'É Agora ou Nunca': Elite Boliviana Destruindo o País

'É Agora ou Nunca': Elite Boliviana Destruindo o País

 

Para as classes dominantes da Bolívia, o presidente Evo Morales deve renunciar mesmo que pela extrema violência, ou por uma guerra civil a qual defendem abertamente. Falam convictos ainda que desinformados e repletos de contradições, como em toda Revolução Colorida; odeiam os inimigos errados, como em qualquer Revolução Colorida em todo o mundo. Os líderes das manifestações são os piores personagens locais, pagando bloqueadores de ruas e autores de todo tipo de violência no país sul-americano mais pobre da região - a causa deles está longe de ser essa 

 

Edu Montesamti, da Bolivia especialmente para Pravda.ru

 


"É agora ou nunca!", disse uma família em Santa Cruz de la Sierra, reunida nas proximidades da famosa estátua do Cristo Redentor onde milhares de manifestantes e bloqueadores de ruas permanecem sete dias da semana, dia e noite.


Essa declaração deu-se em resposta a uma observação de Pravda.ru, de que as circunstâncias na Bolívia estavam perdendo o controle, levando a uma guerra civil. Com sua resposta, a família riu e não hesitou em declarar: "Queremos que as coisas saiam do controle. Essa é a única maneira de derrubar esse presidente, de uma vez por todas".

 

Violência, o Pão Nosso de Cada Dia

 

Por quase 20 dias, o país sul-americano está economicamente parado pois grupos de oposição bloqueiam ruas e impedem o comércio de abrir as portas; no último caso, com exceções, em alguns curtos períodos de alguns poucos dias, para mercados. Passa de desesperadora a situação boliviana. 

 

Violência, o pão nosso de cada dia em uma terra relativamente pacífica, especialmente se comparada com lugares como o Brasil ou mesmo o Paraguai, bem menos violento que aquele. 


No entanto, se alguém passear pela Ramada, centro comercial na regão central de Santa Cruz de la Sierra, vê quase todo o comércio de portas abertas: ato de desobediência aos líderes rebeldes da paralização nacional. Pravda.ru conversou com alguns comerciantes locais.


"Ninguém nesta região apóia a paralização", disse a Pravda.ru uma comerciante local. "Na cidade, nem todo mundo se opõe ao presidente, pelo contrário, posso dizer que as pessoas estão divididas", disse uma senhora, dona de uma grande loja na Ramada.


A filha da proprietária acrescentou: "Ninguém fez pela Bolívia o que o presidente Evo Morales tem feito. Ele concedeu vários direitos aos trabalhadores, como nenhum outro presidente fez antes. Isso é uma coisa que irrita a elite".

Todo mundo tem medo de falar publicamente, dada a incerteza e a virulência na essência dos protestos atuais que tomam a nação. Recentemente, nesta área, uma mulher se manifestou contra a greve dizendo que as pessoas querem e precisam trabalhar porque não há mais dinheiro nem comida: acabou espancada, e obrigada a se ajoelhar para pedir perdão aos manifestantes.

Em regiões como Cochabamba, Potosi e La Paz, a situação é ainda mais tensa com confrontos frequentes entre grupos pró-governo e oponentes, diariamente com vários feridos. Em Cochabamba, um homem de 20 anos foi morto nesta quarta-feira (6), vítima de ferimentos graves na cabeça, fratura no crânio e morte cerebral devido a confrontos que crescem cada vez mais.

 

A Bolívia  avança rapidamente a uma guerra civil.

 

Enquanto esta reportagem se desenvolve madrugada adentro, são ouvidos muitos fogos de artificio e ambulancias todo o tempo voando com suas sirenes, pelo centro de Santa Cruz de la Sierra. Repetindo-se os dias e as noites desde 21 de outubro.

 

 Fúria Irracional

 
Na Bolívia, isto tem sido via de regra desde antes da última eleição presidencial, em 20 de outubro: opositores destilam ódio contra o governo, mais ainda pessoalmente contra o presidente Evo Morales, mas quando confrontados com alguns dados oficiais, internacionalmente reconhecidos a favor do primeiro presidente indígena do país , as críticas mudam de direção. 

