Hitler, o avô Bush e a origem de uma fortuna

 Por Giselle Dexter *


Prescott Bush, avô do atual presidente dos Estados Unidos, foi um jovem rebelde. Em 1918, enquanto integrava a associação de estudante Skull & Bones (Crânio e Ossos), na Universidade de Yale (Connecticut), entrou em um cemitério apache e roubou a cabeleira do épico chefe guerreiro Jerônimo, falecido em 1909 em uma reserva indígena.


Crânio e Ossos opera na Universidade de Yale há mais de um século e meio. Quinze neófitos são “iniciados” todos os anos em rituais obscuros que incluem simulacros de sacrifícios humanos, onde é usado mel vermelho para representar o sangue. Seus integrantes têm chegado à presidência dos Estados Unidos, ao Supremo Tribunal de justiça, ao Congresso, aos serviços de inteligência, à Bolsa e às principais corporações financeiras.


A ordem secreta foi fundada em 1833 por Alphonso Taft e William Russell Huntington, parente do politólogo Samuel Huntington, autor d’O Choque Das Civilizações. Entre seus afiliados, encontram-se membros das famílias Rockefeller, Roosevelt, Kellogg, Goodyear, Forbes e Vandervilt. De suas fileiras, as’iram três presidentes, os fundadores da CIA e vários conselheiros de segurança nacionais. Alguns deles foram os que decidiram lançar a bomba atômica em Hiroshima (1945), três dos quatro que planejaram a invasão à praia cubana de Baía dos Porcos (1961) e os que afundaram os Estados Unidos na guerra de Vietnã (1960-1975).


Durante a Segunda Guerra Mundial, Prescott Bush era sócio de uma companhia petrolífera do Texas e foi sancionado pelo governo americano por violação ao Trading with Enemy Act (Registro de Comércio com o Inimigo), ao negociar uma venda considerável de combustíveis para a Luftwaffe, a força aérea alemã que estava devastando por ar Europa.


Anos depois, John Foster Dulles, então diretor da Agência Central de Inteligência (a CIA) e amigo íntimo de Prescott, o convenceu a devolver a cabeleira de Jerônimo para o apache. O empresário texano consentiu... mas em pouco tempo os nativos descobriram que ele tinha lhes dado uma réplica fajuta.


Agora, um livro aparecido nos Estados Unidos revela que as “travessuras” de Prescott foram muito mais adiante e incluíram vários negócio milionários com empresários alemães simpatizantes de Adolfo Hitler. Segundo Webster Tarpley e Anton Chaitkin, autores de “George Bush: A Biografia Não Autorizada”, os nazistas poderiam ter sido “pagos, armados e treinados pelos grupos de elite de Nova Iorque e de Londres, um dos que, cujo Diretor Executivos, era Prescott Bush.”


Em um artigo publicado na Revista de Babel para o primeiro aniversário aos atentados ao WTC, o jornalista Victor Thorn comenta a documentada reportagem de investigação de Tapley e Chaitkin, e afirma: “Foram os banqueiros de Wall Street (entre outros) os financiadores ocultos desta fulgurante ascensão ao poder. A família de nosso atual presidente americano formava uma parte das pessoas que financiaram a máquina de guerra nazista, enquanto tiravam enormes salários”


A biografia não autorizada deixa à mostra uma retorcida história secreta que demonstra que, para alguns homens das altas esferas internacionais, uma coisa é o patriotismo e outro os negócios.


O livro narra que, em 1922, - no começo do nacional-socialismo - o empresário ferroviário W. Averell Harriman, viajou a Berlim e teve uma entrevista com a família Thyssen para propor a fundação de um banco alemão-americano. Os Thyssen já eram os donos de várias instituições financeiras que lhes permitiam transferir seu dinheiro da Alemanha para a Holanda e, de lá, para os Estados Unidos.


Estes Bancos eram o August Thyssen Bank (Berlim), o Bank voor Handel (Países Baixos)e a Union Banking Corporation (Nova Iorque).


No início da década de 20, Fritz Thyssen - autor do livro “I Paid Hitler” (“Eu Financiei Hitler”) contribuiu com 25 mil dólares ao recentemente constituído Partido Trabalhador Nacional Socialista Alemão e, em 1931, se afiliou a esta organização. O magnata estava à frente da German Steel Trust, consórcio da indústria do aço, fundado em 1926 por Clarence Dillon, um dos homens fortes de Wall Street. Um colaborador de confiança de Dillon foi Samuel Bush, pai de Prescott, avô de George pai e bisavô de George júnior.


Harriman e os Thyssen fundaram o banco e designaram como presidente a George Herbert Walker, sogro de Prescott. Em 1926 eles criaram a Union Banking Corporation e puseram à frente o ex integrante do grupo Crânios e Ossos. Naquele mesmo ano, o ladrão da cabeleira de Jerônimo foi nomeado vice-presidente e sócio na Brown Brothers Harriman. Ambas as assinaturas permitiam aos Thyssen enviar seu dinheiro da Alemanha para os Estados Unidos, pela Holanda.


“Embora um grande número de outras sociedades tenham ajudado o nazismo (como a Standard Oil e o Chase Bank de Rockefeller, como também os grandes fabricantes de automóveis norte-americanos), os interesses de Prescott Bush foram muito mais profundos e sinistros”, escreve Victor Thorn. “Uma importante parte das fundações financeiras da família Bush foi constituída por meio de sua ajuda a Adolfo Hitler. O atual presidente dos Estados Unidos, como também seu pai (o ex-diretor da CIA, vice-presidente e presidente), chegaram ao ápice da hierarquia política norte-americana porque seu avô, seu pai e sua família política ajudaram e encorajaram o nazismo.”


Em outubro de 1942, as autoridades americanas confiscaram os fundos bancários nazistas da Union Banking Corporation, de Nova Iorque, cujo diretor majoritário era Prescott. Não obstante, em 1951 superou o embargo e o homem empreendedor de negócios recuperou um milhão e meio de dólares, que destinou a novos investimentos que, com o tempo, engrossaram o patrimônio da família Bush.


“Os amigos de Prescott Bush (os mesmos traidores de Wall Street que financiaram Hitler)”, afirma Victor Thorn, “são igualmente os mesmos que então iriam catapultar o George Bush pai para a posição de diretor da CIA nos anos 70 e instalar ele e seu filho, na Casa Branca”.


Finda a Segunda Guerra Mundial, a família Rockefeller - proprietária do Chase Manhattan Bank - adquiriu os 31% das ações do grupo Thyssen. Esta família é, na atualidade, dona da mais importante sociedade industrial na Alemanha, com um capital de 50 milhões de dólares.


Em 1885, o cacique Jerônimo relatou: “Nasci nas planícies onde o vento soprava livre e não havia nada que interrompesse a luz do sol. Nasci onde não havia cercaas. Rezava à luz e à escuridão, à Deus e ao sol, que me deixaram viver em paz com minha família.”


“Em outros tempos, das pradarias férteis. Então, chegaram os Bush e companhia. E ficaram até hoje”.

* Giselle Dexter (Montevideo, 1958) estudou História na Universidade de La Plata, na Argentina. Atualmente, é professora-investigadora na área de História Latino-americana Contemporânea da San Diego State University (SDSU). Também é a encarregada da seleção de textos do boletim eletrônico Bambupress.

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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