Dia Internacional da Criança: Acção sim, palavras não

Dia Internacional da Criança: Acção sim, palavras não

Tem havido um Dia Internacional da Criança desde a Conferência Mundial pelo Bem-estar das Crianças em 1925, Genebra. Há 82 anos, numerosos países a volta do mundo celebram este evento no dia 1 de Junho. Porém, uma olhada rápida às estatísticas (objectivas) pinta um quadro muito triste, que deverá envergonhar toda a Humanidade. Chega a hora de exigir acção, e não palavras e celebrações.

Dia Internacional da Criança: Acção sim, palavras não

Tem havido um Dia Internacional da Criança desde a Conferência Mundial pelo Bem-estar das Crianças em 1925, Genebra. Há 82 anos, numerosos países a volta do mundo celebram este evento no dia 1 de Junho. Porém, uma olhada rápida às estatísticas (objectivas) pinta um quadro muito triste, que deverá envergonhar toda a Humanidade. Chega a hora de exigir acção, e não palavras e celebrações.

Enquanto algumas nações embarcam numa cruzada unilateral para implementar a sua hegemonia no palco internacional, desrespeitando os direitos humanos, quebrando todas as leis no livro, lançando guerras sem qualquer fundamento legal, chacinando centenas de milhares de civis, mantendo centros de tortura e campos de concentração, enquanto centenas de biliões de dólares são gastos para suster o lobby das armas que gravita a volta de Washington – milhões de crianças morrem antes de chegar aos 5 anos, mais que cem milhões não têm acesso à escolarização, 50 milhões de bebés nascem todos os anos sem serem registrados, mais que um milhão de crianças todos os anos ficam vítimas das redes de traficantes e 130 milhões de moças na África do Norte foram vítimas da Mutilação Genital Feminina.

As Estatísticas

Enquanto os adultos supostamente inteligentes e bem-instruídos, desperdiçam centenas de biliões de dólares em armamento, todos os anos, mais que dez milhões de crianças morrem antes de chegarem aos cinco anos, a grande maioria dos quais devido a causas totalmente preveníveis (além do VIH, desnutrição, malária, diarreia e pneumonia).

Para aquelas crianças que conseguem chegar à idade escolar, nem todas têm direito a uma educação. Enquanto a flor do futuro de amanhã na Europa Ocidental e América do Norte escreve grafitos nas paredes, insulta os professores e fala de futebol nas aulas, mais que cem milhões dos seus pares em países em vias de desenvolvimento nem têm acesso à escola, um fenómeno que afecta mais as raparigas do que os rapazes.

2,3 milhões de crianças com menos que 15 anos são infectadas com o VIH. Em 2006, 530.000 crianças com menos que 15 anos foram infectadas, enquanto 380.000 crianças morreram por causa de situações relacionadas com o VIH; somente uma criança em dez que precisava de tratamento anti-retroviral o recebeu e mais 1,7 milhões de crianças foram expostas ao VIH (ainda não se sabe se ficaram infectadas).

Na África Sub-Saariana, 55 por cento das crianças com menos que 5 anos nunca foram registadas e por isso, oficialmente, não existem – situação igual no Sudeste da Ásia, onde 23 milhões de crianças nunca foram registadas. Estas crianças ficam presa fácil para redes de traficantes (mais que um milhão de crianças todos os anos são vendidas como escravos e entre 600.000 e 700.000 ficam vítimas de exploração sexual), ficam presa fácil para os que querem abusá-los como mão-de-obra barata (ou grátis) – uns 320 milhões de crianças com menos que 17 anos trabalham diariamente, 126 milhões das quais em empregos perigosos e 5,7 milhões se encontram no pesadelo de “trabalho obrigado” ou “forçado”, muitas vezes sem receberem qualquer remuneração – ou então, são forçadas a trabalhar como soldados-crianças (estima-se que existem pelo menos um quarto de um milhão de soldados-crianças em todo o mundo).

Finalmente, na África do Norte, cerca de 130 milhões de mulheres e moças foram sujeitas à prática de mutilação genital, prática que continua amiúde hoje.

O que pode ser feito?

As chamadas “nações desenvolvidas”, muitas das quais fizeram fila para participarem no acto ilegal de chacina no Iraque, juntamente com os seus cidadãos, poderiam fazer muito para melhorar esta situação/estatística inaceitável.

A Humanidade tem a capacidade colectiva de fabricar armamento que literalmente frita em vida outro ser humano, transportar vastas quantidades de armamentos, alimentos e medicamentos de um lado do planeta para outro, mas sem demonstrar qualquer capacidade ou interesse de zelar pelos interesses das crianças.

Por isso não devemos celebrar ouro Dia Internacional da Criança – devemos andar cabisbaixos, com vergonha. E os cidadãos das nações de demonstram tamanha desinteresse pelas crianças do mundo (nações que em muitos casos têm a plena ou parcial responsabilidade pela situação em que estas crianças se encontram hoje), poderiam dormir melhor se fizessem algo – nomeadamente responsabilizar seus governos e exigir uma mudança de rumo.

Timothy BANCROFT-HINCHEY

PRAVDA.Ru

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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