 

Como a fúria não possui base racional, apenas emocional, pode ser caracterizada como ódio sem nenhuma dúvida. Tal sentimento é fortemente sentido por aqui. Inevitavelmente, sua irmã siamesa: a ignorancia. E nisso se encontra embutida a culpa da adminstração de Morales, incapaz de avançar em termos educacionais muito embora, neste caso especifico, a discriminação e o racismo são males profundamente enraizados na sociedade local.


O que havia sido uma forte condenação contra a "situação do país", muda-se rapidamente para "um futuro ditador, se muitos anos no poder". Então, começam a explicar suas teorias políticas sobre o que siginficam mais de dois ou três mandatos na Presidência. E assim, criam conjecturas.

Angela Merkel é primeira-ministra alemã desde 2005 enquanto seu país tem uma democracia sólida, não questionada na Bolívia nem em nenhum outro lugar do mundo. O que determina uma forte democracia em um país, é a solidez de suas instituições.

O que a oposição tem fortemente a seu favor, geralmente revertendo o cenário relativo àqueles que defendem o governo, é o referendo de 2016 em que Evo Morales perdeu por pouco, sobre se a Constituição deveria ser revisada para permitir que ele voltasse a se canditatar.

 

Presidente sem Estado, Manifestante sem Povo

Na noite de segunda-feira passada, ocorreu em Santa Cruz de la Sierra a maior manifestação contra o presidente Evo Morales desde as eleições, em 20 de outubro. "Evo será presidente sem Estado!", afirmou na manifestação Luis Fernando Camacho, líder dos atuais protestos nacionais, que vive e se organiza em Santa Cruz de la Sierra.


A biografia e ascendência de Camacho, descritas mais abaixo nesta reportagem, são outra séria indicação de que o que está avançando na Bolívia é uma Revolução Colorida, idealizada pelo norte-americano Gene Sharp para derrubar governos em todo o mundo não alinhados ao regime de Washington.


O presidente Evo Morales desafiou a oposição a fornecer evidências de fraude à Organização dos Estados Americanos (OEA), que vem auditando as eleições na Bolívia. Até agora, ninguém apresentou nenhuma evidência de fraude referente à última eleição presidencial.

 

Segundo a oposição, desde a chegada da OEA para auditar as eleições, não se almeja mais auditoria nem segundo turno, mas a renúncia de Morales e novas eleições.

 

Mais uma vez, Pravda.ru verificou as pessoas perdidas em suas falas, enquanto emoções transbordavam. Uma das características de uma Revolução Colorida. Tem sido assim na Síria, Egito, Tunísia, Líbia, Brasil e outros países recentemente.

Há outras características dos protestos na Bolívia, que apontam claramente para uma Revolução das Cores.

Pagando Manifestantes


Houve testemunhas de que os bloqueadores de ruas recebem 200 bolivianos (29 reais) por dia. Uma mulher confirmou essa informação a Pravda.ru, quem diz ter encontrado um bloqueador que conversou com ela sobre isso.

Camacho reconheceu que pagou 1.200 bolivianos (180 reais) a um membro da União da Juventude Cruceñista para queimar o Tribunal Eleitoral em Santa Cruz de la Sierra, em 23 de outubro.

O empresário também diz que financia todos os tipos de manifestações contra o atual governo, "e sempre o fez [antes das eleições]", o que inclui ataques a sedes do partido oficial em Santa Cruz de la Sierra em 12 de setembro.

Grupos Apoiados pelos EUA

Revelações recentes apontam para um plano apoiado pelos EUA de sacudor o país. O que Tio Sam melhor sabe fazer contra democracias globais. 

 

A Rede de Educação Radioelétrica da Bolívia (Erbol) publicou dias passados 16 áudios que revelam conversas entre autoridades norte- americanas, com opositores e ex-militares bolivianos.


Em um plano de três partes delineado por autoridades estadunidenses, é mencionado o ex-presidente Gonzalo Sanchez de Lozada (2002-2003). Lozada tinha Carlos Mesa (o principal oponente de Morales na última eleição) como vice-presidente, e atualmente mora exatamente nos EUA.

