeo clip da banda de rock inglesa Pink Floyd com sua famosa canção Another Brick in the Wall com cenas da “zona da morte”. Não foi também a derrota na disputa pelo CA (Centro Acadêmico) de Economia no Campus II da ex-UFPB (atual UFCG), na qual era integrante da chapa “PERESTROIKA”, cujo adesivo de campanha era um jovem fera e careca do Curso de Graduação em Ciências Econômicas derrubando o “Muro de Berlim”.

Acredite, a minha maior lembrança dos dias frios de novembro de 1989 era a vontade de voltar para casa. Viajar para João Pessoa, a minha terra natal, onde o Sol nasce primeiro em todo o continente americano. Vontade de mergulhar e nadar nas águas tranquilas e mornas do mar. A vontade de encontrar dias ensolarados! De beber água de coco na Praia de Manaíra contemplando a beleza das mulheres paraibanas. Para gozar da liberdade de ir e vir de pés descalços na areia fina da Praia do Bessa até a Praia da Penha! Para passear de bicicleta e admirar o verde dos coqueiros e das águas das Praias de Tambaú e do Cabo Branco!

Acredite, onde foi antiga “ faixa da morte ” será implementada a faixa verde, ideia do Presidente Fundador da Green Cross International, Mikhail Gorbachev, com apoio do Ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Jürgen Trittin. O Brasil é um país emergente e membro do BRIC (iniciais em inglês de Brazil, Russia, India and China) e do G-20 (Grupo dos Vinte) com potencial gigantesco na Economia Verde. A República Federativa do Brasil tem excelentes relações comerciais, econômicas, financeiras, diplomáticas, culturais, esportivas e científicas com a República Federal da Alemanha como também com a Federação Russa e com outros países integrantes do BRIC e do G-20. Hoje, podemos e devemos aumentar a parceria Brasil-Alemanha, Brasil-Rússia e BRIC-G-20 a favor da redução das emissões globais de gases de efeito-estufa e da geração de empregos “verdes”. Todos contra o aquecimento global!

Eu não sou comunista nem capitalista, eu sou economista... Economista paraibano, com uma visão generalista da economia globalizada. No Brasil, o dia 13 de agosto é comemorado o Dia do Economista! O maior economista do Brasil nasceu em 26 de julho de 1920, em Pombal, no Estado da Paraíba. Na era do conhecimento, o economista é um profissional muito importante para interpretar e discutir sobre os novos rumos da economia mundial, sul-americana, brasileira, nordestina, paraibana e pessoense. Precisamos de conhecimento, habilidade, atitude, competência, valores e sobretudo, de criatividade para gerar novas ideias, novas mudanças, novas siglas, novas perguntas em prol do desenvolvimento econômico sustentável. Questionou o Prof. Celso Furtado em 1974, no famoso livro O Mito do Desenvolvimento Econômico (1974, p.19), “(...) que acontecerá se o desenvolvimento econômico , para qual estão sendo mobilizados todos os povos da terra, chega efetivamente a concretizar-se, isto é, se as atuais formas de vida dos povos ricos chegam efetivamente a universalizar-se? A resposta a essa pergunta é clara, sem ambiguidades: se tal acontecesse, a pressão sobre os recursos não renováveis e a poluição do meio ambiente seriam de tal ordem (ou, alternativamente, o custo de controle da poluição seria tão elevado) que o sistema econômico entraria necessariamente em colapso”. Em seguida, Prof. Celso Furtado (1974, p.20) enfatizou, “A atitude ingênua consiste em imaginar que problemas dessa ordem serão solucionados necessariamente pelo progresso tecnológico, como se a atual aceleração do progresso tecnológico não estivesse contribuindo para agravá-los”.

Morando na terceira cidade mais antiga do Brasil e trabalhando na segunda cidade mais verde do mundo, finalizo com a compreensão de que a Queda do Muro de Berlim em 09/11/1989 foi o fim do maior símbolo da Guerra Fria. Em especial, na comemoração alusiva aos 20 anos da Queda do Muro de Berlim, estou incentivando os jovens para dias ensolarados e verdes no Pós-Guerra Fria. Novos “Muros de Berlim”, visíveis e invisíveis, físicos e virtuais, sãoconstruídos ou levantados na madrugada... Separando e dificultando os avanços da humanidade. Enfim, urge que os jovens atuais e da minha época se mobilizem para derrubar os “Muros de Berlim” do século XXI!

Referências Bibliográficas

ABRIL, Almanaque. Alemanha. 35ª ed. São Paulo: Abril, 19. dez./2008, pp.381-383.

ALMEIDA, Zélia Maria de. Cenários Turísticos: Potencial e Crise. João Pessoa: Idéia, 2007.

FRIEDMAN, Thomas L. O Mundo é Plano: Uma Breve História do Século XXI. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.

FURTADO, Celso. O Capitalismo Global. São Paulo: Paz e Terra, 1988.

______________. O Mito do Desenvolvimento Econômico. 2ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1974.

ILIESCU, Ion. Romênia: o renascimento de esperança; prefácio de Fernando Henrique Cardoso, tradução Iulia Baran. São Paulo: Editora Mackenzie, 2003.

SUPERINTERESSANTE, Revista. A Nova 2ª Guerra Mundial. Edição nº 269. São Paulo: Editora Abril, setembro de 2009.

VEJA, Revista. Revolução que Salvou o Mundo. São Paulo: Editora Abril, 11. nov./2009, pp.126-140.

VERLAG, Lexikothek. A Alemanha de Hoje. Munique: Lexikon-Institut Bertlesmann, 1979.

Referências Webgráficas

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DEUSTSCHE WELLE. Uma faixa verde no lugar da cortina de ferro . Disponível em : http://www.dw-world.de/dw/article/0,,922576,00.html Acesso em 07 de novembro de 2009.

PNUD. Relatório sobre o Desenvolvimento Humano 2009. Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos. Disponível em : http://hdr.undp.org/en/media/HDR_2009_PT_Complete.pdf Acesso em 05 de novembro de 2009.

REGAN, RONALD. Põe abaixo esse muro . Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Tear_down_this_wall Acesso em 07 de novembro de 2009.

REVISTA BULA. A Queda do Muro de Berlim e o Gorbachev da Hungria. Disponível em: http://www.revistabula.com/materia/a-queda-do-muro-de-berlim-e-o-gorbachev-da-hungria-/1428 Acesso em 07 de novembro de 2009.

*Economista, 39 anos, especialista em Gestão de RH pela FATEC INTERNACIONAL. É Chefe da DPTI da SETUR da PMJP e autor do livro digital de Economia intitulado RBCAI,

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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