A América de Bolívar não é trocável

Por Ivan Márquez - Comissão Internacional das FARC

Sem nenhuma ou pelo menos com muito pouca reação dos governos, paulatinamente, a política fascista do regime da Colômbia, travestido de marionete sem vergonha da geopolítica de Washington, se tem trans-nacionalizado em detrimento das soberanias nacionais.

O primeiro passo rumo a essa abusiva pretensão foi a invasão militar ao Equador com apoio tecnológico do governo dos EUA, pretextando o ataque a um acampamento transitório da guerrilha das FARC nesse país. A delirante defesa desse fato de pirataria e transgressão das Leis Internacionais foi sustentada na peregrina doutrina da "soberania territorial condicionada aos problemas de segurança", por meio da qual o governo colombiano se apropria indevidamente do direito de agir extraterritorialmente em cumprimento de sua particular visão e de sua estratégia contra-insurgente por encima dos povos e de seus governantes.

Em consonância com esse ex-abrupto em Direito Internacional, seqüestraram a Rodrigo Granda na cidade de Caracas e capturaram a Simón Trinidad no Equador, quando era presidente desse país, Lúcio Gutiérrez. Os presidentes que não se submetam a esses critérios de soberania, são colocados na mira e sob suspeita de serem governantes aliados ao narcotráfico, à guerrilha e ao terrorismo. Todas as embaixadas colombianas atuam com esse instrutivo da 'Chancelaria do Terrorismo de Estado', como deve ser chamada essa entidade do regime podre de Bogotá. Na Casa de Nariño chamam "terrorismo" à resistência dos fracos perante os desaforos do poder, e "guerra" ao brutal Terrorismo de Estado que pratica o governo de Colômbia contra o povo.

A soberania pátria não pode ceder nem um ápice ante o governo mafioso e terrorista do senhor Uribe. O governo de Bogotá atua inspirado na política de Segurança Democrática, novo rótulo da antiga Doutrina de Segurança Nacional, desenhada pelos estrategistas do Comando Sul do exército dos EUA, empenhados no sonho monroista de "América para os americanos" e dos falcões washingtonianos, que no desistem de considera a Nossa América como seu pátio traseiro. O que está em jogo é a re-colonização neoliberal de América Latina e O Caribe e a utilização da Colômbia como cabeça de praia para o assalto espoliador de nossas riquezas e a submissão política de todas as nações do Hemisfério. O que busca a política de Segurança Democrática é garantir a segurança para os investimentos, o que significa, por uma parte, a implementação de leis draconianas para dissuadir através delas a crescente inconformidade social, e por outra, as ações militares contra a resistência armada, para garantir a exploração sem sobressaltos do petróleo, o gás, a biodiversidade, o trabalho e todas as riquezas da América nossa.

Neste contexto o governo de Uribe tem-se constituído na principal ameaça regional e em agente perigoso da desestabilização dos governos patrióticos e progressistas, e os movimentos sociais de Nossa América. Por isso, o subsecretario de Estado John Negroponte tem orientado utilizar, apesar de que não tenha nenhuma validez jurídica, os dados de um computador espúrio que a mesma Interpol reconhece que foi manipulado sem observar os princípios reconhecidos internacionalmente para o tratamento de provas eletrônicas, segundo consta em sua conclusão "2b". Em um e-mail fechado em 28 de março o catedrático e politólogo colombiano Alfredo Rngel, agente da CIA, ou quando menos, assalariado dos ianques, diz ao ministro da defesa, Juan Manuel Santos, que "o Departamento de Estado tinha conveniado conosco manter a ofensiva contra Chávez e seus sequazes, e reconhece como positivo "haver intoxicado os computadores"

Apoiada em esses dados falsificados, Chancelaria terrorista de Uribe se tem dado à tarefa de visitar países com a insolente exigência aos respectivos governos de entregar ao regime de Bogotá, ou em seu defeito, abrir ações judiciais contra os nacionais cujos nomes constem nos dados eletrônicos inventados por sua perfídia. A esta gestão anexa-lhe a chantagem de que se os governos não atendem seus despropósitos, filtrarão à imprensa de direita os supostos dados e correios. Simultaneamente, com a anuência dos governos o sem ela, estão organizando com a CIA, o Mossad e, algumas agencias locais, grupos de sicários para assassinar seus objetivos, como ocorre, por exemplo, com o proeminente líder da esquerda dominicana, Narciso Isa Conde, presidente da Coordenadora Continental Bolivariana. Secundam a estratégia criminosa de Bogotá e Washington, a Dincote do Peru e a Interpol. O propósito dessa direita neoliberal violenta e terrorista é incriminar o pensamento, reviver planos como O Condor para eliminar fisicamente as novas gerações de dirigentes revolucionários que com o retorno de Bolívar e de nossos heróis libertários neste século, pugnam por uma ordem social mais justa para Nossa América.

Um governo narcoparamilitar e terrorista como o de Bogotá não pode intimidar a todo um Continente. Esse governo ilegítimo e ilegal sobrevive devido ao criminoso apoio que recebe da Casa Branca e as campanhas manipuladores da opinião, que hoje tem passado a ser chamadas de 'terrorismo midiatico'. O governo de Uribe cavalga na mais pavorosa ilegitimidade, no Terrorismo de Estado Paramilitar, que tem provocado centenas de massacres de pessoas inermes, milhares de desaparecidos, que já se sabe, estão enterrados em covas comuns, milhares de camponeses enxotados e despojados violentamente suas terras. Trata-se de um governo produto de fraudes eleitorais, truculências para acomodar a Constituição às suas ambições de poder. Um governo que permite que Generais, fiscais, parlamentares, empresários e latifundiários continuem ensangüentando nossa pátria através de seus paramilitares.

Os Governos e povos do Continente devem se declarar em alerta permanente ante os planos desestabilizadores desenhados por Washington e Bogotá, contra Independência e os interesses comuns da região. A América de Bolívar não é trocável.

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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