Os senadores norte-americanos Bob Menendez, Ted Cruz e Marco Rubio são algumas das autoridades norte-americanas mencionadas nos áudios ligadas à oposição boliviana, que planejam um golpe contra o presidente Evo Morales.

"Oficiais do Departamento de Estado credenciados no país, como Mariane Scott e Rolf A. Olson, se reuniram com oficiais diplomáticos de alto nível do Brasil, Argentina e Paraguai, a fim de organizar e planejar ações de desestabilização contra o governo boliviano, bem como entregar os fundos dos EUA à oposição boliviana.

"(...) Paralelamente, no mês de julho foi realizada uma reunião privada entre os oponentes Jaime Antonio Alarcón Daza, Iván Arias e outros membros dos comitês cívicos, nos quais foi acordado adquirir máquinas de contagem de votação rápida [boca de urna] para as próximas eleições presidenciais, a fim de manipular a opinião pública sobre os resultados eleitorais.

"Essas máquinas teriam um custo total de 300 mil dólares. A Embaixada dos EUA e a representação da União Européia no país contribuiriam para financiar a compra, que forneceriam através da Fundação Jubileo e da Igreja Evangélica. Com esse objetivo específico, eles já conseguiram reunir mais de 800 mil dólares, dos quais também seria pago o pagamento às pessoas que participam da contagem rápida de votos".


Também foi planejado um ataque contra a Embaixada de Cuba na Bolívia.

Todos os áudios, que incluem o plano de três partes para conseguir uma mudança de regime na Bolívia, podem ser lidos aqui.

Tocando Emoções através da Grande Mídia da Propaganda

Essas numerosas manifestações, na cidade de Santa Cruz de la Sierra, costumam ser realizadas "aos pés de Cristo" como a grande mídia boliviana sempre relata comoventes emoções das pessoas. Refere-se ao ajuntamento nas proximidades do Cristo Redentor.

 

A barata ideia vendida é, portanto, que os manifestantes estão ao lado de Cristo e quem se opõe ao caos atual que causam, estão contra Deus, a favor do Demônio ou alguma coisa assim. E o clima tem sido realmente este em Santa Cruz de la Sierra.


Como Pravda.ru tem relatado repetidamente, líderes religiosos têm usado pessoas como fantoches há muito tempo na Bolívia. O que, é claro, requer o uso do imaginário coletivo. 

 

Tem sido tão forte essa jogada,que este repórter previu exatamente o que está acontecendo hoje em dia na Bolívia, meses atrás. Falando em voz alta e clara à participação fundamental de líderes religiosos que dedicaram a maior parte do tempo a espalhar mentiras, discriminação e ódio entre o povo boliviano, com objetivos claros.

Esse uso indevido das emoções das pessoas não é apenas uma característica da Revolução Colorida nos dias de hoje, mas foi um pilar da ascensão do nazismo da Alemanha na década de 1930.

Nestes dias sombrios e tensos na Bolívia, a grande mídia de propaganda está desempenhando um papel fundamental a favor dos protestos, jogando muita gasolina sobre o fogo. Um bombardeio que pode ser denominado guerra midiática. Sem investigação, sem imparcialidade, apenas propaganda em meio ao caos que apenas cresce.


Lutando contra o Inimigo Errado

Na noite de quinta-feira (31), quando a situação agravava-se ainda mais na Bolívia, Pravda.ru investigou um dos principais bloqueios na altamente tensa Santa Cruz de la Sierra, bloqueada 24 horas por dia por manifestantes.

Naquele dia na cidade, um policial havia sido fortemente espancado por civis oponentes à administração Morales. Um dia antes, dois homens haviam sido mortos nos arredores de Santa Cruz de la Sierra.

 

Quando a investigação de Pravda cruzou o bloqueio, sob vigilância de seus controladores, uma rádio em alto som dizia: "Estamos reportando multitudinarias manifestações ocorrendo agora em Potosi! Manifestações multitudinarias ocorrendo agora em Cochabamba! Manifestações multitudinarias agora em Santa Cruz de la Sierra! Manifestações multitudnnarias ocorrendo agora em La Paz! ".

De repente, de uma maneira muito mais tocante, o narrador disse: "Em La Paz, a multidão grita: 'Chega de cubanos, fora, cubanos! Chega de russos, fora, russos! Chega de chineses, fora, chineses!". Havia sido recentemente espalhado em Santa Cruz que "Vladimir Putin já enviou seus homens para matar todo mundo na Bolívia".

Assim, a reivindicação popular na Bolívia mudou da recontagem dos votos para um segundo turno, independentemente dos resultados das eleições; mai adiante, para uma nova eleição; e depois, para a renúncia de Evo Morales e combater os "grandes inimigos" da nação, o pesadelo das elites bolivianas: cubanos, russos e chineses.

Desnecessário será abordar os absurdos dessas observações. Para nem mencionar a ausência dos EUA na memória dessa mesma elite, dados os golpes militares que o Tio Sam perpetrou contra as democracias da região - incluindo a Bolívia - e a pilhagem dos recursos naturais da nação boliviana (antes de Evo Morales na Presidência).


Luis Fernando Camacho atua em Santa Cruz, e a maioria de suas aparições públicas contra o presidente boliviano ocorrem em sua cidade natal. Empresário, ele é presidente do Comitê Pró-Santa Cruz, dedicado a defender a justiça e o progresso em Santa Cruz de la Sierra.

O bilionário não foi eleito presidente do Comitê pela sociedade "cruceña" (cidadão originario de Santa Cruz de la Sierra), mas pela cúpula do comitê. É amplamente dito na cidade que o magnata conquistou a presidência da organização através de subornos milionários. O que coincide com a realidade boliviana, altissimamente corrupta.


O comitê de Camacho tem uma longa história de disseminação de racismo, discriminação, ódio e violência na Bolívia. Em 2008, a organização participou da violenta tentativa de separar Santa Cruz de la Sierra da Bolívia. Na época, em resposta a uma falsa denúncia do Comitê Pró-Santa Cruz contra o governo Morales, a Federação Internacional de Direitos Humanos repreendeu seriamente a organização agora presidida por Camacho por atacar povos indígenas, instituições estatais e discursos e atos por secessionismo (leia carta aberta).

Camacho tem 40 anos; ele e sua família fazem parte do Grupo Empresarial de Inversões Nacional Vida SA. Seu pai, José Luis Camacho Miserendino, fundou a Sergas, companhia de gás que, em 1989, tinha contratos com o estado neoliberal vinculado a companhias de seguros e fundos de pensão.

A Sergas deve 20 milhões de bolivianos (US$ 2.890.173) ao Estado boliviano por sonegação de impostos, quando a empresa forneceu gás à cidade de Santa Cruz de la Sierra. Então, o que está em jogo é possivelmente o perdão da dívida se um governo neoliberal retomar o poder no país sul-americano. 

 

Diz-se e faz sentido que, se Carlos Mesa, um neoliberal, assumir o poder substituindo Evo Morales através de golpe ou renúncia, o ex-vice-presidente de Lozada perdoe imediatamente a dívida de Sergas com o Estado.


O comitê de Camacho atua próximo à União da Juventude Cruceñista, amplamente conhecida por ditos e ações fascistas - também por ter liderado o projeto violento e fracassado de separar Santa Cruz de la Sierra da Bolívia, em 2007.

Na quarta-feira passada, Jorge Fernando Quiroga Ramírez, também conhecido como Tuto Quiroga, desembarcou em Santa Cruz de la Sierra para conhecer e apoiar Camacho. Quiroga foi vice-presidente de Hugo Banzer (1971-78, 1997-2001), ditador sangrento e marionete do regime de Washington.

Mais recentemente e mais próximo da Bolívia, o Brasil no cenário mundial de Revolução Colorida derrubou a presidente Dilma Rousseff em 2016, para dar lugar a Michel Temer que abriu caminho ao fascista Jair Bolsonaro. Desde o golpe contra Dilma Rousseff, a grande mídia, as classes altas e a oposição política disseram que, uma vez derrubadas a primeira presidente mulher da história do Brasil, o país sul-americano voltaria à democracia e ao crescimento econômico.

Desnecessario será abordar a situação brasileira desde então. Apenas digno de menção: esses segmentos brasileiros não se preocupam mais com corrupção, nem tem sido vistos naquele fortissimo estado de histeria pela retomada do crescimento econômico, como em 2016.

Se o golpe planejado for bem-sucedido na Bolívia, este país certamente terá o mesmo destino que o Brasil, econômica e politicamente falando.

 

Longo Processo Baseado em Desinformação e Odio

"Eu odeio Evo Morales!" disse em julho do ano passado, em uma conversa com Pravda.ru, uma cabeleireira de Santa Cruz da Serra - sem nenhuma justificativa política para esse profundo sentimento de intolerancia. Profissional branca de 40 anos, ela apenas odeia. Ela odeia abertamente o primeiro presidente indígena da história da Bolívia. Nada mais a dizer.

A deputada Norma Pierola de Cochabamba foi processada por racismo por não cumprimentar o presidente Evo Morales em atividade oficial, no final do ano passado. Norma alegou que Morales não respeita as mulheres como presidente, sem nenhuma justificativa para isso. Pelo contrário, a administração de Morales é bem conhecida, inclusive entre os críticos pela concessão de direitos para mulheres, comunidade LGBT e povos indígenas.

Naquela época, o governador de Santa Cruz da Serra, Rubén Costas, chamou os indígenas de "burros e idiotas", reacendendo o fogo do racismo profundo que costumava envergonhar a Bolívia nos anos anteriores a Evo Morales.

Este vídeo mostra fortes atos de racismo e discriminação que Evo Morales está sofrendo desde que assumiu o poder em 2006, e forte violência contra indígenas e camponeses inocentes e desarmados, "uma raça maldita". Imagens chocantes gravadas especialmente em Santa Cruz de la Sierra, antes de Evo Morales na Presidência quem, com o Congresso composto principalmente por partidários, aprovou projetos de lei que punem severamente os atos de discriminação.

Mas a profunda intolerancia e ódio tem sido mantidos dentro dos corações, crescendo em mutos casos nos sentimentos de muitas pessoas ao longo dos anos. Isso foi percebido fortemente em conversas desta reportagem, ao longo deste ultimo ano e meio, com cidadaos que não toleram um "pele vermelha", um camponês ou um sotaque diferente. Ou mesmo um eleitor de Evo.

"Se Camacho atingir seus objetivos de derrubar Evo, esse clima de discriminação, racismo, ódio e violência profunda voltará à Bolívia, como ele é aliado de Ruben Costas", disse a Pravda.ru um boliviano de La Paz, que mora em Santa Cruz desde 2009.

Entre muitas mentiras sem sentido espalhadas na Bolívia, tanto pela oposição quanto por líderes religiosos (estes últimos desempenham papel fundamental na campanha de discriminação e difusão de calúnias), podemos destacar que "Evo teve um avião preso nos EUA anos atrás, cheio de cocaína".

Conversando pessoalmente com líderes católicos dos Cavaleiros Templários em Santa Cruz de la Sierra, este repórter perguntou-lhes, ciente de que era mentira: "Por que Evo não foi preso nos EUA, então?". A resposta, ridícula, foi: "ele tem imunidade como presidente da Bolívia [no território dos EUA!]".

Outra mentira disseminada é que Evo Morales é dona da companhia aérea Boliviana de Aviación (BoA) - empresa estatal criada em 2007, um ano depois que Evo assumiu o poder.

"Fiquei surpreso que eles [líderes religiosos] orem primeiro e depois odeiem, o que é isso?" Evo perguntou na semana passada. "Eles rezam para [depois] chutar as pessoas pobres", denunciou o presidente da Bolívia, seguramente ciente de que esse segmento está por trás da guerra suja de ódio, em todo o país.

Confusão Social

Saindo a manifestação "aos pés de Cristo" na segunda-feira passada, Pravda.ru conversou com algumas pessoas. A reação de um casal a algumas das observações de Pravda é a marca do estado de espírito atual entre os eleitores da oposição.

Depois de explicar as razões pelas quais os jovens estavam exigindo a derrubada de Evo Morales, esta reportagem apresentou alguns poucos dados sobre a economia da Bolívia nos últimos anos, em comparação com os anos anteriores ao atual presidente.

O casal então repetiu uma postura comumente presenciada por Pravda.ru quando conversa pelas ruas de Santa Cruz de la Sierra: primeiro, murcharam para, em seguida, mudar o ponto das criticas. O problema não era mais economia, mas um presidente por muitos anos de poder. O que é pelo menos discutível, como apontado mais acima.

Outra característica forte desses protestos na Bolívia, marca registrada, igualmente, das Revoluções Coloridas, é a disseminação de mentiras entre as pessoas, anteriores ao caos atual: o cenário de confusão social baseado na inversão de fatos vem avançando há muito tempo neste pais sul-americano.

Na terça-feira passada, este repórter recebeu uma mensagem do WhatsApp de um advogado de La Paz, que também trabalha em Santa Cruz de la Sierra. "Inicia-se um novo movimento social na Bolivia [com as atuais manifestacoes]. Assim nascem os movimentos, primeiro reivindicam, depois elaboram sua ideologia," ele disse. O que é um absurdo e outra característica forte da Revolução Colorida, pois o processo dos movimentos sociais é o inverso: eles primeiro têm uma direção, depois se organizam e lutam por seus ideais.

Lutar por algo sem um caminho claro a ser seguido é ridículo, levando as nações vítimas das Revoluções Coloridas, inevitavelmente, ao caos, geralmente a políticas fascistas, a uma situação pior que as respectivas nações viviam antes de tais movimentos artificiais.

Não há projeto por parte da oposição boliviana. Eles querem que o sistema de justiça, altamente corrupto e controlado pelo atual governo, é verdade, esteja sob seu controle novamente, não planteiam uma reforma. E pretendem colapsar todos os ganhos da administração de Morales.

Garras Crueis e Afiadas de Tio Sam

 

Em 2014, Jacob Ostreicher, empresário judeu financiado pelo narcotráfico local e pela CIA disfarçada de missão diplomática para desestabilizar a Bolívia, fugiu ilegalmente e protegido pela CIA da Bolivia para não ser preso. Quem providenciou a fuga de Ostereicher foi o "diplomata" Larry Lamont Memmott, um agente da CIA que atua no pais sul-americano.

Quem está por trás dos protestos na Bolívia são forças obscuras, a elite boliviana mesquinha e destrutiva que, nos dois séculos anteriores a Evo Morales, costumava vender recursos naturais locais para receber em troca as migalhas do Império - Inglaterra no seculo 19 e depois disso, EUA que está, mais uma vez, usando a elite fantoche boliviana como ferramenta para fins geoestratégicos e econômicos.

Tudo isso parece impossível de ser discutido com muitos na Bolívia hoje. Suas mentes, confundidas pelo diário bombardeio da mídia e dos líderes religiosos, que atuam como vozes oficiais de Deus para essas pessoas.


O caos atual, com a economia local travada por quase 20 dias, não tem previsão de terminar. Quem está destruindo a Bolívia não é certamente Cuba, nem a Rússia, nem a China. Mas na Bolívia profundamente conturbada dos dias de hoje, impera o ensinamento de Joseph Goeebels, ministro de Propaganda de Adolf Hitler: "Uma mentira contada uma vez continua sendo uma mentira, mas uma mentira contada mil vezes, torna-se verdade".

Mentira, algo que o Império mais terrorista da história é especialista em espalhar. E na destruição das nações, outra coisa que, ha muito tempo, a América Latina lamentavelmente conhece muito bem.

É a vez da Bolívia, de novo...

***

Nota: Os ganhos e fracassos do governo Evo Morales serão discutidos em profundidade em uma próxima reportagem. Uma investigação sobre as reais condições de vida no país, ainda mais pobre da América do Sul, e as razões pelas quais os EUA estão interessados em desestabilizar a Bolívia.
Exclusivo em Pravda.ru, que tem visitado hospitais, escolas, universidades e várias outras instituições ao mesmo tempo que conversando com profissionais locais, e pessoas em geral.

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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